Shift Happens, da estreante Klonk Games, é mais um puzzle cooperativo a ganhar port pro Nintendo Switch. Lançado originalmente em 2017 para PC, Xbox One e PS4, o jogo indie caiu na graça dos jogadores pelas boas ideias e desafio elevado. Você controla Plom e Bismo, duas criaturas gelatinosas frutos de uma falha técnica em um laboratório. Como característica principal eles possuem a habilidade de alterar sua massa, ficando grande e pesado ou pequeno e ágil.
Em cima desta mecânica principal, os desafios se estendem para outras interações básicas como puxar/empurrar caixas, jogar/pegar uma personagem e assim por diante. Tudo é devidamente ensinado através de mini tutoriais, intercalados nos momentos certos entre as fases. Porém o real desafio mora no raciocínio lógico para vencer os obstáculos, que por sua vez exigem a agilidade do jogador.
Trabalho em equipe
Shift Happens pode ser jogado sozinho, controlando a troca entre a dupla com o uso do analógico, ou em co-op local com um amigo. São mais de 40 fases, incluindo desafios contra o tempo, desafios escondidos e mais 8 fases bônus desbloqueáveis. Do total de fases, mais de 30 foram criadas especialmente para o modo solo. Dito isso, saiba que haverão fases bem difíceis caso decida jogar sozinho.
Bismo e Plom são personagens carismáticos, que dispõem de personalização com máscaras e chapéus. Há muitas opções, incluindo até o elmo clássico de Skyrim, e novas opções são adicionadas gratuitamente pelos desenvolvedores. Durante a semana de Halloween, por exemplo, joguei personalizado de acordo com o tema. Tem também outras opções mais de nicho, como máscaras dos rostos da dupla Arin e Danny, do canal GameGrumps.
Cada fase possui vários puzzles, alguns simplórios e outros que exigem mais atenção. Caso não souber como resolver, existe a chance de você ficar travado e impedido de prosseguir para a fase seguinte. Infelizmente o jogo não equilibra seu desempenho permitindo pular fases, assim como rola em Overcooked 2! Em secundário temos a pontuação obtida pegando pedras brilhantes, que funcionam como moedas. Quanto mais pegar, maior a chance de conseguir as 3 estrelas. Por fim, cada fase possui um cubo que deve ser ligado à um dispositivo. Após pegá-lo, Plom e Bismo devem se alinhar no cenário para permitir a conexão do cubo flutuante com a máquina. Funciona como um mini puzzle, que exige certa coordenação da dupla.
Conseguindo as 3 estrelas e o cubo, resta uma estrela extra para adquirir ao concluir a fase dentro do tempo limite. As fases estão distribuídas em quatro áreas, nesta ordem: laboratório, floresta, cânion e gruta. As fases seguem o tema de cada área, com visual e obstáculos diferentes. Mas na essencial é tudo a mesma coisa, uma vez que as fases são representações virtuais do Holodeck.
Além das mecânicas já citadas, o jogo brinca com a questão da massa criando situações que pedem que uma das personagens esteja maior ou menor. Se cair na água, por exemplo, é preciso estar grande para não se afogar em áreas mais fundas. Se precisar pressionar um botão com mais pressão, é necessário pular alto estando pequeno para, no ar, mudar para a forma maior e cair com mais peso. Se errar ou ser atingido por alguma coisa, não é necessário recomeçar a fase: a personagem vira uma geleia sem forma, que pode ser recuperada a qualquer momento segurando o botão de gatilho. É rapidinho e bastante prático, mantendo o bom ritmo do game.
Shift Happens poderia, facilmente, ser um jogo mais bonito e atrativo. Plom e Bismo poderiam falar umas coisas durante a jogatina, em língua própria e incompreensível, assim como realizar sons durante as interações (ao pular, empurrar coisas, ser arremessado). Algo semelhante aos sons que o Yoshi faz em seus respectivos jogos. A trilha sonora também é modesta, embora seja bem produzida.
Ironicamente, a versão do Switch oferece opções típicas da versão de PC, para desligar vários efeitos gráficos. Com tudo ligado, por padrão, o jogo sofre com frequentes quedas de performance. Se desligar boa parte ou tudo, a jogatina em 60 quadros por segundo estará garantida. Por consequência, os gráficos ficam mais simples mas longe de feios.
Eu demorei pra conhecer Shift Happens, mas fiquei bastante surpreso com o que há por baixo dessa superfície de simplicidade. É um jogo criativo, inovador em certo nível, e perfeito pra jogar com um amigo que também curte o gênero. E estando disponível agora no Switch, por um preço abaixo da média, o jogo ficou ainda mais atrativo.