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Confesso que da primeira vez que vi Rogue Heroes, logo me veio na cabeça o pensamento “de novo?”. O design, original de The Legend of Zelda: A Link to the Past, foi repetido diversas vezes ao longo da história dos games. Recentemente até joguei aquele The Swords of Ditto, que foi uma ótima experiência, diga-se de passagem, então soa bastante similar à primeira vista. Completamente sem expectativas, mergulhei no mundo de Tasos e, meus amigos, descobri uma aventura espetacular que me esperava.

Ele consegue te fazer esquecer completamente que você está jogando um roteiro já batido e um modelo usado milhares de vezes nas últimas décadas, apenas com os elementos que te colocam para interagir. Sejam monstros, o lore, o vilarejo central, os personagens e raças que interage durante a jornada, tudo te faz sentir que realmente há um mundo de aventuras e cabe a você desvendar os seus mistérios.

Uma jornada inesperada

Rogue Heroes: Ruins of Tasos já começa te intrigando. Ao abrir o mapa vai perceber que tudo está tomado por uma imensa massa de nuvens e, conforme avança, elas vão se dissipando para revelar as áreas que adentrou. Mesmo com um marcador gigantesco te mostrando onde tem de ir, a jornada até lá pode pegar vários desvios. Um item que pegou alcança um monte distante, a luva destrói uma camada de rochas que bloqueava, entre algumas outras adversidades que veria pelo trajeto revelam ainda mais a ser explorado.

O mistério se une a uma grande variedade de armas, que vão ditar o ritmo do seu gameplay. Ou seja, o seu caminho irá apenas até onde você tenha ferramentas para chegar. Os itens obrigatórios da jornada estarão nas suas mãos enquanto seguir o roteiro de chegar no chefão, ao fim de cada dungeon, e derrotá-lo. Já os demais, só aparecem para os que estarão dispostos a esticar um pouco mais a perna do que lhes é pedido.

Imagem do review de Rogue Heroes: Ruins of Tasos
Vai demorar para você ver tudo que está escondido no mapa.

Essa dependência pode parecer que te limita demais, mas sendo bem sincero, quanto mais eles me faziam passar pelos mesmos lugares umas 10x com itens novos para revelar passagens diferentes, mais eu sentia que estava envolvido com aquele universo e me divertindo. Resgatando um marido perdido de uma das moradoras da cidade, encontrando um item raro ou até mesmo algo para o meu próprio bem, como encontrar materiais para criar a minha varinha de pesca, tudo me fazia querer conhecer mais dali.

O meu ápice em Rogue Heroes foi quando descolei uma chave para abrir os portões do cemitério principal de Tasos. Já peço perdão previamente por me exceder. Meu, imagina a cena: zumbis saindo da terra de tudo que é buraco. Você tenta enfrentá-los, mas não demora muito para perceber que isso não adianta de merda alguma. Surgiam vários outros, logo atrás. A horda não ia parar de surgir. O puzzle te obrigava a correr contra o tempo, contra um exército de mortos-vivos e contra a sua própria inteligência. Um épico.

Imagem do review de Rogue Heroes: Ruins of Tasos
Esse cemitério vai te dar um trabalho, mas será épico.

Terminar isso só não foi mais satisfatório do que descobrir uma dungeon que estava fora do roteiro principal e encarar uma torre inteira de batalhas para chegar no grande comandante daquele lugar mórbido. Quando desferi minha última espadada e vi o corpo se desfazendo, o jogo tinha me conquistado completamente. Não tinha nada de The Legend of Zelda, The Swords of Ditto ou qualquer outra coisa. Tasos era uma experiência única.

O mesmo vale para todo o resto. Quase afundar na lama, literalmente falando, perecer nas quests centrais com a mão cheia de cristais para voltar ao lar e realizar inúmeros upgrades, me perder um pouco numa floresta labiríntica aos pés da área vulcânica, dar a maior volta em um monte cheio de placas que te mandam se afastar só para levar uma bronca por avisarem para não ir lá…é sensacional cada uma dessas experiências e creio que futuramente lerei em vários fóruns pela internet as formas distintas que enxergaram tudo isso.

