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Pocky & Rocky Reshrined é sinônimo de nostalgia ao mesmo tempo que vai de encontro à regra dos 15 anos. Conhecido como Kiki Kaikai no Japão, é um clássico dos arcades e que ganhou as casas ocidentais por conta do Super Nintendo.

Agora, esta obra de tempos remotos retorna pelas mãos da Natsume para os dias de hoje, gerando um choque de gerações imenso e com uma proposta que agrada em todos os momentos, menos nas escolhas que definiram como base para o título. Confuso? Eu explicarei melhor essa dicotomia!

Reshrined, porém nada resguardado

Com a proposta original mantida, resgatando o estilo “run and gun” com visão top down, que estava em alta desde o NES, ao mesmo tempo em que trás a jogabilidade verticalizada, dos famosos shmup (shoot ‘em up), Pocky & Rocky Reshrined já tem o suficiente para capturar sua atenção e espaço na sua jogatina semanal.

Pocky & Rocky Reshrined
Nada como enfrentar inimigos sobrenaturais em um santuário

A jogabilidade desse título é algo tão simples e viciante, que tudo é muito prático e fácil dentro da sua proposta. Um botão lança seu ataque base à distância, outro auxiliará na defesa com um ataque corporal e que também repelirá ataques inimigos, um para esquiva e outro para o ataque especial do seu personagem. Mesmo jogando com personagens que protegem um antigo santuário, você encontrará power-ups e upgrades para facilitar sua jornada, que modificarão os seus ataques.

Como esta nova versão é uma releitura muito fiel, a Natsume decidiu não levar em conta o segundo analógico, fazendo com que os seus ataques sejam disparados sempre na mesma direção em que você está andando ou virado. Muitas vezes isso atrapalhará a tarefa de chegar ao fim dos estágios com vida, mas com treino e algumas tentativas você conseguirá realizá-la com sucesso.

Já que começamos a falar de “dificuldades”, a Tengo Project, equipe da Natsume responsável pelo remaster de Pocky & Rocky, por algum motivo fez duas escolhas muito controversas. A primeira delas foi colocar uma opção de “Extra Easy”, porém desabilitada e que você só conseguirá desbloquear ao finalizar o jogo pela primeira vez.

Pocky & Rocky Reshrined
Nunca coma nada em santuários!

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, os desenvolvedores acharam que seria legal obrigar os jogadores finalizarem por completo o jogo para somente então liberar o modo co-op local (online apenas compartilhamento de pontuação em placares). Faz sentido? Nenhum, mas infelizmente é o que temos para hoje.

Um recorte através do tempo

Como falamos que o jogo carrega essa proposta de ser um recorte no tempo, trazendo para a nova geração este título, a própria história também proporciona esta experiência para o jogador.

Com a influência do vilão Black Mantle, literalmente um ser maligno esverdeado, olhos vermelhos, raios pelas mãos e com um manto preto cobrindo seu corpo, os seres mágicos que habitam a floresta ao redor do santuário de Pocky, a pequena sacerdotisa e guardiã conhecida por ter derrotado os monstros que no passado sequestraram os Sete Deuses da Fortuna (Shichi Fukujin), estão sob influência do vilão e passam a ser hostis, obrigando Rocky correr até nossa heroína para avisá-la sobre o perigo iminente.

Pocky & Rocky Reshrined
A melhor surpresa desse jogo são as novas fases e o trabalho visual em cada uma delas

Resgatando boa parte do original, a história começa como seu antecessor, porém logo apresenta novas fases e o próprio vilão que enfrentaremos no fim do jogo. A única diferença na história ou forma como o jogo apresenta o vilão ou faz com que avançamos pelas fases, a Natsume inclui viagem no tempo para renovar a história.

Afinal, “Reshrined” exige uma justificativa, então vamos colocar um vortex com viagem no tempo para complicar a narrativa e deixar todos os jogadores perdidos. Por fim, o que acaba importando é correr, atirar e esquivar, enquanto aproveitamos o visual e a música que este remaster apresenta. Remaster? Acho que já temos mudanças suficientes para tratar como um quarto jogo da franquia.

Pocky & Rocky Reshrined
A diversidade dos inimigos não é das melhores, mas os chefões são adições perfeitas à esta edição

Neste ponto o jogo brilha ainda mais, por apresentar um visual muito bem cuidado, com sprites originais retrabalhados para o formato em alta qualidade da nova geração. Personagens, inimigos e cenários são muito expressivos, coloridos e definidos, com elementos visuais muito coloridos.

A trilha sonora também acompanha a excelente qualidade visual do jogo, com remix das músicas originais e diversos sons ao redor da sua jornada. Golpes, personagens, a natureza e até mesmo elementos que modificam o espaço ao seu redor como, por exemplo, chuva e fogo, acabam enchendo nossos ouvidos com boas escolhas para acompanhar sua jornada.

Um mix de sentimentos

Com elementos do segundo jogo (que conheci apenas por vídeos no YouTube) e ignorando o spin-off de Game Boy Advance (Pocky & Rocky with Becky), a Natsume deixa de lado a limitação em termos apenas a Pocky e o Rocky, para nos apresentar os novos Ame no Uzume, uma divindade, Ikazuchi, uma versão animalesca da Pocky, e Hotaru Gozen, uma jovem samurai mulher.

Assumindo que você tem uma proposta nova de história, excelente trabalho audiovisual para um jogo que foi perdido há anos, com jogabilidade simples, incluindo novas habilidades, e que acaba sendo viciante pela pegada arcade que carrega, Pocky & Rocky dificulta a diversão para quem não quer muito desafio ou até mesmo quem gostaria de começar pelo co-op, assim como seu primeiro título de SNES, mas que diverte demais dentro da sua proposta.

Pocky & Rocky Reshrined
Depois de zerar pela 1ª vez, Pocky & Rocky Reshrined fica ainda melhor com os outros personagens

Infelizmente peca por forçar o fator replay em um jogo que levou no máximo cinco horinhas para ser finalizado, além de não trazer localização para o PT-BR, mas que no fim funciona muito bem para o Nintendo Switch e seu fator portátil. Para incentivar os nostálgicos de plantão, a ININ Games lançou uma versão física e diversos colecionáveis de Pocky & Rocky (e que eu compraria facilmente).