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O brilho da lua impulsiona as mãos daquele conhecido apenas como o “Escultor” a moldar a argila, criando corpos e soprando vidas. Um passado que apenas sobrevive em sua memória, memória esta dividida com aqueles que ousam encarar os desafios de Moonscars.

Um metroidvania com forte inspiração em títulos como Mortal Shell e em parte Bloodborne. Uma aventura desafiadora e obscura, onde a lua domina os céus e brilha palidamente sobre as vidas deste mundo abandonado a sua fria mercê.

Lua de sangue

Moonscars oferece ao jogador um mundo sombrio e privado de luz que não provenha de nosso satélite natural. Brilhando enquanto paira nos céus, o corpo celeste ilumina a trágica narrativa de Grey Irma e os pristinos, poderosos guerreiros criados pelo Escultor.

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Essa serra é extremamente forte!

Em sua concepção através de argila, pó de ossos e icor, os pristinos e Grey Irma batalharam por incontáveis desafios e logo se viram perdidos um dos outros e Grey Irma restou sozinha. Em busca de seus antigos aliados, respostas e o Escultor, a poderosa guerreira terá de desbravar um mundo de escuridão, estátuas e reflexos.

Moonscars traz à tona um ar de Mortal Shell com Vampire Hunter D, um mundo onde o corpo real de nossa protagonista jaz em outra realidade, enquanto nos aventuramos por uma terra coberta de sombras. Um mundo que parece ter saído diretamente do quadro O Pesadelo.

Em sua busca pelo Escultor, descobriremos que Grey Irma parece ser apenas um fragmento até mesmo em sua integridade. Um pedaço de algo muito maior que fora esquecido, abrindo caminho entre aqueles esquecidos e aprisionados pelo brilho frio da lua e até mesmo sendo capaz de afetá-la.

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Seu doppleganger, além de lutar como você, tem sua arma especial. Cuidado!

Um passeio pelas covas

Inicialmente, começamos nas periferias de um forte próximo a uma ponte, um local repleto de cadáveres prontos para matarem Irma. Mesmo tendo o foco em ser um Metroidvania, ao invés de Castlevania, Moonscars se comporta mais como Blasphemous ou Death’s Gambit.

O foco do jogo está nos combates mais viscerais, fluídos e, às vezes, injustos. Irmã possui ataques normais e carregados, um contra-ataque e uma esquiva que permite que ela se torne praticamente intocável.

Mesmo sendo uma guerreira hábil, Grey Irma ainda é capaz de muito mais para trazer a morte aos seus inimigos. Durante o jogo, descobrimos que ela pode aprender diversos feitiços que vão de rajadas de energia a aplicação de veneno ou vermes em sua arma.

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Não é impossível, mas é mais cansativo derrubar ele na pancada

Há também as armas especiais, que possuem ataques poderosos e podem trazer bônus de mana ou vida. Estas armas especiais são diversas e sempre são escolhidas quando ocorre um combate de espelho, algo que irei citar mais a frente no texto. Estas armas podem causar muito dano, servindo como armas pesadas, como serras, machados, marretas e várias outras.

Os dois lados do espelho

Logo no início de Moonscars, um gato é visto ao lado do Escultor, gato este que surge durante o jogo e sempre fala com irmã, mesmo que pareça odiá-la. O felino sempre mostra que há caminhos diferentes a serem tomados e nos dá dicas. Porém seu maior conselho vem quando ele apresenta os espelhos.

No mundo de Moonscars, os espelhos funcionam como as bonfires de Dark Souls. Caso o jogador morra, ele volta ao último que fora usado. Serve também como viagem rápida, mesa de upgrade, árvore de habilidade e local para se realizar sacrifícios para apaziguar a lua de sangue.

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Grey Irma parece ter muito a se lembrar ainda

Os espelhos, no entanto, possuem uma interessante e curiosa mecânica. Quando entramos em um pela primeira vez chegamos na oficina do Escultor, local onde encontramos a gata novamente, um par de gárgulas tagarelas e o que parece ser um corpo de um Escultor tomado pela loucura, apenas sussurrando pelos cantos e vendendo itens.

