Skip to main content

Meu contato com a franquia Paper Mario foi um tanto breve. Terminei apenas o game original de Nintendo 64 e não tive a oportunidade de jogar as sequências Paper Mario: The Thousand-Year Door (GameCube), Super Paper Mario (Wii), Paper Mario: Sticker Star (3DS) e Paper Mario: Color Splash (WiiU). Só vi amigos jogando e alguns gameplays no YouTube pra matar a curiosidade.

Quando a Nintendo anunciou Paper Mario: The Origami King para Switch, com lançamento marcado para dali 2 meses, eu quase tive um treco. Afinal, não poderia perder mais um Paper Mario. Ao término do download, meu Switch cuspia confetes e vibrava sem parar. A excitação era grande, tanto que decidi curtir essa nova jornada do bigodudo com toda a calma do mundo.

Quem dobrou a princesa?

Paper Mario sempre foi uma franquia criativa, com novas ideias a cada game. O charmoso visual de papel nunca saiu de moda, sendo seu principal alicerce, mas suas mecânicas de gameplay passaram por muitas variáveis: troca livre de personagens e dimensões (2D/3D), interações com adesivos, preenchimento de cores pelo mundo, etc. Paper Mario: The Origami King pega um pouco de cada uma dessas ideias para reapresentá-las de outra forma, mas sem deixar de introduzir suas próprias.

Imagem do jogo Paper Mario: The Origami King
Pobres Toads! Olly saiu dobrando todos eles, na pura maldade.

Por exemplo: no lugar de jogar tinta para preencher áreas descoloridas nos cenários, como acontece em Paper Mario: Color Splash, no novo game você joga confetes para preencher buracos. Parece algo novo, mas não é. Porém, o mundo de origami e as ideias em torno das dobraduras é que fazem o trabalho da desenvolvedora japonesa Intelligent Systems realmente brilhar.

Na trama, Peach convida Mario e Luigi para curtir o Festival do Origami em Toad Town. Chegando na cidade, eles estranham a ausência dos Toads e correm pro castelo para procurar a princesa. Mario a encontra, mas com a aparência de origami e agindo estranhamente. Após cair em uma armadilha, nosso herói conhece Olivia (irmã do vilão) e descobre que Bowser foi mantido preso, tendo todo o seu exército transformado em soldados de dobradura. E então Olly, o rei origami, dá as caras: seu plano é dobrar o mundo a sua maneira, em resposta a um desentendimento com seu criador.

O castelo da princesa é então sequestrado por cinco fitas coloridas, sendo arrancado do chão e colocado no alto de uma montanha. Começa então a jornada de Mario, Olivia e amigos, para encontrar e eliminar as fitas vencendo seus respectivos guardiões: os chefões mais esquisitos que você pode esperar, como um perfurador de papel que só gosta de música antiga. A aventura apresenta uma grande variedade de áreas para explorar livremente, não sendo mais conectados por níveis individuais, e oferece muitas missões e minigames.

Imagem do jogo Paper Mario: The Origami King
Isso é um chefão, acredite se quiser.

Em busca dos Vellumentals

Sem entregar as várias surpresas que o jogo reserva, sua jornada envolve a busca por quatro poderes elementais chamados de Vellumentals (um trocadilho com “Vellum”, que significa papel velino): são criaturas de dobradura que detém o poder da água, fogo, gelo e terra. Mas antes disso acontecer, Mario conhece o primeiro poder concedido por Olivia, chamado 1000-Fold Arms. É com esta habilidade, que faz os braços de Mario crescerem, que o herói interage com minigames rasgando papéis do cenário, girando mecanismos e atacando inimigos mais fortes.

Apesar de se enquadrar no gênero de RPG de ação, Paper Mario nunca foi um game denso, com grinding a perder de vista. Talvez pela carência de um novo Super Mario RPG, os fãs estavam esperando um game mais complexo. E, bem, Paper Mario: The Origami King passa longe disso. O motivo é o mesmo que levou à extinção do sistema de leveling up em Paper Mario: Sticker Star: permitir que jogadores menos experientes consigam avançar na aventura. Flower Points, Star Points, Shine Sprites… Nada disso existe mais, apenas os corações que aumentam o HP máximo do Mario. É uma pena, pois a sensação de evolução do personagem faz falta aqui.

Imagem do jogo Paper Mario: The Origami King
Todas as batalhas contra os Vellumentals são épicas.

