Pra quem já jogou e curtiu Slay The Spire ou Loop Hero, Rungore é mais do que recomendado, pois se inspira nas mesmas ideias destes jogos e ainda assim consegue entregar algo próprio. Um indie pixelado desenvolvido por YOUR_MOM’S_HP e RavenJm com a engine Game Maker, lançado recentemente pra PC. Esse jogo chegou pra gente de surpresa pela distribuidora GrabTheGames, que nos ofereceu um código de review. Eu não sou o editor mais recomendado para jogos desse gênero, de cartas, mas o trailer me conquistou de primeira!
Rungore funciona assim: você começa com um único personagem disponível, o cavaleiro, e aprende a jogar por um rápido tutorial. Correndo em frente pelo cenário, parando somente ao entrar em batalhas automáticas, o jogador deve selecionar as cartas que melhor convém contra o adversário. De início, são usadas cartas de defesa, ataque dobrado, marcação de alvo e artefatos com habilidades passivas para melhorar seus atributos. Ao morrer, você perde tudo menos as moedas conquistadas, pra gastar na loja e destravar melhorias de jogabilidade e equipamentos.
Não morra com muitas cartas na mão
Desde o início, Rungore o incentiva a usar suas cartas sem muito apreço por elas. Você percorre a fase passando por andares com inimigos comuns e chefões. Ao vencer cada etapa, muitas cartas são oferecidas para você escolher três. Vencendo um chefão, você pode escolher uma entre três cartas de artefatos, que dão uma habilidade passiva. A dinâmica toda ocorre de acordo com o herói escolhido, suas cartas exclusivas e os adversários. Todos os personagens utilizam cartas que são classificadas em comum, rara (azul), mítica (verde), épica (vermelha) e lendária (amarela). O acesso às melhores cartas ocorrem de acordo com o seu progresso, embora as opções sejam aleatórias como em um roguelike.
O jogo brilha na sua imensidão de possibilidades quando se escolhe outros heróis, como “o cara faminto”, que pode recuperar seu HP batendo um rango e quanto mais vida tiver, mais rápido ele ataca (apesar de ser gordão). Tem mago, tem arqueiro, tem de tudo, até um cara bastante cansado. Cada um com suas maluquices e estratégias distintas. Embora o jogo seja simplista em suas escolhas, com cenários no side-scrolling eterno e animações de poucos frames, a empolgação segue firme por conta da mecânica viciante. Você vai morrer muito, claro, mas a vontade de insistir fala mais alto. Ainda mais com a excelente escolha de músicas da trilha sonora.
Outro ponto positivo é o humor em Rungore: a todo momento rolam piadas, memes, e perguntas típicas de um RPG tradicional, com opções de respostas. Estas perguntas acontecem em momentos aleatórios do percurso e funcionam como um bônus pra te ajudar (ou não), dependendo da sua resposta. Ao se repetirem, o jogador rapidamente memoriza as melhores respostas e a aventura passa a ficar mais leve, apesar do desafio elevado.
Regras? Jogue Rungore como preferir
Enquanto joga, você acumula cartas para batalhas futuras, deixando suas melhores pra depois. Porém a melhor estratégia, na maioria dos casos, é descartar várias cartas para criar um combo de ações. As cartas que trazem aliados são super valiosas, pois haverão momentos em que precisará enfrentar vários inimigos em uma única batalha. O duro é fazer as escolhas certas no calor do momento, com muita coisa rolando em tela e sua vida se esgotando rapidamente. Pelo menos o uso das cartas é desregrado, podendo usar quantas quiser e à qualquer momento.
Por conta da curva de aprendizado com essa grande variedade de heróis e cartas exclusivas, demora um bocado pro jogador se habituar. Diria até que as primeiras duas horas de Rungore é bem cruel com o jogador. Você acha que está fazendo boas escolhas quando, na prática, tá mais apanhando do que batendo. E o desespero que bate quando a vida está no fim então? Em vários momentos achei que estava dominando a batalha e, de repente, meu herói morreu “do nada”. Isso acontece principalmente se jogar com um herói que causa dano em si para ampliar seus habilidades. Tem que ficar esperto, não tem jeito.
Rungore estava há um tempo em acesso antecipado no Steam e só recentemente teve sua versão completa (1.0) lançada, trazendo um nível final, inclusão do modo New Game+, um novo herói, suporte à controle, e um jeito de organizar pilhas de cartas (enfileiradas em grande quantidade). O “midgame”, que seria o meio da aventura, também foi rebalanceado, nerfando inimigos e deixando a dificuldade mais justa de modo geral.
Se você procura um jogo casual, pra jogar uma run de boas e depois ir fazer outra coisa, este game é perfeito pra você. Digo isso porque abitolar nele, por muito tempo, traz uma certa frustração pela dificuldade elevada. E também pode enjoar rápido, já que você depende da sorte nas cartas oferecidas a cada trecho da run. Pena que no Steam Deck eu não consegui me habituar ao uso da tela touch para jogar. O jeito foi encarar o desafio com mouse mesmo. Rungore é redondinho, muito divertido, e mais do que recomendado.
Prós:
🔺 Viciante demais
🔺 Muitos personagens, cada um com habilidades únicas
🔺 Trilha sonora espetacular
🔺 Tradução bem feita nas piadas
Contras:
🔻 Um tanto injusto no começo
🔻 Pode enjoar com o tempo
Ficha Técnica:
Lançamento: 16/05/2024
Desenvolvedora: YOUR_MOM’S_HP, RavenJm
Distribuidora: GrabTheGames, Gamera Games, UpgradePoint
Plataformas: PC