Nesta oficina, Grey Irma cria para si as cópias corpóreas que controla enquanto está em animação suspensa. Ela deixa o corpo antigo para controlar uma cópia. Sempre que entra em um novo espelho, a protagonista é dividida em dois: um corpo volta para a oficina e o outro fica naquele mundo, com a arma especial escolhida.

E acredite, este doppleganger irá fazer de tudo para matá-la e tomar o seu lugar. Algo semelhante ao Navio de Teseu, onde a cada novo mergulho no espelho temos uma troca de corpo e arma especial, nos fazendo questionar se ao final de tudo Irma ainda será ela mesma ou outra pessoa através de tantas trocas de corpo.

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Os chefões são um show à parte

Pagando com o pó da terra

Durante sua jornada, Irma derrota vários inimigos, além de poderosos chefões. Sempre que sai vitoriosa, Pó de Osso lhe é concedido. Como moeda de troca neste mundo estranho de Moonscars, Pó de Osso irá permitir que Irma compre poderosas bruxarias e as aprimore cada vez mais para ataques e armadilhas ameaçadoras.

Um exemplo disso é o feitiço de explodir corpos, fazendo com que inimigos caídos se tornem armadilhas se bem utilizadas. Justamente por serem tão fortes, elas são bem caras. Portanto faça bom uso de amuletos encontrados pelo cenário ou comprados com a casca do Escultor em sua oficina.

Semelhante aos jogos da série Souls e outros, a oficina funciona como uma grande interface, onde descobrimos mais detalhes sobre a história além de comprar e vender itens. Você pode inclusive fazer negócio com uma jovem sacerdotisa que tem como objetivo a compra de memórias de personagens.

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Eu não confio em você, você não quer me deixar ver o final verdadeiro…

Uma vez que morremos, o espirito de Grey Irma fica no local até ser recuperado ou morrermos novamente. Caso esteja muito difícil vencer os oponentes, é possível trazer estátuas não terminadas como aliadas. Mas tome cuidado, pois caso não as torne aliadas, os inimigos vem em dobro.

Quando Grey Irma morre, além de perder o Pó de Osso coletado, outro evento ocorre: a lua se torna vermelha e as criaturas ficam banhados em sangue, mais resistentes e fortes. Para reverter seu destino, é necessário sacrificar uma glândula ao espelho. Algo semelhante a quando se perde a humanidade em Dark Souls.

Moonscars também apresenta alguns minichefes espalhados pelo mapa. Estes inimigos possuem uma grande quantidade de vida e geralmente guardam itens e passagens secretas.

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O que terá acontecido entre Irma e os Pristinos?

Para derrotá-los é necessário que o jogador use suas melhores combinações de ataques físicos e magia, mas é sempre bom estar com atenção redobrada. A barra de magia, que serve como cura, também pode ser recuperada através do combate a cada ataque desferido. Porém o custo de cura é sempre alto.

Labirinto bifurcado

Durante a exploração neste imenso mundo, Grey Irma irá encontrar vários NPCs, alguns aliados e outros com motivos escusos. Moonscars conta lentamente como Irma se separou dos outros pristinos. Diferente do que ela mesma acredita, a separação parece não ter sido amistosa e seus antigos aliados parecem ter se corrompido.

As lutas são sempre emocionantes, mesmo que difíceis, frequentemente fazendo com que o jogador apure os sentidos para além do visual. É preciso prestar atenção em sons e outras dicas que o boss e o jogo lhe darão para evitar certos ataques. Com uma mecânica bem fluida e divertida, o combate e exploração de Moonscars é excelente.

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Através de metáforas, as gárgulas sempre nos dão dicas

Claro que algumas vezes os comandos parecem não responder, como quando termina um combo e desejamos emendar uma magia logo em seguida e Irma acaba não respondendo. Essa curta janela de tempo pode resultar em um golpe inimigo, junto da barra de vida indo embora.

Após derrotar os chefes e um grande número de inimigos, Irma recebe um upgrade passivo e temporário até morrer ou criar um doppleganger. Estes upgrades podem aumentar a cura, chance de dano crítico, reduzir o custo de magia ou apenas nos curar completamente.

Moonscars é uma grata surpresa, uma carta de amor para os fãs de Castlevania, Blasphemous e Dark Souls. Um jogo fantástico cujo mundo escuro e frio parece ter saído diretamente dos últimos quadros de Francisco Goya, enquanto na Quinta del Sordo.