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Depois do sucesso de Nioh e a aposta em inovar o estilo soulslike com Wo Long: Fallen Dynasty, a Team Ninja resgata o estilo de jogo estabelecido em Ninja Gaiden para fazer com que Rise of the Ronin chegasse ao PS5 num RPG de ação que vai além da habilidade nos combates, exigindo do jogador o rumo que a história terá através das nossas escolhas.

Ambientado durante o período Bakumatsu, a Koei Tecmo trabalhou num excelente título que oferece uma jornada pela história do Japão Feudal, durante os últimos anos do Xogunato Tokugawa, em um jogo que reúne diversas mecânicas e ideias de outras franquias de sucesso para se consagrar como um dos melhores e mais divertidos lançamentos de 2024.

A fagulha da revolução

Iniciamos nossa jornada em 1853, no papel de um ou uma Ronin (samurai que não possui um clã ou mestre para seguir), dos irmãos conhecidos como Lâminas Gêmeas e que integram a Espada Secreta, do clã de assassinos anônimos das montanhas de Kurosu. Após criarmos e customizarmos nosso personagem, inclusive com a opção de escolhermos o sexo do ou da protagonista, os desenvolvedores não economizam esforços para abordar o combate de Rise of the Ronin.

Rise of the Ronin

Desde o começo é possível perceber a influência de diversos jogos. Para o combate especificamente temos uma clara influência de Nioh, mas que deixa de lado o estilo mais cadenciado para apostar em algo próximo ao hack and slash como, por exemplo, os últimos jogos das franquias Assassin’s Creed e God of War.

Na verdade, as referências soulslike vindas de Dark Souls foram simplificadas e suavizadas, tornando-se uma versão mais próxima da mecânica Nemesis (Middle-Earth: Shadow of Mordor), em que ao ser derrotado você precisa recuperar seus pontos de carma ao vingar-se do seu algoz. Caso contrário você não transformará esses pontos em experiência, ao chegar no estandarte da Espada Secreta, para subir o nível do seu personagem.

Rise of the Ronin

Com dez tipos de armas diferentes, você poderá escolher entre katanas (simples ou duplas), lança, baioneta, sabres e espadas, para ataques corpo a corpo, além das armas à distância, como rifles, pistolas, shurikens e arcos. Você também contará com um cavalo e um planador que contribuirão na locomoção e adicionarão mais uma camada de estratégia com ataques rápidos, furtivos e móveis.

Dentre esse arsenal de possibilidades, nosso protagonista contará com três estilos de luta para cada arma, como as antigas estâncias e poses em outros jogos, trazendo golpes e habilidades diferentes que podem ser utilizados durante o combate. Combos com golpes sequênciais, ataques fortes e troca entre estilos, com o chamado Ataque Relâmpago, vão contribuir para diminuirmos a defesa do inimigo até a estamina terminar e ele dar abertura para um ataque mais forte ou uma finalização. Com o desenrolar da história, vamos aprendendo novos estilos de combate conforme contato com os principais personagens do jogo ou treinando em dojô.

Rise of the Ronin

Engraçado perceber como os desenvolvedores optaram por fazer em Rise of the Ronin uma versão mais frenética de Nioh ao mesmo tempo em que conseguem mesclar a verticalidade de Sekiro, por conta do gancho que você pode utilizar para se mover por telhados ou torres além de usar para atacar ou finalizar. O mesmo acontece com o parry, que neste jogo recebeu o nome de Contrafulgor e permite desestabilizar o inimigo, assim como um assassinato pode causar terror nos companheiros que estão ao redor, abrindo uma brecha para você atacar.

Se tivemos uma evolução da troca de estilo durante os combos e/ou o laminar, a limpeza da sua lâmina para remover o sangue inimigo, como estratégias para recuperar seu Ki (estamina) você também poderá utilizar essa “energia” acumulada para acionar a Fúria de Ki. Este especial faz com que você aumente seu dano de acordo com os seus status, baseado em Força, Destreza, Inteligência e Charme, além de explorar a habilidade marcial do inimigo ao escolher o estilo de luta que oferece alguma vantagem para você (visualizando e utilizando R1+ cima).

Rise of the Ronin

As possibilidades envolvendo o combate, com todas as camadas estratégicas que surgem de acordo com a dificuldade escolhida para o jogo, e a jornada das Lâminas Gêmeas, os dois Ronins que fazem parte dessa história, estão diretamente conectadas à história do jogo. O mesmo vale para a interação do protagonista com os demais personagens que conhecemos ao longo de mais de 30 horas. O combate e a ação usam como pano de fundo a guerra civil japonesa, durante seu período feudal, que serve de conteúdo para a construção narrativa por três caminhos que se cruzam: ronin, pró-xogunato e anti-xogunato.

Esse período de ebulição histórica, que vai causar a modernização do Japão após 1868 com a Restauração Meiji, vai ser contado através de diversas missões que desenvolverão elos entre o personagem principal, as personalidades históricas e as localidades que visitamos. Mesmo que o final já seja conhecido, com Yoshinobu Tokugawa renunciando e um poder imperial sendo estabelecido para o governo japonês, diversos acontecimentos poderão ser vistos e jogados por até três perspectivas diferentes em Rise of the Ronin.

