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A noite cai silenciosa. As pessoas retornam para seus lares após um dia cansativo de trabalho na cidade de Lakeshore. Esperando uma comuta tranquila até sua casa, aqueles que pegam a rodovia mal sabem que criaturas de aço, fibra de vidro e cromo cruzam as pistas em Need for Speed: Unbound.

Os motores rugem, os pneus cantam e a física é constantemente testada na série de jogos de corrida da Electronic Arts. A nova entrada vem cheia de estilo, pompa e efeitos visuais, prontos para pintarem as pistas e front pages dos apps de mídia social. O underground evoluiu e está mais colorido e barulhento do que antes.

Retificando o cabeçote da velha fórmula

As histórias de Need for Speed sempre caem em dois clichês: corredor desconhecido ou ladrão de carros traído pela equipe. Need for Speed: Unbound mistura ambos como um lanche para a larica da madrugada, trazendo a história de um corredor em ascensão traído por sua irmã adotiva.

Need for Speed: Unbound
Rydell Ride’s, a casa das máquinas

Adotado por Rydell, um antigo piloto de rua e dono da oficina Rydell’s Rides, Speedie, o protagonista, tem uma irmã adotiva chamada Jasmine, também conhecida como Yaz. Diferente de Speedie, Yaz se mantem distante de Rydell, mesmo sendo uma mecânica talentosa, até mesmo recuperando e restaurando um dos três carros iniciais que podem ser escolhidos pelo jogador.

Após vencer algumas corridas e fazer fama, Speedie segue para a entrega de um carro esportivo. Chegando ao local, ele não encontra ninguém e, percebendo que foi enganado, decide retornar ao Rydell’s Rides. Chegando lá, com o alarme disparado, Speedie e Rydell testemunham o roubo de todos os carros dos clientes e do próprio dono.

Yaz surge depois e então Speedie liga os pontos. Há dias ela vinha falando de um antigo amigo, chamado Alec. Ela foge junto dos outros, com o carro que o protagonista ajudou a reformar, e Speedy e Ridell ficam na rua da amargura, com uma oficina lesada, um nome manchado e inúmeros veículos perdidos.

Need for Speed: Unbound
“Minha parte favorita é quando ele diz: – Eu sou o Need for Speed, e sai correndo por ai”

Uma mão de tinta para dar cara de novo

Desamparados e sem saber para onde ir agora que perderam tudo, Rydell e Speedie continuam com a oficina, mesmo com o nome maculado. Trabalhando como motorista de aplicativo no tempo vago, Speedie conhece Tess, que pede uma viagem até um encontro de corredores. É neste momento que a jornada de Speedie recomeça.

Correndo novamente contra outros pilotos de rua, Speedie se une a Tess para conseguir informações das próximas corridas e eventos. Principalmente pelo fato de, durante sua corrida de retorno, Speedie encontrar com Yaz, trazendo uma versão turbinada do carro que montaram juntos.

A mando de Alec, Yaz anuncia o Lakeshore Grand, um evento de quatro semanas que promete movimentar a cidade com os melhores corredores da região. É onde carros, dinheiro e fama podem ser adquiridos para aqueles corajosos o suficiente para irem contra a lei e rápidos o suficiente para conseguirem a vitória.

Need for Speed: Unbound
Até a lata velha de um Crown Victoria pode dar pau em Ferrari se tunada perfeitamente

Cheio de motivação para derrotar sua irmã e ajudar seu pai adotivo a se levantar novamente, Speedie entra pro evento e resta ao jogador se tornar o melhor piloto possível. Acelere, deslize e domine as ruas de Lakeshore City. Reine ao lado dos maiores e se vista para a festa de Need for Speed: Unbound, onde estilo e vitória andam de mãos dadas.

Drippado e tunado

Need for Speed: Unbound traz uma história que até se esforça para envolver, mas que pode ser jogado sem se agarrar às personagens ou decorar uma lista de nomes de aliados e antagonistas. Afinal, é um jogo de corrida, oras.

O mais importante é a direção, que mistura elementos que tiveram início em Need for Speed (2016) até Need for Speed Heat. O gameplay irá agradar tanto os veteranos quanto os jogadores mais casuais, uma vez que os aspectos arcade do game não levam a direção automotiva tão a sério como nos simuladores do gênero.

Need for Speed: Unbound
Sai da frente que eu estou passando!

A personalização e tunagem de Need for Speed (2016), para mim, até hoje é a melhor de todos os jogos atuais da série. Mesmo assim, Unbound consegue trazer uma tunagem satisfatória, ficando mais voltada a aspectos como pressão aerodinâmica, dirigibilidade/drift e resposta de curvas do veículo.