Imagem do review de Rogue Heroes: Ruins of Tasos
Entre a lama e a morte há paisagens lindas como essa.

Até os itens tem um charme a mais. Em qual outro título senão Rogue Heroes que te força a bater nos inimigos com um livro para juntar dados e reuni-los em seu monstruário. Pode parecer besteira, mas achei isso surreal. Outro detalhe é uma flauta que invoca um sapo gigante que nadará pela lama para te levar aos lugares e tem todo um esquema de ataques próprios contra os inimigos. As habilidades especiais de cada classe também chamam a atenção, porém deixarei que as descubra sozinho.

É muito bacana também a vila principal. Você acompanhará ela se tornar de um lugar destruído e sem graça num ambiente receptivo e cheio de pessoas. Também dá para personalizar sua própria casa e aumentar o tamanho dela, assim como criar mais atrativos para o local como lojas, uma fazendinha para cuidar, entre várias outras opções. Isso sem falar nos locais diferentes que visita e pode recrutar pessoas para morarem por lá.

Imagem do review de Rogue Heroes: Ruins of Tasos
Tem até um bar na vila com música ao vivo. Como não gostar?

Personalizar é a palavra da vez e isso o game oferece até demais. Desde o seu personagem, a vila e as formas como utiliza a classe até o que pretende alterar com os updates. Agindo de forma cirúrgica, você controlará o poder das armas e itens especiais, movimentação, stamina, HP, MP, entre vários fatores pequenos que farão cada experiência se tornar única durante a sua jornada.

Rogue Heroes: o formato de uma obra

Não esperava tanta qualidade num jogo só, mas isso é mérito completo da Heliocentric Studios, que já trouxe outros títulos retrôs como Magnetta e Gran Vitreous. Se jogar com o joy-con do Nintendo Switch, assim como eu, verá que o direcional esquerdo movimenta o personagem, enquanto o direito é responsável pelo ataque principal do seu herói. Isso se tornou tão natural e mexerá tanto com você que acabará pegando outros games e se perguntando a razão de não terem feito a mesma coisa.

Imagem do review de Rogue Heroes: Ruins of Tasos
Além dos monstros, os puzzles também te desafiarão aos limites.

Obviamente que o foco de Rogue Heroes: Ruins of Tasos é o multiplayer, que está sendo disponibilizado através do co-op local e online. Apesar de ser muito divertido, ele tira bastante da dificuldade da exploração das dungeons e das áreas abertas. Recomendo fortemente para brincar com os seus amigos, mas se você quer investir pesado na trama e em enfrentar os chefões no seu melhor, indico que mantenha-se no single player.

Além de tirar parte da dificuldade, o modo multiplayer ainda revela um fardo um pouco maior que é a durabilidade do game. Ele nunca prometeu ser algo longo, mas diria que se levar mais duas pessoas para jogar vocês finalizarão em questão de 4 a 5h, uma daquelas tardes de sábado onde reúne a galera, sabe? No modo solo e explorando tranquilamente você levará o dobro do tempo, mas acredito que aproveitará mais na compreensão de tudo que ele tem a oferecer.

Imagem do review de Rogue Heroes: Ruins of Tasos
Multiplayer é divertido, mas os lobos solitários aproveitarão.

Mesmo com a jornada sendo curta, acredito que haja um lugar em que ele se encaixará na sua lista de próximos jogos que dará uma chance. Com ótimas sacadas, um gameplay muito bem orquestrado e com uma variedade imensa de coisas que pode fazer e personalizar, Rogue Heroes é a pedida certa para você se divertir com os seus amigos e familiares.

Mostrando que eu estava completamente errado sobre a sua essência e que ele não é apenas uma cópia barata do que a Nintendo criou com a aventura do SNES de Link, o título vale a pena e te provará que dá sim para fazer muita coisa bacana com elementos que já achou que tinham recebido de tudo. Mais do que recomendado, é a primeira de muitas obras-de-arte que veremos da Heliocentric Studios no futuro.

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