Skip to main content

Dentre tantos filmes icônicos do Studio Ghibli, fica até difícil escolher um preferido. O Serviço de Entregas da Kiki não é um dos mais comentados, mas certamente tem seu charme e uma legião de fãs mundo afora. Com uma história simples e personagens cativantes, temos a oportunidade de acompanhar uma jovem bruxa durante toda a sua jornada de amadurecimento – arranjar um emprego certamente é a coisa mais adulta que podemos fazer na juventude.

Para criar Mika and the Witch’s Mountain, o estúdio espanhol Chibig bebeu muito dessa fonte. Este simpático indie foi totalmente inspirado na obra de Hayao Miyazaki, nos colocando na pele de uma aprendiz de bruxa que precisará trabalhar com entregas para garantir seu sustento. A proposta é simples e certamente derrapa muito no meio do caminho, mas ao menos funciona perfeitamente como um “cozy game” (a nova febre do momento).

Serviço de entregas da Mika

Assim como Kiki, Mika é uma garota que está prestes a começar seus estudos em bruxaria. Ao chegar na academia de magia, ela acaba sendo surpreendida por um ato inesperado de sua tutora, que a joga penhasco abaixo. Devido a uma aterrissagem nada delicada, a vassoura da menina acaba quebrando, a deixando sozinha e perdida em um povoado desconhecido. A única solução será trabalhar para conseguir comprar uma vassoura melhor e voar de volta até a academia.

Aqui temos um pequeno e simpático mundo aberto que gira em torno de uma ilha. O local possui diferentes biomas e habitantes um tanto amigáveis, que sempre estarão dispostos a ajudar Mika. Seu objetivo principal será fazer entregas para os correios locais até conseguir uma boa vassoura, o que leva em torno de quatro a cinco horas. Contudo, o mapa também dispõe de uma parcela de segredos e colecionáveis, estendendo esse tempo um pouco mais.

O visual do jogo utiliza um cel shading claramente inspirado em The Legend of Zelda: The Wind Waker – o que fica ainda mais evidente devido ao território costeiro e ao “excesso” de oceano, que pode ser visto de qualquer direção. No geral, os gráficos são muito charmosos, mas ainda apresentam uma certa inconsistência no Switch. Por vezes, é possível se deparar com bugs nas texturas e elementos que aparentam ter pouco capricho.

Já a jogabilidade pode ser um pouco confusa, especialmente no início. A principal mecânica aqui é a de voo e suas primeiras experiências pilotando uma vassoura podem ser bem frustrantes – mas parte disso se dá à própria vassoura, que está quebrada e limitada. Conforme se obtém alternativas melhores, fica mais fácil voar pelos arredores da ilha e torna-se possível explorar novas áreas, dependendo da capacidade do seu “veículo”.

Workaholic

Para conseguir “subir na vida”, Mika deve juntar bastante dinheiro – e assim como na vida real, essa não é uma tarefa fácil ou justa. A empresa de entregas local lhe paga apenas uma moeda por pacote entregue e, para piorar a situação, ela recebe apenas quando ganha uma avaliação positiva do destinatário.

Cada entrega possui suas próprias regras, que se limitam apenas a objetivos simples como não quebrar o pacote no caminho, não molhá-lo ou completar o serviço dentro de um limite de tempo. Esses requisitos são bem básicos e se repetem o tempo inteiro, então digamos que desafio não é o forte de Mika and the Witch’s Mountain. Do ponto de vista “cozy”, ele está muito bem servido, mas a consequência disso é que acaba se tornando muito repetitivo.

Os personagens da ilha costumam transitar entre um ponto e outro ao longo do dia, então nem sempre você os encontrará no mesmo lugar. Mika também não possui auxílio de um GPS, o que nos obriga a fazer nosso próprio caminho utilizando o mapa como referência; não é a forma mais prática de jogar, mas não demora muito para se acostumar.

Além de fazer “a mesma” entrega incontáveis vezes, você também pode tirar um tempo para explorar a ilha e encontrar colecionáveis, que por sua vez podem lhe recompensar com novos trajes para a bruxinha e artes conceituais. Em alguns momentos, me diverti mais explorando do que entregando pacotes, reforçando o fato de que os devs poderiam ter incrementado um pouco mais essa parte do jogo – que por sinal representa sua principal proposta!

Outra falha que acabou pesando é a falta de profundidade dos habitantes da ilha. Não demora para entendermos que eles são simpáticos, mas em suma, não passa disso. Não é possível conversar com eles para conhecê-los melhor ou descobrir qualquer informação que contribua minimamente com um enredo mais interessante. No final, Mika and the Witch’s Mountain é igual a vida real: o foco aqui é apenas trabalhar.

Ainda assim, posso afirmar que a maior parte do meu tempo com o jogo foi positiva. Mika and the Witch’s Mountain é um título bonitinho e relaxante que funciona perfeitamente em jogatinas casuais. Não posso deixar de pensar que seu potencial foi bastante desperdiçado, mas por outro lado, não é todo dia que encontramos um game inspirado em O Serviço de Entregas da Kiki!

70 %


Prós:

🔺 Proposta simples e relaxante
🔺 Visual fofo e levemente parecido com Wind Waker
🔺 Os upgrades melhoram a jogabilidade gradativamente

Contras:

🔻 Muito repetitivo e pouco desafiador
🔻 Os personagens não possuem profundidade
🔻 No início, voar com a vassoura será bem esquisito
🔻 Alguns bugs gráficos

Ficha Técnica:

Lançamento: 21/08/2024
Desenvolvedora: Chibig
Distribuidora: Chibig, Nukefist
Plataformas: Switch, PC
Testado no: Switch

Star Trucker

Review – Star Trucker

Carlos AquinoCarlos Aquino12/09/2024
Caravan Sandwitch

Review – Caravan Sandwitch

Raphael GiannottiRaphael Giannotti12/09/2024
Imagem de fundo do jogo Elsie, mostrando a protagonista e um enorme robô inimigo.

Review – Elsie

Marco AntônioMarco Antônio10/09/2024