Um carro com maior dirigibilidade, maior pressão aerodinâmica e menor resposta de curvas se torna melhor para corridas de velocidade máxima e retas, enquanto carros tunados mais para curvas são mais indicados para circuitos de dominação e corridas de drift. Como sempre independente, do tipo de corrida, sempre deixo meus carros para derrapagem.

Isso é a resposta para todos os problemas de corrida? Não, mas é algo mais ligado a minha experiência pessoal como motorista. Sempre deixei a direção mais solta em meus carros. O jogador deve encontrar qual estilo se adapta melhor ao que ele espera da resposta do automóvel.

Need for Speed: Unbound
O modo de fotografia permite criar fotos incríveis, mesmo que seja bem simplório

Conhecendo a competição

As corridas em Need for Speed: Unbound são bem desafiadoras e o computador pode te fazer comer poeira em dois minutos caso não preste atenção na pista e obstáculos. Por se tratar novamente de corridas em ruas e avenidas, vai ter vários veículos parados ou em tráfego prontos para entrarem na sua frente.

O computador é bem competitivo, o que pode ser ainda mais apimentado caso role uma aposta por fora. Sempre que o jogador chega a um local de evento, ele pode ver seus oponentes, escolher o evento no qual quer participar (caso tenha um veículo daquela classe) e selecionar qual carro deseja usar.

As classes dos carros são: B a mais fraca, A, A+, S e S+ sendo a melhor de todas. Mas se o jogador for persistente e bom de tuning, pode transformar até mesmo um veículo B em um veículo S+. Basta vencer o máximo de eventos que puder e ganhar as apostas que forem mais vantajosas. Mas cuidado: você só pode usar quatro restarts por dia!

Need for Speed: Unbound
Faça zerinhos, drifts, queime pneus ou tire finas para ganhar um boost extra de nitro

O evento do Lakeshore Grand, rola durante quatro semanas da historia do jogo. Speedie corre pelos dias da semana, começando pela manhã, parando na oficina quando já tem uma boa quantia de dinheiro para se depositar e então partindo para o período da noite, ganhando dinheiro com as corridas e em certos eventos, até mesmo carros.

Agindo fora da lei

Ao final de cada evento, o nível de procurado do jogador aumenta, sendo 5 o máximo na escala de calor. Se os oponentes de corrida já são difíceis, a polícia é implacável nos últimos níveis, com helicópteros, e carros disfarçados e pick-ups Ranger prontas para lançar o jogador na contra mão ou em obstáculos pela pista.

Caso o jogador quebre o veículo e/ou seja preso, todo o dinheiro que fez durante a sessão e ainda não foi depositado na oficina é perdido e o dia vira noite ou vice e versa. Mas não se preocupe, mesmo que perca o dinheiro, ainda é possível ganhar grana fora das corridas, com treinos de dominação que pagam 500 pratas ao final do treino, colecionáveis a serem quebrados ou coletados e desafios de rua, como velocidade máxima, salto e drift.

Need for Speed: Unbound
O homem possui o molho e sua Mercedes 190E também

Need for Speed: Unbound também possui um divertido e lucrativo serviço de entregas criado pela Tess, Rydell e até mesmo alguns dos oponentes. Rydell pede para que Speedie entregue carros de cliente dentro de um tempo X, as entregas de Tess são de carros procurados, ambos altamente lucrativos. Já as entregas de oponentes, são para aqueles que perderam os carros e precisam ir aos esconderijos próprios, o que libera novos esconderijos pelo mapa para o jogador usar.

Os colecionáveis são outdoors que liberam os efeitos de direção que tornam o jogo único, imitando o efeito de grafite, cada qual com seu próprio estilo. As estatuetas de urso, liberam sons diferentes de passagem de marcha e os grafites pela cidade liberam gestos pós corrida, além de artes que podem ser usadas para deixar seu carro estiloso.

Puxando todos os olhos

Desde o lançamento de Need for Speed: Underground 2, acredito que para mim a parte visual dos veículos é sempre a mais divertida de se fazer. Com o passar dos anos e com cada vez mais liberdade, principalmente pós 2016, fico mais tempo estilizando os veículos do que correndo as vezes.

Need for Speed: Unbound
Eu amo ficar horas envelopando e pintando cada parte do carro

Cada grafite encontrado nas ruas pode ser usado para criar pinturas e envelopamentos únicos em seus carros. E tal qual Underground na época, o que importa aqui é ser o mais rápido e o mais estíloso possível, desta vez mais em contato com a cultura das mídias sociais e a cultura do trap.

