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Aguardar pelo fim de um ano inteiro só para ouvir mais um episódio do Nerdcast RPG tornou-se rotina para mim e todos aqueles que acompanham o universo criado pelo Jovem Nerd. No entanto, mais de dez anos depois do seu início, a Magalu Games lança Ruff Ghanor para expandir ainda mais essa incrível obra nacional e proporcionar aos fãs a oportunidade de visitar essa história sempre que sentirmos vontade.

Esse deckbuilder desenvolvido pela DX Gameworks com elementos de roguelite inaugura a minha lista de títulos mais interessantes de 2024, conseguindo adaptar a obra “A Lenda de Ruff Ghanor: O Garoto-Cabra”, escrita por Leonel Caldela, de maneira desafiadora e prazerosa, além de expandir as possibilidades desse universo para o PC e futuramente os consoles.

Uma criança selvagem com poderes misteriosos

Com um resgate do melhor que a fantasia medieval pode oferecer e simplificando o sistema D&D usado originalmente nas partidas que deram origem ao jogo, Ruff Ghanor transporta o jogador para a história do jovem clérigo que enfrentará Zamir, o tirano Dragão Vermelho, para libertar seu reino da opressão. Para isso ele contará com o apoio de Kori, Áxia e o Prior do mosteiro de São Arnaldo, além de outros personagens e NPCs que participarão de cada run, para engrandecer ainda mais essa jornada.

A partir do gênero deckbuilder, os desenvolvedores conseguiram trabalhar muito bem o gameplay ao balancear os estilos de cartas disponíveis e as builds que você consegue construir para o protagonista. Ruff Ghanor está longe de ser um jogo fácil ao mesmo tempo em que consegue ser acessível e divertido, oferecendo opções de combate mais agressivo, com as cartas de ataque (vermelhas), combates com foco no controle (amarela), e as de oração (azuis) para quem gosta de uma boa magia.

Com um deck inicial de cinco cartas e três ações por turno, você está pronto para partir em busca do Dragão Vermelho após sobreviver aos três capítulos, além de uma introdução. Você também contará com até três milagres, que funcionam como habilidades do jovem clérigo e que são utilizadas ao gastar seus pontos de fé, além de muitas partidas acompanhados de outros personagens como, por exemplo, Sibrian e o Prior.

A comparação com Slay the Spire e Shattered Heaven (clique aqui para ler o review) é inevitável, pelo seu look and feel, porém a participação da equipe do Jovem Nerd e o trabalho da DX Gameworks foi fundamental para dar vida ao estilo original e próprio, apostando num estilo artístico que resgata os livros lançados do universo A Lenda de Ruff Ghanor, misturando o realismo com pinceladas de tinta. A trilha sonora é um show a parte, muito bem construída para criar a imersão necessária num jogo que oferece perigo em qualquer fase visitada, seja uma simples ida a uma torre abandonada ou enfrentando apenas um lobo furioso.

Em busca de mais cartas e pontos de vida

Mesmo sem fugir do padrão dos jogos deckbuilder e indo pelo seguro, acertaram nos controles, com mouse e teclado, para agilizar o gameplay e decisões, além de apostarem numa HUD simples e que valoriza os acontecimentos em tela. Acredito que as caixas de diálogo poderiam ser menores, mas todo o restante encaixa perfeitamente na construção de cada tela, trazendo passagens do livro e diálogos complementares, que oferecem simples escolhas ou até mesmo testes que exigem sorte ao sacar cartas do seu deck para ser obter sucesso nas breve provações.

Por mais que seja um jogo breve, com aproximadamente cinco horas (após morrer muitas vezes), a narrativa é construída através de três tipos de encontros: narrativos, exploração e combate. Divididos entre o desenvolvimento da lore e do relacionamento entre os personagens, com a função de oferecer o desenvolvimento da sua build e evolução do deck e personagem, cada escolha possui caminhos variados e que nos levam aos combates, dos mais simples aos complexos, exigindo sempre muita atenção e estratégia.

Para ser acessível e facilitar seu progresso, acompanhando o investimento de tempo do jogador, os desenvolvedores optaram em manter todo Arcanium, moeda do jogo, obtido em cada run e trazendo a Forja do Inferno como opção para você guardar uma carta, com espaços a mais em seu deck para serem desbloqueados através de compra, tudo com o dinheiro do próprio jogo e sem opções de microtransações.

Com apenas o modo história, Ruff Ghanor é uma experiência gratificante e completa, seja para os fãs ou quem tem vontade de iniciar neste universo, até mesmo para quem tem curiosidade sobre jogos deckbuilder ou roguelite. Afinal é um trabalho 100% nacional, que merece ser valorizado pela qualidade do conteúdo produzido. No entanto, eu gostaria de ver uma atualização com novos modos de jogo e implementações, como registros de tentativas e decks utilizados, quase como um “journal”, ou até mesmo uma opção para rever a história já desbloqueada, podendo pular pelos diálogos já encontrados para evitar o excesso de repetição.

Se você gosta de uma história divertida e busca por um jogo que consegue ser praticamente perfeito em sua proposta, Ruff Ghanor é perfeito para você. Seja pelo fator replay, a estratégia oferecida no gênero deckbuilder ou o desafio balanceado de um bom roguelite, com ótimos elementos de fantasia medieval, o trabalho da DX Gameworks e do Jovem Nerd fizeram desse lançamento uma obrigatoriedade para sua coleção.

97 %


Prós:

🔺 Excelente adaptação do universo A Lenda de Ruff Ghanor para os games
🔺 Direção de arte e trilha sonora muito bem trabalhadas
🔺 Gameplay simples, com estilo de jogo desafiador
🔺 Roguelite muito bem equilibrado, com incentivo para o progresso
🔺 Alto fator replay

Contras:

🔻 História poderia ser mais longa
🔻 Faltaram modos de jogos ou implementações para registrar seu progresso e conteúdo desbloqueado

Ficha Técnica:

Lançamento: 22/02/24
Desenvolvedora: DX Gameworks
Distribuidora: Magalu Games
Plataformas: PC