Terror, tal como a ardência das pimentas, sua função é fazer com que as pessoas fujam, mas ainda assim, muitos procuram consumir ao máximo estas sensações. Outer Terror traz várias doses de diversos gêneros de horror em um game estilo Vampire Survivors, um jogo simples, mas que fez grandes ondas na superfície do mercado.
Outer Terror como outros que tentaram tais como 20 Minutes Till Dawn e Synthetik: Arena traz um gameplay desafiador e cinco histórias diferentes baseadas em diferentes gêneros de horror. Focando mais em quantidade, Outer Terror pode ser semelhante a Vampire Survivors, mas não sobrevive ao teste.
O que assistir/jogar?
Outer Terror é uma experiência diferente do que eu esperava inicialmente, com uma tela bem pequena, cinco narrativas diferentes e dez heróis a serem escolhidos. As histórias retratam gêneros mais consagrados de histórias de horror que emprestam suas origens de filmes ou até mesmo a internet.
As histórias são The Grey Death, uma história de humanos que se fundem em massas de carne através de energia cósmica, Kill Switch, uma revolta das máquinas através de torradeiras! Other Side, uma experiência Lovecraftiana no deserto, Acident Report que é uma narrativa dos arquivos da creepypasta comunitária S.C.P e por fim Frost Bite, que é 30 Dias de Noite, mas com uma pitada de horror cósmico e A Coisa.
Cada narrativa traz dois dos dez personagens como seus protagonistas, seguindo a ordem das histórias, que podem ser jogadas de forma não sequencial, já que ela não se interligam. Podemos também usar personagens de outras histórias naquelas onde eles não aparecem, o que torna bem interessante as vezes por conta do estilo de jogo deles, mas nada muda na narrativa.
Cada personagem possui armas e upgrades próprios, alguns são bem fracos, sendo realmente interessantes apenas no late game, caso sobrevivam e alguns podem se tornar verdadeiras máquinas de matar logo no começo. Pessoalmente a falta de equilíbrio e grind extremo no geral pode tornar o jogo bem desinteressante.
Sobrevivendo ao filho de Ares
Na mitologia Grega Fobos é o filho de Ares e Afrodite e Deus do medo e aqui suas tropas vão te fazer correr pelo mapa todo evitando uma morte horrível. Cada personagem possui sua própria maneira de sobreviver aos ataques dos mais diversos monstros e inimigo que busca deixar suas entranhas espalhadas pelo chão.
Porém o maior medo mesmo em Outer Terror é o quão repetitivo e sem direcionamento o jogo é. Das cinco histórias a única que consegui quase resolver foi Grey Death, que tem uma narrativa previsível, mas, após um determinado tempo o jogo lança uma bola curva incapaz de ser derrotada.
Não que as outras narrativas sejam diferente, em Kill Switch eu fiquei 20 minutos correndo e atirando contra o “chefe” e nada que eu fizesse ou estava no mapa era capaz de mata-lo, até que ele acabou me pisoteando. Na narrativa do S.C.P eu acredito que seja algo relacionado ao arquivo de “Os Aristocratas” por conta dos corpos, fiquei travado em uma sala e fui consumido por uma enxurrada de inimigos.
Other Side me fez querer quebrar a cabeça pois te lança em diversos labirintos e após resolver em torno de doze deles, matar em torno de 4.000+ inimigos e não chegar a lugar nenhum, tomei um soft lock do jogo e perdi o dinheiro adquirido durante a run e frostbite é um eterno backtracking para colocar combustível em um tanque para manter os sobreviventes aquecidos até que você morra.
Armas, facas e itens
Cada sobrevivente possui um tipo diferente de arma inicial e diferentes armas que podem ser obtidas e melhoradas após subir de nível. Alguns começam com pistolas, outros facas de lançar, machados e o pior de todos em minha opinião, o Amuleto da Dor, um amuleto que cria um círculo ao redor do personagem e causa um dano baixo a quem estiver perto.
Caso consiga sobreviver com suas armas e subir de nível após matar um número de inimigos, o jogador pode adquirir novas armar e ir as melhorando, além de também conseguir cura ou um colete a prova de balas para reduzir danos. Incrivelmente, armas de uma mão, são bem mais eficazes que armas de duas mãos.
O combate pode ser automático ou manual, com o jogador podendo alternar entre eles usando a tecla shift esquerda, eu pessoalmente prefiro manter no automático para poder focar mais em como fugir das ameaças. Os personagens também contam com uma habilidade especial que pode ser usada com o botão esquerdo do mouse, mas, se lembre de sempre estar mirando para o lado correto quando for usa-la para não gastar ela em vão.
Enquanto navega pelos mapas, é possível encontrar corpos daqueles que já morreram, caso interaja com os mesmos eles irão queimar e podem dar itens, dinheiro, ou nada. Os itens são kits de saúde, repelentes de monstros, armadilhas de urso e imãs de dinheiro, sempre veja como está a barra, pois só se pode ter dois itens por vez.
Cinema estilo B?
Longo, repetitivo e com um grind extenso para se adquirir os itens da loja que ajudam a se sobreviver por mais tempo. Outer Terror é um projeto que tem uma base sólida, mas uma execução pouco favorável e atrativa. Diferente de Vampire Survivors e outros do gênero, suas ideias acabam ficando espalhadas e o jogador não tem um objetivo principal.
As ideias por trás das histórias são excelente e o design visual e sonoro é muito bem feito, até mesmo as narrativas e cards de história são nota 10. Porém os problemas no gameplay pouco inovador, pouco engajante e com alguns problemas de soft lock torna a experiência mais frustrante do que marcante. Principalmente se estiver no multiplayer online, o que não muda muito, mas ficar ouvindo a reclamação do colega é cansativo.
Outer Terror funcionaria muito melhor como uma série de contos, afinal Salt & Pixel aparenta ser um excelente artista com outros projetos incríveis que gostaria muito de experimentar, mas infelizmente Outer Terror que inicialmente me deixou ansioso, me deixou foi frustrado e como filmes pouco marcantes, ficam no fundo da locadora.