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Meu primeiro contato com Selfloss foi através de uma demo na Steam no ano passado. Não me recordo exatamente como conheci o jogo, mas a demonstração foi o suficiente para despertar meu interesse na versão final do game, que conta com uma atmosfera de suspense, um gameplay interessante e estilo artístico que me atrai.

O game lembra Inside, a franquia Far, Planet of Lana e Death’s Door (mas com diálogos e muitos textos), tanto nos visuais, quanto na atmosfera, narrativa misteriosa e gameplay. Todos são jogos realmente muito bons. Mas e Selfloss, consegue entrar para esse grupo? Vamos dar uma olhada.

Selfloss é sobre perdas e luto

Baseado no folklore eslavo, em um mundo que se adora baleias e tem muitos seres aquáticos envolvidos, o jogo é sobre perdas, a tristeza que isso causa, a dificuldade de muitos em lidar com o luto e a necessidade de se esforçar para seguir a vida adiante depois da perda daquele ente querido. Sim, é profundo assim.

No papel de Kazimir, um senhor de idade, que também lida com perdas importantes, você precisa de aventurar pelo mundo estranho do jogo para conduzir o ritual que dá nome ao título em seres que precisam, enquanto ele lida com memórias do passado que ainda o assombram e também segue em busca de executar o ritual em si mesmo.

A narrativa acontece através de diálogos com diferentes personagens, encontrando pergaminhos que mostram mais desse mundo, além de outras interações, tudo por texto. O mundo também conta a sua parte da narrativa, com cada fase sendo um cenário novo.

Selfloss

É uma história intrigante que prende o jogador, nos levando a imaginar qual será o fim de Kazimir, que ajuda a tantos, mas também precisa de ajuda. O problema mesmo dessa narrativa é uma questão técnica. O jogo tem muitos problemas com seus textos, que somem e não voltam mais, ou ficam na tela mesmo quando sai daquela interação. Não existe um botão para fecha-los e isso é algo básico.

Gameplay é bom, mas é mal executado

O gameplay de Selfloss é interessante, mas ele é um dos pontos mais fracos em minha opinião. Isso acontece porque falta polimento, então é algo técnico, mais uma vez. Os controles são desengonçados, não são tão responsivos. Existe um certo atraso na execução dos comandos, às vezes é necessário dar o comando uma segunda vez para que ele aconteça.

No jogo, o senhor protagonista precisa enfrentar criaturas em um combate que mistura a mecânica da lanterna de Alan Wake, mas em vez da lanterna, um cajado para enfraquecer o inimigo e derrotá-lo com ataques melee (os mais fracos morrem com a luz). Essa imprecisão nos comandos atrapalham os combates algumas vezes. É difícil mirar certo com cajado, principalmente por conta da visão isométrica do game.

Selfloss

Selfloss tem chefes em seus cinco capítulos. Eles não são difíceis, mas acabam se tornando por conta dos problemas nos comandos. Dois deles, um controlando Kazimir e outro com o barco, me deram trabalho porque ficava travado no inimigo ou assets do cenários, sendo incapaz de me livrar e morrendo por conta disso.

Um mundo intrigante com muitos peixes

O restante do gameplay envolve exploração escalando lugares, ativando mecanismos para possibilitar o progresso, evoluindo o cajado para ele lidar com diferentes obstáculos. Existe também os momentos de barco, e eles são tantos quantos aqueles feitos a pé. A estrutura de mundo é parecida por todas as fases: existem pequenas ilhas, cada uma com travas e segredos que só são destravados e encontrados resolvendo os puzzles na ordem certa.

O jogo tem bastante quebra-cabeça. A cada novo capítulo, mais difíceis eles ficam. Alguns são intuitivos e podem ser resolvidos sem quebrar a cabeça. Já os últimos exige exploração e muita atenção ao seu redor, onde estarão as soluções. São puzzles variados, desafiadores, só não gostei dos que precisam do barco, em que é necessário empurrar objetos com o veículo aquático por conta da falta de imprecisão nos comandos.

Selfloss

No barco, Kazimir consegue pescar, mas não tradicionalmente, já que a pesca é pelo espírito dos peixes, além de usar um dash do barco para destruir inimigos enfraquecidos pela luz do cajado (que também cura o protagonista do Miasma, mal que assola esse mundo), e destruir certos obstáculos.

O gameplay de Selfloss é interessante, eu diria que é até variado, mas ele sofre das questões técnicas mencionadas acima sobre os comandos. Já os gráficos, com um estilo artístico que lembra Inside, além da trilha sonora e o tema da história são pontos altos do jogo. Recebemos a chave pelos desenvolvedores depois do lançamento e por isso podemos ver que o jogo tem tido boa aceitação no Steam. E a proposta é realmente boa, mas infelizmente peca na execução.

70 %


Prós:

🔺 História profunda e mundo intrigante
🔺 Mecânicas de gameplay variadas
🔺 Estilo artístico agradável
🔺 Trilha sonora que adiciona à atmosfera do jogo

Contras:

🔻 Comandos precisam muito de ajustes na precisão
🔻 Textos que somem e não voltam mais
🔻 Colisões que atrapalham o gameplay

Ficha Técnica:

Lançamento: 05/09/2024
Desenvolvedora: Goodwin Games
Distribuidora: Merge Games, Maximum Entertainment
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch
Testado no: PC