Rise of the Ronin

Esse progresso no relacionamento com os NPCs em paralelo a história, desbloqueia itens, cria caminhos diferentes para a narrativa e oferece melhorias para o seu personagem, de status à estilos de combate. O mesmo vale para a evolução que as localidades conquistam ao desbloquearmos os estandartes da Espada Secreta, que funcionam da mesma maneira que as bonfires de Dark Souls, eliminamos ameaças públicas e cumprimos tarefas secundárias como, por exemplo, afagar gatinhos, rezar em monumentos ou tirar fotos de locais importantes.

Forje seu próprio destino em Rise of the Ronin

Rise of the Ronin traz mais de 40 personagens para conhecermos e interagirmos, com nomes que realmente existiram aos que foram criados exclusivamente para o jogo. Para cada um você precisará desenvolver a amizade e relacionamento, com uma leve paquera mesmo longe de ser um Dating Sim, evoluindo desde “Conhecido” até o maior nível, conhecido como “Destinado”. Tudo para você desbloquear mais acontecimentos na história, missões secundárias e melhorias para o seu ronin, que podem ser itens épicos, golpes, especiais e estilos de luta.

Rise of the Ronin

Por mais que a construção narrativa seja muito bem feita, amarrando todos os pontos para cada uma das três possibilidades de escolhas, principalmente para guiar você através das facções políticas contra ou a favor do governo, infelizmente a quantidade de personagens e a maneira como você pode cruzar com eles faz com que os eventos da história possam ficar confusos quando são atravessados por qualquer missão paralela.

Afinal você pode ter como inimigo alguém que também é seu parceiro numa missão anti-xogunato, assim como optar por um caminho em que você escolhe por não matar um personagem, porém o curso da história principal se encarregará dessa morte “obrigatória” para a continuidade dos fatos. Confuso? Talvez, mas para um jogo que funciona como um slice of life do Japão Feudal acaba funcionando muito bem, inclusive tratando a relação entre protagonista, NPC, chefões e vilões como algo “natural” por fazer parte de um período com muita trama política. Rise of the Ronin escolhe por explorar epicidade dos elos e parcerias, não os encontros e batalhas.

Rise of the Ronin

Essa questão mundana e cotidiana da história também contribui imensamente para o fator replay, favorecendo a rejogabilidade das missões. Como mecânica, a Team Ninja disponibilizou o Testamento da Alma, em que conseguimos acessar todas missões finalizadas para retornarmos ao local ou ponto na linha do tempo para refazermos cada nó que possui uma bifurcação nos caminhos que podemos seguir. Dessa maneira você não precisa ficar se preocupando em criar diversos saves diferentes, basta ir até o final com as decisões que definir para depois retornar e rejogar todos os momentos que desejar e conhecer os novos rumos.

Uma jornada pelo Japão feudal

Rise of the Ronin brilha em sua construção de mundo, trazendo a história como pano de fundo, mas sem esquecer de suas origens culturais. A direção de arte conseguiu traduzir visualmente uma história épica, com seus principais elementos que vão da arquitetura aos itens colecionáveis, e que abusa (no bom sentido) da trilha sonora para pontuar o sentimento de exploração, combate e da vida comum no dia a dia em cada localidade.

Rise of the Ronin

Com um alojamento para customizar, com espadas, armaduras, artes, além da interação com animais e pessoas que visitam o seu espaço, com opção para “remodelar” sua personagem com o visual fixo que desejar, tudo muito ligado diretamente à história do jogo ou o momento histórico do Japão. O mesmo vale para o background do seu personagem e a construção narrativa das Lâminas Gêmeas, que permeia e interfere com acontecimentos reais, para um final majestoso.

Se não bastasse tudo o que a Team Ninja trouxe como conteúdo para o modo single player, inclusive com três níveis de dificuldade e uma quarta opção ainda mais desafiadora após finalizar Rise of the Ronin, temos também a opção do multiplayer para você participar de missões cooperativas, seja ajudando ou sendo ajudado, para prosseguir com a sua história. Além disso, um glossário imenso com informações importantes sobre todo esse universo é alimentado com cada nova descoberta, explicando e contextualizando o jogador nesse período.

Rise of the Ronin

Caso não tenha ficado claro até agora, ou se você preferiu pular para o final deste review, Rise of the Ronin é maravilhoso e vai além do necessário para disputar o topo da lista de melhores do ano. A junção de ideias de diversas franquias já consolidadas por outros jogos, com a maneira de adaptar o estilo soulslike, faz deste novo lançamento exclusivo para PS5 uma divertida e prazerosa opção para quem busca um jogo de mundo aberto com boa história, movimentação fluida, combate com camadas de estratégia, e muitas horas de jogo para cumprir todo o conteúdo disponível.

Com o fechamento dessa história, mas com um final que deixa uma “pequena” ponta solta, será que podemos esperar por um próximo jogo e possível início de uma nova franquia? Tomara que sim!

100 %


Prós:

🔺 Excelente adaptação de história, com boa construção narrativa
🔺 Maneira como trabalha a evolução do protegonista e demais personagens
🔺 Direção de arte e trilha sonora nos transportam para o Japão Feudal
🔺 Grande quantidade de conteúdo e colecionáveis
🔺 Boas implementações para equilibrar o desafio conforme progresso ou via opção de dificuldades
🔺 Alto fator replay

Contras:

🔻 A grande quantidade de personagens e elos podem confundir o cruzamento das missões com a história principal

Ficha Técnica:

Lançamento: 22/03/2024
Desenvolvedora: Team Ninja
Distribuidora: Sony Interactive Entertainment
Plataformas: PlayStation 5

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024