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RiME foi inicialmente mostrado lá atrás, em 2013, e passou por diversos problemas e atrasos. Inicialmente a Tequila Works tinha um contrato de exclusividade com a Sony, mas esse contrato foi rompido. Sua produção foi salva pela Grey Box, que no começo deste ano anunciou que o jogo finalmente sairia e seria multiplataforma, com versões para PC, Xbox One, PlayStation 4 (a que testei) e até Switch. E olha… Que jogo lindo!

Simplicidade encantadora

Claramente inspirado em Journey e ICO, RiME é simples e ao mesmo cativante. Não existe uma narrativa óbvia, não existe uma história contada para te deixar localizado dentro do universo do jogo.

Tudo que você sabe é que seu personagem acorda sozinho em uma ilha, após sofrer um suposto naufrágio. A partir desse ponto a única referência que se tem é uma espécie de cachorro que te guia pelo cenário. Mas ele te guia sem mostrar o que fazer, indicando no máximo aonde deve ir, mas sem te dizer como. Não existe um mapa e nem mesmo placas. Você está livre para andar pelo mundo aberto e escolher como fazer isso.

Acorda menino! Tá na hora de ir pra escola!

Já que falei do cenário, preciso destacar que essa é uma das partes em que RiME dá um show. Graficamente tudo é muito bonito, bem construído, tudo tem uma razão para estar ali. A direção artística é fenomenal, com vastas paisagens, construções gigantes e uma trilha sonora que casa perfeitamente com o clima da aventura. É impossível não se envolver e não se sentir imerso neste ambiente.

Existem inclusive momentos em que precisamos mergulhar no oceano para alcançar passagens submersas. Aqui o truque para respirar é pegar diversas bolhas de ar espalhadas nos corais, bem no estilo dos clássicos do Sonic. Aproveite a contemple a riqueza de detalhes com que o fundo do mar foi concebido, pois é de deixar qualquer pessoa de queixo caído.

Será que Mario e Sonic estão por aqui?

Infelizmente tudo isso parece ter cobrado seu preço. Por diversas vezes enfrentei uma queda brusca de frame rate no meu PS4. RiME não parece ter sido muito bem otimizado para o console e, pelo que andei lendo, sofre dos mesmos problemas no PC e no Xbox One. Esse tipo de falha não estraga a experiência em si, mas poderia ter sido evitada, talvez com mais tempo de produção.

Cadê o porradeiro?

Quando falo para alguém sobre RiME, a primeira coisa que gosto de enfatizar é o fato de que não existe nenhuma luta durante todo o jogo. Sim, isso mesmo, não tem nenhuma batalha, nenhuma espada cortando alguém no meio, nenhuma bomba explodindo cabeças. E não, isso não o torna nada monótono.

Aqui está o grande acerto da Tequila Works. A experiência é contemplativa, é você tentando descobrir a lição que o jogo quer te passar, e pra isso usa e abusa do minimalismo e de uma simplicidade ímpar. Tudo isso foi alcançado com um sucesso inesperado por mim, devo confessar.

Que que faço com isso?

Obviamente existem desafios, e eles estão desde o fato de tentar achar os lugares corretos por onde passar até vencer os puzzles que aparecem na nossa frente. E essa parte pode desagradar aqueles jogadores radicais que curtem enigmas mais complexos. Em sua maioria os puzzles são simples e até fáceis. Acredito que poderiam ser um pouco mais difíceis, mas talvez a ideia não seja frustrar alguém e sim só trazer novas possibilidades de interação.

Chora, neném!

Quer algo realmente surpreendente? O final de RiME é algo inesperado, sério, sem exageros. Nunca imaginei que acabaria daquele jeito. Mesmo com as cutscenes, que são poucas, e algumas cenas que contam a história do personagem principal, não consegui sacar em momento nenhum que terminaria daquela forma emocionante, de arrepiar, e que deve causar derramamento de lágrimas em muita gente.

Vamos pular fogueira.

Se eu falar mais do que isso corro o risco de dar algum spoiler. Começar a jogar sabendo algo da trama ou mesmo seu final vai realmente estragar toda a experiência que pode ser vivida nas curtas horas que ele dura.

Então aceite meu conselho, jogue RiME! Seja você um gamer casual ou hardcore, tenho absoluta certeza de que não irá se arrepender de passar alguns momentos no mundo desta incrível obra. RiME é tudo que um indie deve ser, diferente e inovador, e não mais do mesmo.