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No mesmo mês em que temos uma Nintendo Direct recheada de joguinhos de fazendinha, a Pqube lança o adorável Potion Permit. Desenvolvido pela MassHive Media, temos a chegada do que poderia ser chamado de filhote entre Stardew Valley e Rune Factory, com uma estética atrativa em meio à uma jogatina agradável e viciante.

Com uma quantidade de conteúdo que faz inveja para qualquer jogo AAA, ainda que mantendo os pés em suas raízes indie, a proposta de trabalhar a temática sobre alquimia funciona ao mesmo tempo em que atrapalha ao criar loopings que variam entre interessantes e tediosos.

Muito contraditório esse começo? Então vamos tentar entender ponto a ponto neste review.

Fullmetal Alchemist sem automail

Nesta jornada, você será um ou uma jovem alquimista recém chegado à ilha de Moonbury, um lugar isolado do mundo e que vive de suas próprias atividades rurais, culturais e comerciais. À pedido do prefeito Myer para cuidar de Rue, sua filha adoecida, a alquimia será a porta de entrada para você se estabelecer neste mundinho como responsável por cuidar e curar de todos os habitantes.

Vida de alquimista estagiário não é fácil, com casa e clínica caindo aos pedaços

Estabelecido este plot principal, dentro das cinco primeiras horas conhecemos outros elementos da história que permearão a jornada do seu personagem. Odiado pelos moradores de Moonbury, o passado dos alquimistas deverá ser enfrentado por você, ao mesmo tempo em que você apoia também na reconstrução da ilha. Quase como um canivete suíço, por isso da referência inicial à Rune Factory, você vai curar, batalhar, pescar, trabalhar, construir, reconstruir e se relacionar com outros personagens.

Infelizmente o mistério dura pouco e logo vêm as revelações sobre o motivo de você não ser bem-vindo pelos aldeões, que está ligada diretamente à mecânica de Dating Sim e a necessidade de gerenciar a “barra de sentimentos” de cada um dos habitantes. Mesmo com a proposta de ser um Open-Ended Sim, em que na teoria o jogo não possui um final ou jornada única, os plot-twists parecem acabar antes da décima hora de jogo.

Prefeito Myer e a pedra que deu nome à ilha de Moonbury

Construindo uma narrativa ao redor de Moonbury e a Capital, o incidente envolvendo a antiga equipe de alquimistas, totens espalhados pela ilha e os fatores naturais que “atrapalham” a vida desses aldeões, Potion Permit se esforça muito para criar laços que vão além das atividades que você deverá cumprir dia após dia, respeitando o tempo corrente existente no jogo.

Não dura muito para você entender a mecânica de receber uma quest (ou buscar por uma, no quadro de avisos da Prefeitura), explorar, batalhar por loot de materiais para suas poções (daí o nome do jogo) e dormir para auxiliar no andamento da sua jornada.

Mecânicas por todos os lados

Vamos ao principal antes de tentarmos falar das mecânicas existentes e disponíveis neste jogo. Falamos das poções e que carregam o nome de Potion Permit, pois elas são fundamentais e a base do jogo. Tudo bem que você precisará de ferramentas, mas os “sucos mágicos” criados pelo seu alquimista serão responsáveis para fazer a história andar, ser o principal motivo das suas explorações e vão funcionar como moeda de troca para você ter dinheiro.

Alquimista e Médico para saber como cuidar da filha do Prefeito e demais habitantes locais

A partir desta base, que funcionará para você crescer e se estabelecer como habitante de Moonbury, você também conseguirá aprimorar sua casa e sua clínica, que são fundamentais para você continuar com o seu título de alquimista. Além disso, você terá outras atividades remuneradas na igreja, correios e taberna.

Em ambos os estabelecimentos os desenvolvedores definirão que a jogabilidade para o seu “trabalho” será por meio de mini-jogos em que você deverá fazer certas sequências de comandos no ritmo ou sequência correta. Quase como pequenos jogos de ritmo e genius, serão pequenos testes fáceis para exigir um mínimo de atenção.

