Marvel’s Spider-Man finalmente trilhou seu caminho de teias para os computadores. A chegada do título da Sony para os PCs faz parte de uma estratégia que a dona do PlayStation começou em 2020, com o lançamento de Horizon Zero Dawn para a Steam, e vem ampliando seu catálogo desde então.
A essa altura do campeonato, depois do jogo original ser lançado para o PS4 em 2018 e ser ovacionado, se tornando um sucesso, o título desenvolvido pela Insomniac Games ainda chegou para o PlayStation 5 como Marvel’s Spider-Man Remastered. E é essa versão que os computadores estão recebendo através da Steam e Epic Games Store, custando R$ 249,90.
Tudo isso dito, o título é o mesmo jogo bom de sempre, mas agora melhorado com o poder dos PCs (raça mestre que fala, né?). Bom, não é novidade que um super computador irá rodar bem qualquer título AAA como Marvel’s Spider-Man sem dificuldades, não é mesmo? Mas e quando o assunto é um PC mais simples? É essa pergunta que irei responder nessa review.
Não tente jogar com menos de 4GB de VRAM
A própria Insomniac Games recomenda uma NVIDIA GeForce GTX 1060 6GB ou uma AMD Radeon RX 580 como placas de vídeo para jogar Marvel’s Spider-Man Remastered em 1080p, com qualidade gráfica mediana e com 60 FPS. Eu testei com uma GPU levemente abaixo, uma GTX 1060 3 GB, além de uma GTX 1660, que passa da recomendação da desenvolvedora.
A minha intenção era dar a você, leitor, uma ideia do que placas de vídeo levemente acima do que é considerado de entrada conseguem entregar no jogo. Já começo afirmando que a GTX 1060 3GB não é indicada, já que a baixa quantidade de memória de vídeo torna a experiência bem sofrida. É uma pena, já que o chip gráfico dessa GPU tem poder de fogo, mas a pouca quantidade de VRAM limita a placa.
Caso você não esteja ciente do que pouca memória de vídeo causa em um jogo pesado, eu explico: com pouca VRAM você terá vários problemas, um deles é entregar uma taxa de quadros por segundo (FPS) que oscila bastante. Exemplo: em uma cena fechada, dentro do laboratório do Dr. Octavius, a GPU mal chegava em 80% de uso, mas a contagem de FPS dificilmente subia de 35. Isso acontece por conta da memória de vídeo cheia.
Outro indicativo, que é tão chato quanto o anterior, são texturas que não carregam corretamente. Em diversos momentos, o jogo terá texturas lavadas, sem detalhes, seja em prédios, objetos pequenos e no próprio Spider-Man e personagens. Ou seja, é algo visualmente falando bastante desagradável. Falarei mais sobre o desempenho da GTX 1060 de 3GB mais adiante.
Otimização para os computadores
Em contrapartida, a GTX 1660 (6 GB), que é uma placa acima da recomendação da Insomniac Games para uma experiência em 1080p, médio e 60 FPS, entregou um resultado muito superior, mesmo não sendo tão mais forte que a outra GPU que usei. Com texturas na qualidade mais alta, Marvel’s Spider-Man Remastered não enche os 6GB de memória de vídeo dessa GPU. Então é bem fácil conseguir 60 FPS constantes, até com qualidade alta, em quase todo o jogo.
Repetindo: quase todo o jogo. Marvel’s Spider-Man Remastered de PC, até o momento, tem tido dificuldades em entregar 60 FPS constante enquanto o “miranha” está se balançando em suas teias pela cidade. E o curioso é que, se você pegou o impulso e está “voando” por poucos segundos, o desempenho está bom. Porém ao jogar teia novamente para pegar um novo impulso, os quadros por segundo voltam a cair entre 10 e 15 FPS, o que não é pouca coisa.
Eu tentei diversas configurações gráficas e resoluções, e nada desse problema ser amenizado. Até mesmo usei o AMD FSR 2.0, filtro de upscaling de imagem para ver no que ia dar, e mesmo assim não resolveu. Vale lembrar que isso aconteceu em minha experiência, difícil saber como o jogo está rodando em diferentes configurações.
Em relação ao restante das configurações do PC recomendados pela Insomniac, meu computador conta com uma CPU Ryzen 5 2600X, que é mais que suficiente, os 16GB de RAM e SSD recomendados. Em geral, achei muito boa a otimização – quando você atende os requisitos, claro. Somente essa questão que mencionei que foi o pior problema nesse sentido.
Ainda é um jogão, mas não é perfeito
Além disso, o jogo fechou na minha cara algumas vezes de forma aleatória. É possível mandar um relatório automático para a desenvolvedora ficar ciente do que aconteceu. Outro problema recorrente foi a dessincronização de áudio. Isso foi um problema bem chato que aconteceu muito comigo, durante todo o jogo. O áudio trava, a cutscene continua, e depois quando o áudio volta as falas se atropelam e você não consegue entender a conversa.
Durante os dias em que estive jogando Marvel’s Spider-Man Remastered no PC, o jogo recebeu duas grandes atualizações. Na última atualização, a desenvolvedora adicionou o FSR 2.0, além de mais opções gráficas e nova interface no menu inicial.
Algo que a última atualização focou foi no desempenho ao usar os efeitos de ray tracing em placas NVIDIA GeForce RTX e AMD Radeon RX 6000. Vale lembrar que o jogo oferece, além do AMD FSR 2.0, o NVIDIA DLSS também, e um próprio algoritmo de upscaling da Insomniac (IGTI). E nos minutos finais de minha jogatina, a NVIDIA disponibilizou um driver otimizado para o game.
Com o novo driver, resolvi instalar novamente a GTX 1060 3GB. Os métodos de upscaling como o FSR e o IGTI (já que o DLSS só está disponível para as RTX) ajudam essa placa, e outras do nível dela, a chegarem mais longe. Claro, com o preço de ter a qualidade gráfica reduzida. Mesmo assim, já está mais aceitável para essa GPU especificamente – mas ainda com problemas de desempenho, pois o upscaling não faz milagres.
Com os filtros upscaling, a GTX 1660 consegue até mesmo atingir 60 FPS em 1440p com qualidade alta. Esses recursos tornam bem mais acessível a experiência de quem conta com uma placa de vídeo mais fraca.
Mesmo com esses problemas, é inegável que dá para ter uma ótima experiência com o jogo nos computadores. Muitos desses problemas técnicos podem (devem, na verdade) ser corrigidos, e então o game ficará ainda mais incrível.