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Após o lançamento de Pokémon, em 1996, inúmeras cópias de sua fórmula surgiram. Apesar de Monster Harvest ser mais uma entre as várias existentes, levanto o chapéu para a Maple Powered Games pela criatividade de tentar inovar dentro de um mercado já consolidado e que tem uma base de fãs bem crítica. Afinal de contas, como fazer algo do gênero misturado com agricultura sem parecer piegas?

Desde o primeiro momento que vi as primeiras informações sobre o título, fiquei curioso sobre a abordagem e por tudo que ele estava apresentando. Vamos combinar, é impensável uma combinação dessas. O gráfico remetia aos bons tempos de Game Boy Advanced, a ideia parecia interessante e as criaturas vistas no trailer até chamavam a atenção. Aí liguei o videogame e minha opinião mudou.

Não me entendam errado, caros leitores. Monster Harvest não é um jogo que seja ruim de fato, ele tem seus méritos que explicarei durante o texto. Porém, ele exige uma paciência assombrosa em tudo que acontece. Nada vai acontecer do dia para a noite e às vezes necessita que você tenha o dom de respirar fundo antes de começar a ver qualquer ação acontecer nos finalmentes.

Um chutão nos ovos mexidos

Sendo ainda mais direto, é uma chatice completa no início. Reunir madeira e pedras, além de plantar e regar, tomam seus pontos de stamina de uma forma ultra veloz. Seu personagem acordou, foi realizar algumas atividades e em questão de cinco minutos você terá de voltar para casa, fazendo ele dormir para que a barra volte a ser preenchida. Imagine ver isso logo de cara no game?

Se você, assim como eu, jogar no Nintendo Switch, a situação é pior ainda. Monster Harvest parece ter toda a sua interface montada para funcionamento no PC e ser adaptada ao console híbrido, mas não fazem isso de uma forma bacana aos jogadores. Mover o cursor nos menus é um teste de paciência. Ver opções que simplesmente não dá para acessar também enchem.

Porém, o pior de tudo e que me fez não sentir a menor vontade de jogá-lo foram as letras minúsculas do jogo. Gente, falando seríssimo, beira ao impossível ler o que aparece no console em seu modo portátil. Se você não tiver uma lupa, recomendo jogá-lo apenas na televisão. Sinceramente, isso é o que mais me incomodou e espero que uma atualização melhore isso. Já me daria menos vontade de excluir ele da memória do videogame.

Imagem do review de Monster Harvest
Ler isso no modo portátil do Nintendo Switch é terrível.

Dito isso, seria certo afirmar que Monster Harvest mirou em Pokémon e Harvest Moon e acertou no meu saco. Confesso que as primeiras horas foram sofridas, acabei incomodado o suficiente para querer me livrar logo desse review e não via a hora de finalmente ter isso escrito para nunca mais voltar à minha fazendinha. Foi justamente neste momento que as coisas mudaram.

Apesar das letras minúsculas, aprendi como criar alguns monstrinhos para me ajudar em combate dentro de uma masmorra criada de forma procedural. Lá você pode reunir recursos, além de enfrentar novos monstros e aumentar o nível dos seus. O título não foge da cartilha, mas deixa um suspense enorme em saber qual será o próximo que enfrentará e se ele será forte o suficiente para derrubar os seus. Estratégia será a sua palavra-chave nestes momentos.

Juntando tudo que precisava ou até sua energia acabar, você pode sair de lá a qualquer momento a partir do menu. Desta forma, várias coisas são liberadas em Monster Harvest. Pode utilizar os itens obtidos para vender e reunir dinheiro. Matéria-prima conquistada também serve para melhorar os seus próprios, melhorando a qualidade de vida que está sendo oferecida ali. Por exemplo, uma enxada aprimorada, que te faz gastar menos energia ou uma espada que causa mais dano pré-batalha e assim segue.

Imagem do review de Monster Harvest
A cidade até que fica agradável depois de um tempo.

Conforme pega tudo isso, posso te jurar que minhas reclamações diminuíram e comecei até mesmo a curtir a minha jornada. Do descanso, seguia para a lavoura e plantava os vegetais, adicionando um pouco dos elementos químicos necessários para criar os Planimais. Dali ia para a cidade comprar os itens necessários para minha próxima aventura. Dava um salto temporal para a noite e seguia direto para as masmorras, onde a porrada rolava solta. Retornava à casa, botava os itens para venda e o ciclo recomeçava.

