O lançamento de Seeking Dawn foi cercado de bastante expectativa pelos amantes da realidade virtual, afinal de contas a Multiverse Entertainment prometeu um RPG de ação com uma campanha de 20 horas de single-player, com excelentes gráficos e jogabilidade.
Você é um soldado do século 23 que vai explorar um planeta repleto de aliens e vegetações inóspitas, à procura de um grupo de soldados de reconhecimento antes enviados e que sumiram do mapa. A partir daí, começa sua jornada, saindo de um Escape Pod e precisando adentrar nos caminhos inóspitos deste mundo alienígena e seus desafios. Ainda acho difícil termos enredos de jogos muito cativantes para o mundo VR – salvo exceções como Fallout e Skyrim, todos tem um enredo linear e bem tradicional.
Uma primeira impressão negativa veio com a necessidade de realizar login para que pudesse começar a jogar. Foi necessário sair da VR, ir para o desktop, criar uma conta no site do game e depois voltar ao VR e inserir meus dados. Mesmo assim, não consegui através do próprio jogo iniciar o jogo! Dias depois de receber o jogo para review, fomos notificados sobre o problema e aparentemente será resolvido na versão final. Acredito que seja algo básico e que deve ser resolvido com urgência pela desenvolvedora.
De qualquer forma, isso não tirou o brilho do resto do jogo e em nada influenciou na minha opinião muito positiva sobre o mesmo. Seeking Dawn é um FPS com momentos de tower defense, em que você estabelece uma base e deve reforçá-la para conter ataques inimigos, além de ser ao mesmo tempo um jogo de sobrevivência básico, com a necessidade de comer e beber água. Tudo isso se mistura no jogo tentando adicionar mais recursos que seus concorrentes. De certa forma conseguiram fazer uma mesclagem adequada, porém por vezes se quer mais a parte de FPS e outras vezes as de tower defense, o que faz com que as 20 horas de gameplay sejam factíveis e adequadas ao jogo.
Eita visual lindo!
Talvez o que mais chamou a atenção nos anúncios sobre o jogo são os gráficos. A Multiverse Entertainment demonstrou um excelente trabalho nos gráficos, brindando-nos com um polimento bem superior a muitos outros jogos de VR. Desde o início é bem evidente a atenção dada aos gráficos e imersão, porém temos também com isso limitações na interação com o ambiente.
Depois de jogar vários jogos em VR, ficamos um pouco mais seletos e críticos sobre detalhes que talvez a maioria nem tomasse conta, entretanto isso parece ser uma limitação da geração de VR que temos e as placas de vídeo existentes. Os desenvolvedores precisam optar quase que por um ou outro – gráficos lindos ou interação total – ou tentar criar um meio termo para que tudo seja mais ou menos. Para que isso dê um salto em qualidade, sem perder frame-rate ou precisar de mega computadores, acredito que sejam necessárias outras gerações de placas de vídeo e headsets.
Seeking Dawn ainda possui algo espetacular e primoroso: a interface do capacete do seu personagem. Conseguimos nos sentir exatamente como um explorador de Marte – ou seja lá qual ambiente inóspito espacial que imagine-, como se estivéssemos realmente com um capacete e todas aqueles dados no HUD surgindo de forma bastante natural e única, deixando Doom e Mass Effect, passando a sensação de que seu uniforme é realmente algo de vida ou morte. Para que ficasse mais real, poderiam ter colocado o visor quebrando e glitches na interface enquanto o jogador sofre dano, mas ao invés disso temos um barulho realmente irritante do coração batendo quando sua vida está no final.
Cadê o meu som?
A sonorização e efeitos especiais poderiam ter sido melhor elaborados, o que contribuiria para excelente imersão já proporcionada. Há apenas sons básicos, com uma utilização limitada dos ambientes propostos para a narrativa do jogo. Alguns momentos parecem não ter sincronia, afinal passar por um grande inseto voador ou pisar em um solo mais arenoso não causam mudanças sonoras e tornam tudo um tanto sem graça. Levando em conta que no jogo temos uma variedade de inimigos e possibilidades muito interessantes, o som poderia ter sido mais bem explorado.
Quando falamos de FPS pensamos logo em movimentação e tiro, e Seeking Dawn se trata exatamente disso. Conseguimos jogar de maneira fluida, com um sistema de locomoção completo que permite fazer tudo de forma bem clara, simples e intuitiva, desde a seleção de armas ao uso de objetos do seu inventário. Mirar e atirar nos inimigos são ações bastante precisas e bem divertidas, principalmente com os inimigos mais rápidos e mortais.
O sistema de construção de armas e defesas e a busca pela sua sobrevivência no planeta fazem com que tenhamos realmente horas a fio de jogo, com poucos bugs e bastante diversão – diversão esta que com certeza deve melhorar ainda mais no modo cooperativo, que não consegui testar devido à falta de jogadores (o jogo ainda não foi lançado) mas que certamente é promissor e bastante bem vindo.
Em suma, Seeking Dawn possui momentos de ação dignos de um grande FPS e outros introspectivos na busca por sobrevivência e admiração dos ambientes por onde passa. A despeito dos problemas, como o som mal explorado e alguns bugs pequenos, é um pedido certo para quem curte VR e um ótimo jogo para demonstrar aos amigos. Ainda fica um pouco longe de um título AAA, mas a Multiverse Entertainment chegou muito próximo e deve agradar muitas pessoas. Espero que continuem firmes no desenvolvimento do jogo, pois acredito que há bastante potencial a ser explorado após algumas atualizações.