Após o grande sucesso de Nexomon Extinction, o primeiro jogo da franquia chegou aos consoles de mesa e PCs remasterizado para trazer de vez a experiência completa da saga. Porém, se você pensa que é apenas por ter saído no mobile que ele seria mediano, pode tirar o seu Ponirius da chuva. Ouso dizer que ele é tão bom quanto os Pokémon clássicos de Game Boy.
Apesar de imitar à risca a fórmula de captura de monstros e regras de combate, o jogo não tem medo de assumir que é uma cópia e muitas vezes inverte os valores de acordo com a expectativa que já vai formada conforme avança. Até mesmo o grupo de vilões tem as suas camadas, permitindo abordagens distintas e que vão surpreender o público deste nicho.
Porém, a alma de Nexomon está justamente onde os fãs amam em Pokémon: o carisma de suas criaturas. Elas podem não ser tão famosas quanto Pikachu e sua turma, porém pode ter certeza que há muita criatividade e um design certeiro em vários deles. Isso em conjunto forma uma das melhores alternativas no mercado aos monstros de bolso, caso o trabalho da Game Freak esteja o desagradando nos últimos anos.
Subvertendo a captura de monstros
A palavra-chave do título criado pela VEWO Interactive Inc. é a subversão. Você começa a jogá-lo com a ideia de que ele será apenas uma cópia de Pokémon e, por um tempo, ele mesmo te faz acreditar nisso. Carregar seis monstros, cada um ter quatro ataques, o método de captura ser semelhante e a proposta de enfrentar os Supervisores do Nexolord lembram bastante a outra franquia.
Aí começam a vir as diferenças e, meus caros leitores, é neste momento que as coisas brilham. O humor ácido, quebra da quarta parede, interação do personagem principal com a trama, monstros disfarçados como humanos, tudo passa do tom cômico ao desacreditado e mostra o quanto o enredo abraça a bagunça que o gênero é e cria algo útil com isso, fazendo a jornada ser algo ainda mais crível e próxima aos jogadores.
Um dos pontos que eu mais gostei de ver foi o fato de que o protagonista não é apenas mais uma criança, no meio de várias, que saiu do nada e não tem envolvimento algum com todo aquele mundo. Existe uma razão para ela estar se aventurando e não é apenas um sonho de se tornar o mestre dos Nexomon. Até o seu parceiro, o pequeno robô vermelho, não está te acompanhando à toa.
Não citarei spoilers por aqui, mas fiquem atentos a cada detalhe da trama enquanto a progressão acontece. Este detalhe também me cativou, há algumas subtramas que se complementam e criam todo o cenário que será encaixado posteriormente. Apesar disso, o plot principal é simples: você terá de impedir o retorno de Omnicron, o rei das criaturas que promete usar todas para destruir a humanidade e a civilização como a conhecemos.
O vilão e suas forças também são algo a serem reconhecidos, onde cada um dos vilões o segue por uma razão específica. Isso remonta desde os tempos remotos, onde não existiam Nexomon até o seu surgimento e uma era de caos. Mesmo com as criaturas sendo domesticadas, a ameaça do ser que acabou derrotado nunca parou de existir e cabe aos heróis darem um ponto final nisso.
Outro ponto que agrega bastante é a diversidade de monstros disponíveis para você controlar. São mais de 300 para você selecionar e criar um time de estrelas. Além dos tipos, que remetem ao básico que conhecemos como as Feras, Água, Fogo, Planta, Rocha, Ar etc., eles também são divididos por sua raridade. Quanto mais comum, menos evoluções elas possuem e seu poder é reduzido.
A partir daí, meus amigos, vocês partirão para encontrar os mais escondidos para montar um time poderoso de Nexomon. Além dos Comuns, existem os Incomuns, Raros, Mega Raros, Especiais e Lendários para caçar. Isso pode parecer um pouco confuso para os iniciantes, mas a desenvolvedora confia que o seu público ao menos já jogou Pokémon e vai compreender rapidamente o sistema.
Posso afirmar tranquilamente que a captura deles é uma das melhores partes do game. Até pela razão de cada área esconder suas próprias raridades, qual pode encontrar no primeiro combate ou no vigésimo-segundo já sem esperanças. Pelo bem do tempo perdido, infelizmente houve alguns deles que perdi e jamais encontrei novamente. Outros apareceram logo de cara e não foram nada difíceis de capturar. Vai da sorte de cada um, essa espero que esteja do seu lado.
Além disso, Nexomon possui opções interessantes para quem gosta de personalizar a aventura. Você pode mudar o seu nome, gênero, pode incluir uma das criaturas pré-selecionadas para te acompanhar no mapa e uma facilidade imensa de fazer isso a qualquer momento. Também existem espalhados pelo mapa itens que melhoram o conjunto da obra, como um patins que aumenta a velocidade do usuário, o famoso compartilhador de experiência, vara de pescar entre vários outros.
