Come get some! Se você leu isso na grossa e hostil voz de Duke Nukem, com certeza você faz parte do público alvo de Project Warlock. O novo game da Buckshot Software homenageia os clássicos como Doom, Duke Nukem 3D, Hexen, Wolfenstein, Serious Sam e muito mais.
O game é um deleite para os fãs dos clássicos shooters cujas histórias eram – em sua grande maioria – nonsense e serviam apenas para justificar todo o derramamento de sangue e o uso frenético de armamentos pesados. Aliens de todos os tipos, demônios, seres do gelo, monstros do deserto… Project Warlock é um prato cheio.
Visualmente formidável
O game homenageia os clássicos com gráficos 2D em ambientes 3D, como os bons shooters eram quando éramos jovens, mas não paramos por aí. Os desenvolvedores incluíram opções de ajustes finos no gráfico que nos permite jogar das mais variadas formas possíveis e relembrarmos visualmente nossos games preferidos de outrora.
Você pode controlar o grau de pixelização das texturas, a curvatura do monitor para simular um monitor de tubo (CRT), o esquema de cores para atingir padrões como o do Commodore 64 e muito mais. É louvável o trabalho da Buckshot Software em prover um detalhamento tão grande para os gamers deixarem o jogo como querem.
Mas não pense que Project Warlock é feio. Os gráficos ao natural são extremamente bonitos e bem trabalhados, fornecendo assets em quantidades absurdas e, o mais incrível, cada universo do game possui seus próprios grupos de assets. Ou seja, um trabalho intenso para os artistas 2D que tiveram de fazer ao menos 5 versões de cada item.
Os cinco universos
Sim, são 5 universos pensados para homenagear a maior amplitude possível de clássicos do FPS, sendo eles Medieval, Antártida, Egito, Industrial e Inferno, contendo cada um 5 episódios mais um chefão. Já os episódios são divididos em cerca de 1 a 4 missões cada.
Cada universo possui características únicas, pertencendo realmente a um mundo próprio, como por exemplo o universo do deserto onde encontramos como inimigos gigantes escorpiões e muito mais. Podemos inclusive encontrar o corpo de Sam, da franquia Serious Sam, dentro de uma sala secreta. Afinal, como um jogo poderia homenagear os clássicos sem apresentar várias salas secretas a serem encontradas, não é mesmo?
Apesar do ótimo trabalho de design em certas áreas do jogo, alguns cenários enfrentam problemas sérios de design, como portas que simplesmente quase não se é possível enxergar por terem tons muito similares ao resto da parede, itens que se fundem com as cores do cenário e muito mais. Em certos momentos é irritante pois temos de usar o poder de gerar luz para conseguirmos ver qualquer coisa à nossa frente, impossibilitando de atirarmos já que só podemos fazer uma coisa de cada vez: usar poderes ou atirar.
Poderes? Sim, poderes!
Project Warlock funciona de modo a mesclar mecânicas dos clássicos com atualidades, funcionando de certa forma como RPG e nos permitindo aprender magias e usá-las para aumentar a dinâmica do gameplay. Cada magia nos dá uma utilidade interessante, como iluminar ambientes, explodir personagens, etc.. Mas no fim das contas, por causa dos erros de design em alguns cenários, nos vemos obrigados a deixar ativa apenas a magia de luz e utilizá-la por todo o jogo.
Também nesse sistema de RPG, temos a evolução do personagem que conta com “perks” que nos dão melhoras passivas significativas, enquanto podemos usar pontos de evolução para escolher o que aumentar nos status de nossos personagens, como vida, capacidade de carregar mais munição, mana, entre outros.
Contamos com um arsenal imenso que vai desde facas para os golpes corpo a corpo, até lança mísseis, passando por pistola, shotgun, metralhadora, metralhadora giratória e por aí vai. Cada arma ainda nos dá a possibilidade de upgrade para ao menos 2 novas versões, como por exemplo a metralhadora que pode virar dupla (em duas mãos) ou para uma disparadora de pregos que ricocheteiam e causam mais dano. Claro que os upgrades não são gratuitos e requerem que o jogador evolua e encontre pontos de upgrade.
Essa infinitude de armas será essencial para enfrentarmos os mais diversos inimigos que encontramos por aí e com certeza encontraremos muitos. A ação não tem descanso com um respawn de monstros em boa quantidade e que costuma trazer ainda mais monstros quando encostamos em itens especiais, como chaves. Tudo para manter a ação frenética e nos fazer esquecer por um tempo que os mapas não são enormes, apesar de parecerem labirintos complexos em alguns momentos.
Não é extenso, mas é prazeroso
Apesar de realizar um bom trabalho em nos distrair, Project Warlock não é um jogo muito extenso. Cada missão pode ser completada numa média de 5 minutos, dando cerca de 1 hora para cada universo em uma jogatina normal e podendo ser fechado com bem menos tempo para os mais rapidinhos.
Infelizmente o game não traz muito desafio para o jogador acostumado de longa data com FPS, já que os inimigos são de certa forma fáceis de derrotar nos modos normais, nos obrigando a jogar sempre na dificuldade máxima. Ao menos temos de mirar realmente nos monstros, já que o game usa uma mira mais realística do que os clássicos e seus auto-aim – justificável, já que na época se jogava usando o teclado.
Para os fãs que cresceram com Quake e Doom, Project Warlock é pedida certa para se ter no acervo, mas saiba que ele estará lá mais para os momentos de desestresse do que outra coisa, sendo o título perfeito para respirar sem pensar muito após derrotas no PUBG ou brigas de time no Overwatch.