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Devo começar esse review admitindo que eu já havia desistido do personagem Sonic há alguns anos. Sempre acompanhei os lançamentos da franquia, joguei a maioria, mas nunca me empolguei com nada depois de Sonic Adventure para o Dreamcast. Tive alguns momentos de euforia com Sonic Unleashed, mas os momentos de frustração foram maiores.

Mais uma vez a Sega tenta dar um gás na série com Sonic Colors e, felizmente, consegue mais vitórias do que derrotas. Esta nova aventura está longe de ser perfeita, mas pelo menos está caminhando para algo mais adequado ao que originalmente foi planejado para o personagem. Fique com isso em mente até o final deste review, ok?

Pois bem, comecemos pelo começo: história. Quem se importa? Eu sinceramente não fiquei assistindo as cutscenes e muito menos prestei atenção nos diálogos do jogo, que para variar, são muitos. Pelo que consegui acompanhar antes do famoso “skip”, a história é aquela de sempre: Eggman seqüestrando bichinhos (que agora são aliens fofos que geram energia para suas máquinas) e o Sonic tentando evitar essa coisa toda. Felizmente não temos mais aquele monte de personagens bobocas que a série veio inventando ao longo do tempo. Temos apenas o Sonic e o Tails. Simples assim. Cada um com seu carisma e personalidade de sempre.

Sonic agora percorre por vários planetas coletando poderes especiais na forma de aliens coloridos, cada cor com sua especialidade. A cor rosa, transforma Sonic em uma mamona pink que gruda nas paredes e sai rolando. O alien do cubo azul faz com que o porco espinho quebre ou converta cubos espalhados pelo cenário para assim passar por áreas inatingíveis. Além desses temos as formas de foguete, broca, do bicho papão roxo e do laser. Isso se não me esqueci de nenhuma. De qualquer forma, o que vale ressaltar aqui é que Sonic Colors toma emprestado de vários jogos atuais a fórmula de power ups e no geral sabe utilizá-las a seu favor. Cada planeta ou galáxia libera um power up e uma vez liberado, você pode voltar para cenários já visitados para que seus novos poderes sejam utilizados em determinados pontos facilitando o acesso a lugares antes inatingíveis.

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Até aí tudo lindo certo? Pois bem. Vamos aos problemas. Sonic Colors parece querer remendar tudo que houve de errado com a série em um único jogo. O resultado é um carnaval de jogabilidade e contrastes. Existem momentos em que o jogo exige reflexo e habilidade nas partes de velocidade (que são excelentes na maioria das vezes) para logo em seguida diminuir drasticamente o ritmo da aventura para um estilo de plataforma, o qual todos sabemos que não é o forte da série. Felizmente os power ups estão aí para salvar esses momentos 2D do jogo e na maior parte do tempo conseguem (pelo menos quando você já têm todos liberados). Mas nos momentos em que você está simplesmente pulando entre plataformas com um controle não muito preciso, o jogo pode ficar bem frustrante e chato.

O design dos cenários também não ajuda quando o jogo pula para este modo 2D de plataforma. Por se tratar de um jogo cujo objetivo é fazer com que o jogador volte para o mesmo cenário várias vezes e tente explorar ao máximo suas possibilidades com novos power ups, Sonic Colors acaba produzindo cenários muito extensos. Existem várias possibilidades de se chegar do ponto A ao ponto B ou C ou D ou E ou F. Não que isso seja ruim do ponto de vista conceitual, mas é preciso muito acabamento e cuidado para não confundir ou entediar o jogador. Infelizmente, Sonic Colors não oferece o cuidado necessário no design das fases para sustentar esse conceito.

Fica claro que os criadores deste jogo tomaram como base jogos como Super Mario Galaxy, onde a ação muda do plano 3D para o 2D constantemente. E não há problema algum nisso. Mesmo porque Sonic tem características únicas suficientes para não parecer uma cópia barata de um conceito previamente utilizado. O problema aqui está no planejamento dos cenários. Jogos como o Donkey Kong Country Returns, Kirby’s Epic Yarn e o próprio Super Mario Galaxy 2 provam que um bom jogo de plataforma deve ter seus limites bem estabelecidos para o jogador. De certa maneira, nesses jogos você não se sente perdido. Logicamente você não sabe o que irá encontrar lá na frente, mas os limites e possibilidades daquele cenário estão claros desde o início. E isso é fundamental em um jogo do gênero. Quando essa noção do todo é tirada do jogador, a experiência acaba ficando confusa e aleatória demais.

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Além disso, Sonic Colors peca em acabamento. Isso não quer dizer que seja um jogo visualmente mal acabado. Muito pelo contrário. Em alguns momentos o visual é brilhante. Porém, em outras partes o jogo cai no modo “genérico” quebrando o ritmo gráfico previamente muito bem estabelecido. Assim como acontece com as animações do personagem – que em alguns momentos não é nada suave entre um movimento ou outro – e com a trilha sonora que é muitas vezes irritante.

É certo que Sonic Colors não se beneficia do fato de ter sido lançado no meio de uma excelente safra de jogos do gênero plataforma como Donkey Kong Country Returns e Kirby’s Epic Yarn. Mas é certo dizer também que ele não é sepultado por esses grandes jogos, o que de certa forma mostra que há qualidade aqui.

Para finalizar, lembra que lá no começo do texto eu pedi para vocês manterem minha mensagem positiva sobre o jogo em mente até este momento do review? Pois bem, é chegada a hora de dizer que mesmo com os problemas acima apontados Sonic Colors consegue entregar uma boa experiência de jogo. Alguns cenários são memoráveis e o sentido de recompensa é satisfatório. O jogo estimula o jogador a revisitar cenários e traz de volta a vida uma franquia que já havia sido abandonada por muitos fãs.

Se em Sonic Colors os criadores conseguiram pegar o que havia de melhor em Sonic Unleashed e rechear de outras boas idéias há a esperança de que eles utilizem o que funciona muito bem em Sonic Colors de forma mais acertada em um segundo jogo da série Colors. O que acham? Não custa sonhar!

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024