O estúdio Still Running lança Morbid: The Lords of Ire como um verdadeiro salto em relação ao seu antecessor, “The Seven Acolytes“, que chegou em 2020. Agora o seu universo não está mais em visão isométrica, mas como um verdadeiro soulslike de ação – com a câmera atrás da protagonista e a acompanhando a cada morte.
Nele redescobriremos o mundo sombrio em que Strivers adentra, desta vez pronta para abater os Senhores de Ire…mesmo sabendo que eles nunca serão abatidos de forma definitiva. Porém, com o apoio de aliados, quem sabe a sua nova missão não seja mais bem-sucedida do que a anterior? No mínimo, menos perigosa talvez.
A evolução em Morbid: The Lords of Ire
Confesso que me surpreendi positivamente com a experiência que tive com Morbid: The Lords of Ire, mesmo com a mudança total de gênero e exploração. Os comandos de Strivers respondem muito bem, assim como a sua movimentação – levando um verdadeiro risco aos oponentes, mas é bom ficar alerta já que estes também não deixam essas melhorias visíveis apenas nas ações da protagonista.
Ambiente, armas, formas de explorar os vastos cenários e de alcançar seu objetivo são o grande destaque aqui – trazendo de fato uma versão bem superior ao que foi visto anteriormente. Eu mesmo me perguntei como a equipe de desenvolvimento progrediu tanto nos últimos quatro anos, sendo que mal posso esperar para ver o que trarão em 2028 e como evoluirão estas fórmulas.
Elogios à parte, enquanto este crescimento merece ser destacado, suas falhas também atrapalham uma parte da experiência. Mesmo podendo explorar o ambiente de forma livre, ele conta com diversos impedimentos que te forçam a seguir determinados caminhos que já foram definidos pela direção. A que mais me incomodou foram as barreiras vermelhas, que te obrigam a dar uma grande volta para derrubar e poder passar livremente.
A constância de inimigos também incomodará quem jogar Morbid: The Lords of Ire. Em determinados momentos, você passará por muitos locais que estão totalmente vazios e sem uma alma sequer para você fatiar. Já em outros, terá uma quantidade absurda de monstros fortes concentrados e qualquer movimento em falso significa ter de reiniciar todos os abates do zero.
Ainda assim, os combates estão muito bem-feitos. Os atributos das armas são extremamente importantes de se levar em consideração, assim como a resposta delas em relação a determinados oponentes. Às vezes vale mais a pena um equipamento leve e fraco que possibilita a defesa e contra-ataque veloz do que um equipamento mais forte – porém, que impede você de usar as mecânicas que te facilitam o trabalho.
” Às vezes vale mais a pena um equipamento leve e fraco que possibilita a defesa e contra-ataque veloz do que um equipamento mais forte”
Mecânicas e sangue
A experiência de Morbid: The Lords of Ire é bem simples no início, mas cheio de particularidades para os mais atentos. Bastou você equipar uma arma, deixar o item de cura “no ponto” e cair para cima dos inimigos. Alguns power-ups podem ser adicionados, como bênçãos que aumentam seus atributos ou runas que ajudam a fortalecer seus equipamentos.
É também interessante notar como a forma que mata seus oponentes gera multiplicadores de experiência, garantindo que você avance mais rápido conforme joga de forma melhor. Ou seja, se você não é tão bom, terá mais trabalho para se adequar – apesar de receber o que é justo. Caso já manje de como o gênero soulslike funciona, ele te abre caminho mais rápido para ter status melhores e poder enfrentar inimigos mais fortes.
Já visualmente, as coisas não favorecem muito o jogador que busca o ápice de seu PC de última geração ou dos consoles mais recentes como o PlayStation 5 e Xbox Series. Mesmo com um excelente desempenho, não dá para comparar Morbid: The Lords of Ire graficamente com os títulos mais medianos da geração PS4 e Xbox One.
Ainda assim, algumas coisas com certeza te chamarão a atenção. Uma delas é a quantidade de sangue que jorra toda vez que confronta os monstros – o que é algo “simples”, mas que fez toda a diferença durante o jogo para mim. Pode parecer viagem da minha mente, mas o que vi me fez imaginar como seria um “soulslike de Mortal Kombat” e o resultado é basicamente o que está na tela deste game.
“[…] algumas coisas com certeza te chamarão a atenção. Uma delas é a quantidade de sangue que jorra toda vez que confronta os monstros”
Faltou dinheiro, sobrou paixão
Por tudo o que vi, o que realmente chama a atenção em Morbid: The Lords of Ire são as nuances. Movimentação e ataques dos oponentes, o papel das suas armas e itens especiais nos embates, os upgrades que podem ser feitos e também a forma como lida com diversos inimigos é quem dita o verdadeiro ritmo da jornada.
Obviamente que a ausência de orçamento é visível, trazendo gráficos que podem não agradar tanto assim os mais pentelhos. Porém, se você fechar os olhos para este detalhe, perceberá que seu desempenho e formas de utilizar tudo o que tem para oferecer não perde muito para o que vemos em estúdios como a FromSoftware, Koei Tecmo e outros que também estão investindo nessa área.
Isso me fez observar que, com um investimento maior na Still Running e dando tempo para eles, é possível que tenhamos experiências ainda maiores do que Morbid: The Lords of Ire. O jogo atual pode ter falhas, mas passa longe de ser ruim. O potencial da equipe é grandioso e, com os incentivos corretos, podemos ter uma grande “player” no gênero soulslike em um tempo bem curto.
Acredito fielmente que esta não será a última vez que ouço falar dessa franquia e que veremos muito mais deste estúdio daqui em diante. E, por tudo o que vi no jogo atual, mal posso esperar para ver os avanços que demonstrarão futuramente – seja nesta franquia ou em outras que tiverem a ideia e paixão de trabalharem.
Prós:
🔺 Gameplay e mecânicas excelentes
🔺 O desempenho está afiadíssimo
🔺 Percebe-se que o jogo foi feito com paixão
🔺 É um grande salto em relação ao seu antecessor
Contras:
🔻 É notável que o orçamento não favoreceu o resultado final
🔻 Constância de inimigos deixou a desejar em alguns momentos
🔻 Impedimentos de avanço pelo mapa incomodam
Ficha Técnica:
Lançamento: 17/05/2024
Desenvolvedora: Still Running
Distribuidora: Merge Games
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch, PC
Testado no: PS5