A dificuldade acaba sendo balanceada entre os combates básicos, os quebra-cabeças e as batalhas contra os Vellumentals e chefões. E por falar em combate, é aqui que o game introduz uma de suas ideias mais inovadoras: uma arena em que o Mario fica no centro e os inimigos são dispostos em áreas que podem ser giradas em sentido horário e anti-horário ou em fileira. O objetivo é agrupar os inimigos em dois tipos de seções (linha e quadra), com limite de movimentos e antes do tempo acabar para ganhar um multiplicador de ataque e moedas extras ao fim da batalha.

Os ataques com pulo e martelo continuam presentes, com o mesmo esquema de apertar o botão de ação no momento certo para causar mais dano nos inimigos ou bloquear seus golpes. Os tipos de botas e martelos também continuam os mesmos, bem como os itens que você pode usar em combate (flor de fogo, caixa de POW, etc) e os acessórios que dão vantagens de vida, defesa e tempo. As novidades nos itens e acessórios ficam por conta de invenções como um sensor de Toads (os quais você encontra amassados, dobrados ou como origamis), um aspirador de confetes e um papel laminado que o deixa invisível, por exemplo. Fora as brincadeiras com outros jogos da Nintendo, como as máscaras de Goomba, Donkey Kong e Metroid feitos de papel machê e que funcionam como disfarce.

Imagem do jogo Paper Mario: The Origami King
Dá pra vestir o capacete de Samus Aran.

O lado bom e ruim dos combates

Por um certo tempo, os combates são bem divertidos e funcionam como quebra-cabeças. Não conseguindo alinhar os inimigos corretamente, você perde apenas o multiplicador e a batalha segue normal. Infelizmente, esta ideia acaba enjoando rápido pela repetição e arrastando a duração dos combates. E só há um jeito de dominar todas as formas de alinhamento: treinando no Battle Lab, em Toad Town.

No fim o jogador ficará mais satisfeito com as batalhas contra os Vellumentals (para adquirir os Bibliofolds, que ensinam Olivia a usar seus poderes elementais) e contra os chefões, em ambos os casos colocando Mario na extremidade da roda e o adversário ao centro. A arena fica tomada por armadilhas, setas direcionais e itens espalhados pra todo lado, adicionando uma nova camada de estratégia. Estas batalhas são realmente épicas, cada uma trazendo condições únicas. E tem também boas batalhas tradicionais, que ocorrem fora da arena.

Imagem do jogo Paper Mario: The Origami King
Aperte A no tempo certo para alcançar a excelência.

Pra não ficar irritado com as batalhas comuns, o jeito é ir escapando dos confrontos da forma que puder. Por outro lado, a história humorada e a exploração manterão o jogador afundado no sofá de tanto jogar. Paper Mario: The Origami King é impecável no level design, apresentando uma área mais impactante e charmosa que a outra. O mundo é imenso e para facilitar seu deslocamento há veículos, canos numerados ligados ao museu de Toad Town (onde ficam seus colecionáveis) e até um “fax travel”: Mario entra em um fax para se enviar para outro aparelho em outro lugar.

Criatividade a cada dobra

Okay, nem todas as ideias apresentadas são realmente novas, como a torcida de Toads, alguns minigames, o ventilador no meio do oceano e outras maluquices. Mas comparando com os games anteriores, minha nossa, tem muita coisa inédita. Ao longo da jornada Mario recebe o suporte de alguns personagens, que o ajudarão em combates quando seu turno acabar. Não dá para controlá-los, mas são bem vindos. Ao término do combate, se a sua vida estiver baixa, basta usar um item de cogumelo vermelho ou procurar o banco da praça mais próximo.

Imagem do jogo Paper Mario: The Origami King
Luigi tem um sério problema com chaves.

Paper Mario: The Origami King é cativante do começo ao fim. Os diálogos são sempre muito bem humorados e, ainda assim, há espaço para momentos tristes que certamente irão IMPACTAR os jogadores. Como se não bastasse a ótima história, o game entrega um belo visual com performance estável nos dois modos (portátil e docked) e uma trilha sonora marcante, que combina com cada momento.

Eu preferia um RPGzão mesmo, com evolução de personagem, party com vários personagens controláveis, invocações especiais e inimigos desafiadores. Mas não vou negar que fiquei super satisfeito com a experiência toda. O mundo de origami tem muito a oferecer e o jogo, mesmo com seu gameplay simplista e distante do gênero original, supre a saudades dos fãs por um novo título da franquia.

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024

Review – Antonblast

Rafael NeryRafael Nery02/12/2024