Muitos acabaram virando os olhos em repúdio, chamando de Need for Speed dos tiktokers, mas, tal como a indústria do entretenimento, a cultura de rua também segue evoluindo, por mais que a velha guarda não aceite. Minha infância foi vendo Snoop Dog cantando Riders on the Storm e fico feliz de ver garotos que tem a mesma idade que eu tinha na época, podendo experimentar o Underground 2 da era deles com ASAP Rocky.

Para quem realmente se incomodar com os efeitos visuais estilo grafite e fumaça, esses podem ser desligados juntos da música. O que acredito que derrota um pouco a proposta visual e estilística do jogo. Eu pessoalmente só desligo a música no online, pois prefiro ouvir Wu-Tang, MF DOOM ou RZA durante minhas sessões on-line.

Need for Speed: Unbound
Seja nas montanhas ou na cidade, o M1XTAP3 reina!

Um jogo que abre o leque o máximo que pode

Outro ponto interessante do visual de Need for Speed: Unbound é sua escolha visual para os personagens. Que diferente dos veículos foto-realistas, são em cell shade, dando um aspecto mais de anime para a história, uma espécie de animação da Netflix misturada com Velozes e Furiosos original.

A personalização dos personagens é bem diversa e abraça o máximo de corpos e liberdades que consegue. Sendo convidativo para que as pessoas expressem como desejariam ser, ou como são. Mas como são pressets já criados talvez nem todos sejam representados. Mas há uma liberdade bem maior aqui com cortes, cores e estilos.

Falando em estilo, como em Heat, as marcas de luxo voltaram, podendo deixar seu corredor o mais estiloso possível para combinar com o carango, afinal só assim para eu poder consumir Versace sem abrir um furo para outra realidade na minha conta bancária. Um jogo bem em contato com a juventude atual.

Need for Speed: Unbound
Vacile por um milésimo e veja uma Lamborghini voando em direção a um barranco ou parede

No modo online além do pessoal correr ao máximo nos eventos, o dripp está presente sempre, por isso coloque sua melhor roupa e faça sua presença ser notada. Uma verdadeira prova de que o re-aproveitamento de ideias de projetos anteriores se feito direito, pode ser algo incrível.

Cavalos e mais cavalos embaixo do capô

Não adianta ser a tartaruga mais chique de Lakeshore City sendo que seu objetivo é vencer o Lakeshore Grand. Usando o estilo de tuning de peças semelhantes ao de Need for Speed 2016, o jogador pode trocar peças como Filtro de ar esportivo, módulos ECU, sistemas de escape, transmissões, suspensões, pneus, virabrequim e até mesmo o motor completo do veículo.

Sempre que tiver dinheiro melhore seu carro, mude a carroceria dele, mas não esqueça de sempre melhorar a oficina quando puder, para ter acesso a melhores peças. Além de deixar uma reserva para poder ter acesso aos eventos, já que há sempre uma taxa a ser paga.

Need for Speed: Unbound
Tirar pegas com os trens é a nova moda

Transformar um carro velho e fraco em uma máquina de rasgar asfalto é realmente divertido. Além de, caso esteja acostumado, o jogador pode criar máquinas insanas, eu mesmo já recriei meu fusca de drift, um fusca capaz de alcançar 300Km/h e fazer drifts de mais de 100 metros de distância!

Mas um grande problema que senti em Need for Speed: unbound foi que o jogo ficou mais arcade do que esperava em relação ao Need for Speed 2016. Passando uma sensação semelhante de direção a de Heat, que ainda mais que seja divertido, ainda é um pouco flutuante a direção, não dando tanta confiança muitas vezes ao jogador.

I came, i saw, i praise the Lord

Need for Speed: Unbound é o novo Underground 2, chamativo, gritante, barulhento e ofensivo para quem tem medo da mudança. Meus únicos grande problemas são a direção sem peso e a menor capacidade de tuning de suspensão independente da dianteira e traseira do veículo, que ficou mais uma vez trancada apenas em estética.

Need for Speed: Unbound
Uma batalha entre irmãos pelo domínio das ruas

Vesti meu melhor blusão, meus Jordans e puxei a imagem e direção da minha weekend na minha cabeça enquanto sentava no meu sofá para correr com a molecada e os velhos dinossauros parceiros de pista, afinal a equipe do Waguin da Meia Noite está sempre presente na pista!

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