Além da sua principal função e demais trabalhos, você terá uma enxurrada de quests para buscar e cumprir, transformando Potion Permit em um “jogo de fazer corre”. Ou seja, vá de um ponto A ao ponto B para buscar, caçar, colher ou entregar determinados itens. Tudo isso para você melhorar a sua moral com o Prefeito e conseguir melhorar sua insígnia, que está diretamente ligada ao quanto você poderá explorar as áreas bloqueadas inicialmente no mapa.

Mini-jogo de ritmo simples, fácil e, depois de algumas horas, bastante repetitivo

Dentre todos, o mais legal desses mini-jogos, já que todos são bobinhos e fáceis demais, é o de “cuidar” dos doentes. Com um joguinho de lupa pelo corpo do personagem enfermo, você terá uma dica e precisará buscar o ponto indicado para saber quais poções você precisará criar. Detalhe para as dicas, que foram alocadas erroneamente ao usarem a esquerda e direita do personagem e não pela sua visão, ou seja, a esquerda do personagem é a direita de quem vê a tela.

Para cada atividade realizada com sucesso, você ganhará dinheiro, alguns itens importantes e os famosos cravos lunares, em um pacotinho roxo. Eles são a base para você dar de presente para os mais de 30 personagens únicos e melhorar a percepção sobre você e sua amizade. Também será a porta de entrada para você ter seu relacionamento com os solteiros e solteiras da ilha, afinal além das mecânicas de managing, crafting, battling e exploring, não poderia faltar o dating.

Caldeirões, ingredientes e… Tetris?

Além do visual extremamente carismático e muito bem trabalhado, outro ponto que me agradou muito, dentre a enxurrada de mecânicas, é a que envolve o caldeirão e a criação de poções. Você viajará pelas cinco regiões do mapa para coletar diversos materiais para criar os remédios e elixires, com os nomes mais bizarros possíveis (ou estranhamente traduzidos como, por exemplo, Frasco Íris).

Criar poções é a melhor parte de Potion Permit (ainda bem, né?)

Ao utilizar o seu caldeirão, os ingredientes serão representados como peças de Tetris para preencherem um grid previamente estabelecido e diferente para cada poção. Detalhe que o número de materiais utilizados serão limitados de acordo com o nível de melhoria do seu caldeirão, identificado por marcadores verdes na borda da tampa.

Além do formato, que pode ajudar ou prejudicar na questão da quantidade, muitas vezes você deverá usar determinado tipo de ingrediente e que representam os elementos da natureza: água, fogo, vento e terra. Estes mesmos elementos também são a base para você realizar a pesquisa de novas poções, ao combinar uma sequência correta de ícones que representam os elementais da natureza.

Melhor que Stardew Valley?

Talvez esta seja a minha (somente minha) opinião polêmica para este review, pois acredito que Potion Permit seja mais agradável e interessante que o jogo criado por Eric Barone.

As mecânicas estão amarradinhas para justificarem sua evolução neste mundo

Mesmo que muitas mecânicas acabem ficando em segundo plano ou não geram impacto na jornada principal, igual ao coitado do cachorrinho que acompanha você e não exige nenhuma atenção, este jogo me pegou muito mais pela questão visual e ideia de narrativa envolvendo conflitos e problemáticas ao redor do simples “fazer” que aparecem como quest.

Um típico jogo para você aproveitar enquanto ouve uma boa música ou podcast, já que a trilha sonora é inexpressiva, talvez aconteça o mesmo que para mim: sete horas do meu tempo se passaram sem eu perceber o quanto estava imerso em Moonbury. Não espera o primor de um Rune Factory ou Harvest Moon, mas surpreenda-se positivamente se você curtiu Stardew Valley.

Mistérios em uma narrativa simples que duram pouco, mas servem como bom background

Espero que a MassHive Media lance atualizações (principalmente gratuitas) com novos desafios ou conteúdo, além de corrigir certos freezing de tela ou queda no frame rate, que por sinal exigiram o restart do jogo no Switch pelo menos em três ocasiões.

Com um começo lento e cheio de diálogos, diversas atividades e opções para tentar agradar diversos públicos, enquanto aposta em controles simples, a aventura de ser um alquimista neste mundinho estranho, com personagens repletos de nomes globais (Myer, Xiao, Mao, Rue, Martha), com certeza você encontrará algo que agradará mais e fisgará você por horas.