A exclusividade alimentou grandes produções no passado, mas também gerou parques murados nos quais um jogador inveterado de PC apenas ficava observando de longe. Eu ficava sonhando com o dia em que poderia brincar com aquilo que outros estavam desfrutando. Esse dia ainda está muito longe para qualquer coisa relacionada a Nintendo, mas finalmente chegou para Sackboy: A Big Adventure.
A franquia se consolidou no PlayStation através da genialidade da Media Molecule. Seus criadores resolveram experimentar novos horizontes, com Tearaway e Dreams. Felizmente, seu simpático universo ficou em mãos competentes e a excelente Sumo Digital (dos jogos de corrida do Sonic) assumiu a empreitada de levar o “garoto do saco” para um ambiente completamente 3D e finalmente batizar um jogo. O resultado é uma experiência extremamente divertida e cativante, que peca em poucos quesitos.
Era uma vez um mundo mágico…
Se viveu isolado em uma bolha na última década ou nunca ficou admirando a grama no quintal do vizinho, talvez não conheça o charme de Sackboy. O personagem é um boneco de pano rudimentar que vive em um multiverso conhecido como Imagisfera, para onde vai toda a criatividade do mundo físico ou algo assim. Pense em todas as brincadeiras que você armou quando era criança: todos aqueles cenários ainda existem como lugares habitáveis na Imagisfera. Não tem como ser mais encantador do que isso.
![Sackboy: A Big Adventure](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2022/11/sackboy-20-1024x576.jpg)
Como não podia deixar de ser, o lugar é ameaçado por um vilão chato, grande e bobo que quer dominar tudo. Ele sequestra todos os amigos de nosso pequenino herói e agora ele terá que partir na tal grande aventura que dá título ao jogo, em uma tentativa de derrotar o vilão Vex, resgatar seus amigos e evitar que a Imagisfera vire um espaço cinzento. O enredo é claramente feito para crianças pequenas, mas você teria que ser um adulto muito amargurado para não embarcar nesse faz-de-conta e se divertir.
Essa imersão é facilitada por uma trilha sonora eclética e arrebatadora. Vamos do som eletrônico das raves londrinas até as batidas da Bahia no mesmo jogo, um casamento perfeito entre os cenários e a atmosfera musical. Cada faixa é remixada de uma forma que ela se torna praticamente infinita, se estendendo pelo tempo que for necessário para você fechar o nível. Para completar esse mergulho, determinados personagens e elementos do mapa reagem ao ritmo da música, seja dançando ou executando ações sincronizadas.
Insistir mais nas mecânicas ou no enredo de Sackboy: A Big Adventure seria chover no molhado. Já existe um review no site, da época do lançamento do jogo para PlayStation 4 e 5. A grande pergunta então é: como está a versão para PC? Em poucas palavras? Quase impecável.
![Sackboy: A Big Adventure](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2022/11/sackboy-08-1024x576.jpg)
PC Rules?
Os jogadores de PC encontrarão a mesma exuberância já vista anteriormente nos consoles da Sony, porém com acesso a tecnologias gráficas um pouco mais sofisticadas para máquinas abastadas. Novamente, a gigante japonesa não mede esforços ou qualidade na transposição de plataformas, um exemplo de como outras empresas deveriam fazer seus ports.
Entretanto, uma vez que Sackboy: A Big Adventure já saiu para a atual geração, sendo um dos títulos de estreia do PlayStation 5, a defasagem é mínima, para não dizer imperceptível. Não espere uma experiência espetacularmente superior só porque seu computador custou metade do preço de um carro popular.
![Sackboy: A Big Adventure](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2022/11/sackboy-11-1024x576.jpg)
No PC, os controles são precisos, com uma boa resposta, mesmo no teclado e mouse. A configuração inicial dos botões pode parecer confusa a princípio, já que o mouse não exerce qualquer função. Entretanto, isso pode ser customizado ao gosto do freguês, então não chega a ser um defeito.
Com uma máquina mais modesta, mas acima dos parâmetros recomendados para GPU, percebi que a placa gráfica ficou em 100% de utilização durante as sessões. Não houve queda de frames ou falhas de qualquer tipo em Sackboy: A Big Adventure, porém não acredito que o título justifique visualmente esse nível de consumo de processamento. Faltou um tiquinho mais de otimização por parte da desenvolvedora.
Sackboy é melzinho na chupeta
Em 2020, Rafael Correia escreveu que o jogo “talvez não seja lá tão desafiador quanto poderia” e eu reforço suas palavras. Tradicionalmente, jogos de plataforma para crianças costumam ser mais barra-pesada que muitos títulos hardcore para adultos (vim recentemente de SpongeBob SquarePants: Battle for Bikini Bottom e suei sangue ali, além de ainda trazer pesadelos de Rayman e Billy Hatcher em minhas memórias) ou casuais em excesso (como vi em Gigantosaurus The Game por aqui). Sackboy: A Big Adventure está no meio do caminho.
![Sackboy: A Big Adventure](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2022/11/sackboy-18-1024x576.jpg)
Seu sistema de colecionáveis e metas a serem completadas e segredos a serem descobertos remete demais a Rayman. Porém, este era extremamente rápido e sua dificuldade era baseada na necessidade de repetição, memorização dos obstáculos e reflexos de ninja. Comparativamente, Sackboy pode até ser considerado lento, com poucos níveis em que o ritmo não é determinado pelo jogador e, mesmo nesses, a velocidade é tranquila.
Jogando solo, Sackboy: A Big Adventure não empolga mecanicamente e apenas o carisma do seu mundo impulsiona para frente. Considerando-se que a campanha inteira pode ser jogada com até quatro jogadores localmente ou pela internet, imagino que ele se torna um passeio agradabilíssimo, uma festa para ser desfrutada lado a lado com crianças. O pouco que joguei com meu filho adolescente se mostrou um palco para zueira sem fim e não um campo de batalha para conquistas complexas, quase um LEGO de pano.
Fico feliz que a Sony tenha mais uma vez aberto as portas de seu parquinho privado para mais jogadores. Há pouca coisa de imperdível em Sackboy e sua grande aventura, nada que um jogador de PC já não conseguisse em outros títulos até melhores. Porém, a fofura de seu mundo e seus habitantes, principalmente com trezentas mil roupinhas coletáveis, é ímpar e uma excelente aquisição para o catálogo dos jogos de PC.
Prós:
🔺 Diversão para toda a família
🔺 O que já era bonito ficou mais lindão
🔺 Trilha sonora arrebatadora
🔺 Controles precisos
Contras:
🔻 Peca um pouco na otimização
🔻 Podia ser mais desafiador
Ficha Técnica:
Lançamento: 27/11/22
Desenvolvedora: Sumo Digital
Distribuidora: PlayStation PC
Plataformas: PS4, PS5, PC
Testado no: PC