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Dezenove anos após o lançamento de Metroid Fusion, os fãs finalmente poderão acompanhar as aventuras de Samus fora da linha temporal Prime. No planeta ZDR, uma transmissão de vídeo foi feita, mostrando um dos Parasitas X que infectaram Samus no passado, solto na natureza. Agora em Metroid Dread, ela precisará enfrentar uma nova ameaça misteriosa que ronda o planeta, além dos parasitas X e um descendente da tribo Chozo.

A Nintendo trouxe o famigerado projeto Dread à luz enquanto todos esperavam novidades sobre Metroid Prime 4. A nova aventura de Samus é assinada pela MercurySteam, estúdio responsável pelo excelente Metroid: Samus Returns (3DS) – e também da esquecida franquia Lords of Shadows, de Castlevania. Conseguirá Dread deixar seu nome na história ou cairá nas sombras assim como Gabriel Belmont?

Mergulhando nas trevas

Metroid Dread traz um novo planeta e novos desafios, mas nenhuma semelhança com a série Prime. Voltando ao estilo 2,5D e com grande foco em backtracking, temos o puro sumo do termo Metroidvania aqui. Ou seja, todos os elementos que tornaram a série Metroid famosa até os dias de hoje. O jogo entrega exatamente a experiência da qual estava com saudades: exploração de labirintos com puzzles e upgrades espalhados pelo mapa, além de comandos extremamente precisos.

Imagem do review de Metroid Dread
Corre que o Chozo está bravo!

Metroid Dread resgata aquele “mood” clássico da série que os fãs tanto gostam. Aquela sensação de estar no subsolo de um planeta abandonado nos confins dos cosmos, sobrevivendo ao desconhecido. Uma sensação que permeia da tela para o jogador, do começo ao fim da jornada.

O planeta ZDR possui toda uma imensa instalação subterrânea, o ponto de origem da transmissão que mostrava o Parasita X livre na natureza. O local é guardado por um poderoso guerreiro da tribo Chozo, uma memória antiga para aqueles que jogaram Metroid: Samus Returns. Raven Beak é o seu nome e ele entra em combate com Samus logo quando ela aterriza no planeta.

Raven acaba levando a melhor e, quando estava prestes a matar nossa heroína, algo ocorre. Um surto de energia passa pelo corpo de Samus e ela perde a consciência, acordando depois com “amnésia física” – uma desculpa aceitável para apresentar a nova versão da armadura Fusion. Samus deixou pra trás a Power Suit, um modelo semelhante à antiga armadura, que fora consumida pelo Parasita X em Metroid Fusion e deu origem à SA-X. Um monstro que marcou a franquia.

Metroid Dread
Vale tudo em Metroid Dread, até tiro na orelha

Socorrendo, mas também correndo

Samus vai ao planeta após um esquadrão de sentinelas E.M.M.I. perder contato após aterrisar em ZDR. Estes Identificadores Móveis Multiforma Extraplanetários são feitos de uma liga praticamente indestrutível e algo os tornou hostis. Tal situação coloca a vida de Samus em risco enquanto vasculha os corredores do planeta, fazendo com que as áreas protegidas pelos E.M.M.I.s sejam cheias de adrenalina e apreensão.

Metroid Dread resgata a tensão de Metroid Fusion, apresentando ruínas de instalações para vasculhar enquanto lida com a vida hostil do planeta. Como de praxe, temos a Morph Ball com suas bombas, aprimoramentos para o canhão de pulso e o poderoso dash de Samus. A corrida, o gancho (Grapple Beam) e o radar de pulso também retornaram, com novas funcionalidades. Aliás, é extremamente difícil completar 100% do jogo sem o radar de pulso, adquirido mais adiante na área de Ghavoran. E os mísseis teleguiados, presentes em Metroid Prime e Other M, agora não travam mais em um único alvo, aumentando ainda a eficácia dos disparos.

De novidade mesmo, temos o Phantom Cloack e o Spider Magnet. O Phantom Cloack permite que Samus se torne invisível por um breve período enquanto consome a barra de Aeion, dando vantagem durante as perseguições dos E.M.M.I.s em suas áreas cinzas. Confinados nestes locais, os sentinelas vivem em patrulha em busca de invasores, quaisquer que sejam. Com um excelente sensor, eles se guiam pelos sons que Samus faz e se movem com perfeição em sua busca. É possível reconhecer o estado em que eles se encontram pelas cores de seu visor. Azul para patrulha, amarelo para busca e vermelho para perseguição e eliminação. Já o Spider Magnet permite que Samus grude e se desloque por superfícies magnéticas azuis, seja pelas paredes ou teto. Samus pode também atirar nestas condições.