Ao contrário da franquia que estamos cansados de conhecer, estes itens são completamente opcionais e dá para chegar até o fim da sua jornada sem encontrá-los. Este game recompensa aqueles que saírem vasculhando cada detalhe espalhado pelo mapa, seja na captura de monstrinhos raros até encontrar itens melhores. As Nexotraps Douradas, com 100% de chances de pegar qualquer um deles, que o digam.
Falha de captura em Nexomon
Mesmo adorando a minha experiência com Nexomon e me divertindo horrores, ainda há alguns pontos que devemos apontar aos desavisados que poderiam ser melhor executados. “Diego, era um jogo mobile, não dava para exigir tanto…”, dava sim. Uma das minhas maiores reclamações é a Database do jogo, que além de não permitir filtros ou qualquer forma de busca, também não mostra um dos principais fatores: onde encontrar alguns dos bichos vistos anteriormente.
Confesso que vi treinadores rivais usando monstros que eu jamais vi na natureza enquanto explorava o título. Posso afirmar para vocês que não foi nem por falta de procura, já que perdi grande parte do meu tempo só indo de lá para cá pelo mapa capturando a maioria deles. Essa ausência de informação me incomodou bastante, já que é um recurso que ajuda bastante aos colecionadores.
Ué, mas não existe a internet para isso? A própria produtora criou um site para mostrar seus principais Nexomon, porém apenas a partir da versão Extinction. Por incrível que pareça, são completamente distintos do primeiro jogo e os fãs ficam completamente na mão no quesito informações adicionais. Até a Wiki disso é incompleta, o que mostra um ambiente totalmente propenso ao crescimento que está lá, largado. Ou seja, se você quer algo, vai ter de descobrir sozinho.
Ao menos a versão de Nintendo Switch também conta com problemas inerentes à plataforma. Aqui entra a mesma reclamação de sempre, quando você encaixa o console na dock a imagem fica esticada ao extremo, mostrando todas as imperfeições do design pixelado. Também notei um grande atraso na resposta dos comandos, várias vezes tive de apertar Start ou X mais de uma vez. Não sei se o load do jogo estava rolando, se era auto-save, não há nada na tela indicando qualquer processo.
Se você aceita um conselho de amigo, caso vá jogar a franquia, comece por este título normalmente e só depois vá para o Nexomon Extinction. A segunda versão, em questão de opções, é infinitamente maior e a ausência delas pesam durante a experiência. Não que eu coloque como ponto negativo para este review, só quis dar um toque mesmo aos que procuram alternativas divertidas aos games de captura de monstros. Senti falta de vários recursos que vi apenas na sequência e não tinha o que fazer sobre isso. Ninguém aqui sentirá saudades daquilo que não viveu, não é?
Falando no Extinction, até hoje não compreendi a razão de nenhum deles ter a opção de multiplayer online. Não posso trocar as criaturas com meus amigos, batalhar contra eles nem nada do gênero. Quando foi lançado apenas para smartphones eu compreendo as motivações, mas agora que temos dois títulos nos consoles de mesa acaba se tornando curioso. Queria detonar meus amigos com os meus bichos e isso vai ficar na promessa até quando?
Sendo bem sincero com vocês, nada disso realmente atrapalhou a aventura de forma pesada. Me surpreendeu bastante o carinho e cuidado que a VEWO Interactive Inc. teve com o port, considerando tudo que falei, apenas em questão de performance eu tive um leve atraso e nada mais do que isso. A versão mobile, qual também já joguei um pouco no passado, já era legal e interessante e conseguiram fazer a experiência ficar ainda mais divertida e responsiva ao público.
Também me pegou o fator portátil, qual mesmo na possibilidade de jogar Nexomon em minha televisão, eu preferi usar o Switch em sua modalidade móvel. Não sei se foi saudades dos Pokémon antigo ou reflexo, porém essa aventura fica ainda mais gostosa quando você está despreocupado com o videogame na sua mão. Se aceita uma dica, pegue essa versão se você tiver o console, não vai se arrepender nada e acredito que de todas é a que mais chega perto do que eles ofereciam no início.
Se você já é inclinado a este gênero de games e foi um fã ávido de Pokémon, Digimon e similares, não tem mistério. Com certeza será algo divertido que encontrará e acabará criando um afeto. Como falei acima, já tinha jogado no passado, mas só agora estou levando a sério para fechar. Junto a Extinction, eu já considero como um dos principais concorrentes de Pikachu no futuro. Pode ter certeza de que ouvirá falar ainda mais deles daqui para frente.
Não digo isso só porque Nexomon foi algo impactante, mas sim pela qualidade do material e pelo carisma que a franquia oferece. Até mesmo a trama, qual não se leva a sério em alguns momentos, é rica e oferece bem mais do que as demais franquias citadas neste texto. É uma jornada recomendadíssima e vale a pena para aqueles que desejam experimentar algo fora da caixinha.