Quando se joga o jogo dos tronos, você vence ou você morre. Em Reigns: Game of Thrones, suas vitórias são temporárias e suas mortes, certeiras. O novo lançamento da Nerial, publicado pela Devolver Digital, é uma sequência surpreendente e estupidamente compreensível à série Reigns, com um histórico de sucesso estupendo, principalmente em celulares.
Em uma abstração do que seria um Tinder para governantes, Reigns: Game of Thrones te coloca no papel do monarca dos Sete Reinos, Rei dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Lorde dos Sete Reinos e Protetor do Território. Para cada situação apresentada, você tem duas opções que impactarão quatro fatores político-econômico-sociais do reino, mas sem conhecimento prévio se o impacto será positivo ou negativo. O grande diferencial é que nenhum dos fatores pode chegar no topo, nem zerar, caso contrário, mais uma vez a morte bate à porta.
O inverno está chegando
Reigns: Game of Thrones te coloca no mundo com a primeira das personagens disponíveis, Daenerys da Casa Targaryen, Primeira de seu nome, Nascida da tormenta, A não queimada, Mãe dos Dragões, Quebradora das correntes, Mãe dos escravos , Khaleesi dos Dothraki, Rainha de Mereen e esses títulos ainda se juntam com os anteriores (preencher uma ficha de cadastro deve ser bem complicado), sendo responsável por gerenciar Westeros.
Conforme você toma as decisões, impactando os quatro fatores (os exércitos, a Fé dos Sete, a população e o tesouro), as luas se passam e o mundo corresponde aos seus atos. Seguindo a ideia da série Reigns, o objetivo é o equilíbrio: ninguém pode ficar feliz demais para decidir pôr as asinhas para fora, nem incomodados demais a ponto de querer fazer algo sobre.
Mesclando muito bem o histórico de Reigns: Game of Thrones com com a série de livros/TV, a substituição dos personagens genéricos de seu reino é feita pelos personagens conhecidos do mundo de Westeros. Existe a possibilidade que muitos deles tenham sido criados para o jogo, mas convenhamos, ninguém consegue lembrar de todos os personagens de Game of Thrones.
Independente disso, o que importa é que o mundo fica muito mais vivo quando você se encontra com pessoas (ou no caso, pássaros e outros tipos de animais) que você já conhece, está minimamente familiarizado. Além disso, Reigns: Game of Thrones traz dilemas entre o que você sabe que seria o certo fazer e a situação dos indicadores do seu reino. Por exemplo: como agir em relação à situação dos Caminhantes Brancos.
Fazer o que seria certo, justo ou melhor para o reino quase nunca é o que você deve fazer para se manter vivo, principalmente em situações mais extremas, como na chegada do inverno, por exemplo, onde decisões que afetam a população possuem impacto amplificado. E, conhecendo o inverno de Westeros, você sabe que esse é um problema a longo prazo.
Falando de problemas, honestamente, não tenho muito o que tirar do jogo. Percebi, sim, alguns probleminhas na localização do jogo, mas foram coisas mínimas. A única coisa que vejo de problemática na jogabilidade de Reigns: Game of Thrones é que você só começa a se importar de verdade com essa “run” quando já se passaram umas 30 ou 35 luas.
Isso acontece porque é bem difícil morrer no começo, mas conforme você chega no inverno as coisas começam a complicar mais. A ameaça dos Caminhantes Brancos se torna real e você já investiu um certo tempo e uma bela dose de sorte para chegar onde está. Tudo isso para morrer no fim.
Entre gelo e fogo
Um gigantesco diferencial que experimentei em Reigns: Game of Thrones que não vi nos outros episódios da franquia foi a variação de ambientes. Previamente tinha experienciado visitas a masmorras, mas nada de muito variado.
Aqui, dependendo de suas escolhas, você pode controlar como ocorrerá suas viagens por Westeros, direcionando os caminhos da comitiva real. Outros locais também são as guerras e demais batalhas que acabam por acontecer nesta vidinha. Selecionar como seus exércitos agirão dá uma sensação de poder realmente grande, apesar de eu estar com um registro de uns 70% de fracasso nas escolhas de combate.
Outro dos diferenciais de Reigns: Game of Thrones é a possibilidade de participar das reuniões do Pequeno Conselho. Escolhendo estar presente, você pode fazer um microgerenciamento de cada um dos fatores dos Sete Reinos, permitindo que você faça um ajuste fino em alguns dos indicadores do seu governo.
A variação entre os possíveis personagens dá um gostinho especial para a narrativa. Existe uma mudança perceptível na maneira com a qual as situações ocorrem com o governante atual e, principalmente, na maneira com a qual as outras pessoas tratam você, variando de carinho à desprezo completo.
Claro que, se tratando de Game of Thrones, não existe ninguém 100% de boa índole nem 100% de má intenção. Cada um corre atrás dos seus próprios objetivos e, frequentemente, você está no caminho de diversos objetivos de terceiros. Isso quando o objetivo não é ver sua cabeça rolando escada abaixo.
Reigns: Game of Thrones é uma adição curiosa e absolutamente perfeita tanto para a franquia Reigns quanto para as Crônicas de Gelo e Fogo. Uma excelente adição tanto em história, design de narrativa e jogabilidade.