Imagem do review de Metroid Dread
Argh, eu detesto fases com água, seja o game que for

Os sentinelas se dividem em 7 modelos, cada qual com uma cor e uma especialidade. O primeiro, que aparece todo ferrado, serve de tutorial sobre como enfrentá-los. Já os outros premiam com habilidades ao serem derrotados. O E.M.M.I. branco dá o Spider Magnet; o verde dá a Morph Bal; o amarelo o Flash Shift (dash); o azul habilita os mísseis de gelo; o roxo confere o Wave Beam; e, por último, o vermelho dá a Power Bomb. Cada um deles apresenta um novo desafio, como se mata-los já não fosse uma tarefa hercúlea por si só!

Encontro com a morte

A única maneira de derrotar um E.M.M.I. é absorvendo uma rara energia que irá dar a Samus o Omega Cannon, capaz de destruir a armadura e núcleo dos sentinelas. Mas ela surge raramente e em locais específicos, além de levar um tempo para carregar o canhão. Por isso não deixe com que os sentinelas te peguem, afinal de contas a chance de sobreviver a um ataque deles é de apenas 1%. Seus movimentos erráticos devem ser contra atacados no momento exato. E isso é um dos grandes prazeres de Metroid Dread, contra atacar os inimigos.

Trazendo novamente a mecânica de melee counter, introduzida em Metroid: Samus Returns, aqui é possível repostar vários tipos de ataques. Inclusive alguns ataques de chefões, dando início a sequências vantajosas ao jogador. Por isso treine bastante, pois eles não irão te deixar passar facilmente.

Um rosto familiar em meio às novidades

No quesito visual, Metroid Dread impressiona mesmo com o gameplay vindo em primeiro lugar, mantendo-se a maior parte do tempo nos 60 FPS. Seja no modo docked ou portátil, o game está magnífico em todos os aspectos: no design das instalações da ZDR, na variedade dos inimigos, nos efeitos de iluminação. Há, inclusive, todo um cuidado extra com a imersão: em algumas áreas, a câmera se afasta para mostrar a grandiosidade das coisas, e vemos também a rica fauna do planeta em segundo plano nos cenários, observando e reagindo aos movimentos de Samus.

A trilha sonora e a sonoplastia dão um show à parte, com seu tom soturno e industrialmente pesado. A trilha aumenta e diminui seu peso conforme as áreas que explora para deixar o jogador tenso e em alerta, especialmente quando os E.M.M.I.s estão por perto e ouvimos seus passos ecoando pelas superfícies, geralmente de metal. Quando o jogo dá fôlego, entram músicas de ambiente que não o deixam esquecer que está pisando em solo alienígena.

Perdidos na história

Um dos grandes problemas que vejo é a total falta de acessibilidade aos games anteriores da franquia. A Nintendo não facilita e muitos jogos do passado estão ficando cada vez mais no passado. Atualmente, conferir a série principal ou mesmo a trilogia Prime (cujo a história se passa entre Metroid 1 e 2) se tornou uma tarefa difícil. Metroid: Samus Returns, o recente remake de Metroid 2 (lançado em 2017), também não está disponível em nenhum lugar fora do Nintendo 3DS.

Nessas horas, é melhor ficar quietinha no canto

Metroid Dread, ainda que sendo um jogo excelente, pode ser um tanto quanto intimidador para os novos jogadores. A introdução, que relembra (por cima) os acontecimentos de Fusion, não é o suficiente para evitar confusão. Muitos ficarão alheios ao que está acontecendo na trama. Algo que daria facilmente para resolver com logs acessíveis pelo menu de pausa, para ler sobre a tribo Chozo, a inteligência artificial de Adam Malkovich, entre outras informações indispensáveis da lore.

Para aqueles corajosos, eu recomendo Metroid Dread sem pensar duas vezes. Uma volta triunfal para Samus no atual console da Nintendo e um aperitivo incrível para abrir caminho para Metroid Prime 4.