Você acaba se apegando aos bichos de Monster Harvest conforme enxerga eles passando de saco de pancada para destruidores de criaturas. Aumenta a sua propriedade, criando mais espaço para plantar, melhorando o solo, montando um estábulo para o gado e muito mais. Realiza missões para os cidadãos da pequena vila. Por mais que minha experiência não tenha sido das melhores, isso me dava razões para ficar ao menos mais dez minutos naquele universo.

Imagem do review de Monster Harvest
Depois de apanhar, está na hora de bater um pouco.

Decepção define Monster Harvest

Veja bem, isso não me faz retirar nenhuma das minhas reclamações acima descritas. A não ser que você tenha MUITA paciência, não recomendo que jogue. Complementando tudo o que disse sobre o game, também tem o fator de que se um dos monstrinhos morrer, dê tchau em definitivo. Ele não volta mais. Com isso explicado, vá com extrema cautela caso tenha gostado de algum deles.

Também experimentei alguns travamentos sinistros em uma circunstância em específico de Monster Harvest. Seu personagem principal é lentíssimo, podendo se mover com uma cambalhota para frente que agiliza um pouco as coisas. Quem jogar vai entender, terão momentos que você vai se mobilizar apenas dessa forma para não ficar enjoativo a mesma viagem toda santa vez que você resolver passear pelos locais espalhados.

Porém já te aviso: não entre, de forma alguma, na masmorra desta forma. Se você entrar andando normal, vai dar tudo certo. Todas as vezes que pulei para dentro como descrevi acima surgiu um bug diferente. O caminho estava bloqueado, eu surgi lá em um buraco de onde não dava para sair entre várias outras. Também espero que isso seja resolvido com atualizações, pois foi bem frustrante.

Imagem do review de Monster Harvest
Fiquei preso não apenas neste espaço horrível.

Além disso, vamos ser sinceros, Monster Harvest tem uma história fraquíssima. Beira ao cômico. Você se muda e é parente direto do professor que estuda os Planimais, ele te dá um terreno gigante e você passa a cuidar de lá, salvar a população da cidade e enfrentar a empresa maléfica que está causando danos ambientais. Até achei legal pegar essa última abordagem como conscientização, mas de resto andou pior das pernas do que Pokémon. E olha que a franquia da Game Freak se esforça algumas vezes para trazer algo mais ruim a cada geração.

Sendo bem sincero com vocês, até fico triste em falar tudo isso. Conforme joguei, ele tem pontos que realmente são bem-feitos e sua performance não desagrada. Mesmo o design tem o seu charme, o jogador acaba se acostumando e vendo beleza naquele universo. Aqueles que tiverem um pouco mais do dom de respirar fundo vão encontrar razões para ficar, isso é inegável.

O grande problema de Monster Harvest é que há coisas boas em um oceano de decepções. Você enxerga os pontos positivos, mas eles não passam nem perto de todos os negativos apresentados. Algumas podem ser resolvidas com um grande update, outras são decisões da direção do título e não é algo que será alterado. No saldo final, muitos não passarão duas horas nele para ver o que há de legal dali.

Imagem do review de Monster Harvest
Sendo sincero, é decepção que cobre o que há de legal.

Um dos exemplos que citei acima, do tamanho minúsculo da fonte, pode ser ajustado futuramente. Aí entra a campanha da produtora que afirmou que ele chegaria totalmente em português. Realmente veio, mas de que adianta quando você não consegue ler o que está escrito no Nintendo Switch? Se você jogar no PC e em outras plataformas talvez não passe por isso, mas me desapontou.

Com o lançamento agendado para hoje, eu recomendaria a você aguardar por uma atualização antes de adquirir. Mesmo que tenha algo bom, não dá para ignorar todos os pontos negativos enquanto eles são gritantes na tela. Vai por mim, é melhor assim do que reunir futuros arrependimentos com a sua aquisição. Porém, guarde essa grana que a situação pode mudar em questão de tempo.

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