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Review – Marvel’s Spider-Man 2
Peter e Miles se unem para enfrentar novas ameaças em Marvel’s Spider-Man 2, trazendo uma aventura maior

Marvel e Insomniac Games se unem novamente para trazer Spider-Man 2, sequência direta dos eventos vistos no primeiro título – lançado em 2018 no PS4 – e em Miles Morales. Neste novo capítulo, com todos os elementos já sendo estabelecidos por seus antecessores, podemos ver uma história completa com os dois super-heróis tentando alcançar um patamar ainda mais alto na história dos videogames.
O plot é bem simples e auto-explicativo: enquanto Miles tenta se tornar um Aranha digno e que honre o legado de seu mentor, Peter ainda tenta equilibrar a sua vida pessoal com a heróica e tem de lidar com a aparição de duas grandes figuras em Nova Iorque; Harry Osborn e Kraven, o Caçador. Isto bota a vida dos dois de cabeça para baixo e mexerá bastante com os fãs de um dos maiores ícones das histórias em quadrinhos.

Spider-Man 2 com dois heróis
Para defender a cidade de todas as ameaças, a Insomniac Games decidiu botar Peter e Miles como co-protagonistas de Marvel’s Spider-Man 2 e cada um tem sua própria série de habilidades e uniformes para serem utilizados dentro da aventura. Além disso, um recurso muito bacana é a presença de ações em dupla nas batalhas – não necessariamente contendo os dois heróis, com coadjuvantes aparecendo para ajudar também no combate ao crime.
A adição do uniforme simbionte e de Venom também são excelentes para a trama, distanciando um pouco o gameplay dos dois e trazendo um novo perfil para Peter Parker. Adicional ao traje, você pode ouvir a voz de Venom pelo speaker do DualSense enquanto batalha ou vê algum trecho da trama – o que traz bastante a sensação de que há algo ali o tempo todo, mesmo em momentos mais brandos.

Sendo bem sincero, eu acho que a trama de Marvel’s Spider-Man 2 é bem honesta e tem vários momentos marcantes. O relacionamento entre Peter e Miles, seus familiares e pessoas amadas – assim como os vilões dos anteriores e os novos oferecem um carisma extremamente impactante e vão fazer os fãs ficarem bem felizes com a fidelidade que alguns deles são representados. Acredito que os últimos capítulos dela podem não agradar a todos, como não me satisfez tanto, mas não representa um problema de fato.
Eu que não gosto muito de flashbacks, por exemplo, fiquei encantado ao ver um jovem Peter Parker e Harry Osborn tentando invadir a escola ainda com seus 14/15 anos de idade. Poder jogar isso, ao invés de apenas assistir, também é bem importante. Assim como voltamos a ter um destaque para Mary Jane Wattson, que ganha mais espaço na trama e diretamente no plot, fora a novata Hailey – que é acompanhada de um toque extremamente sensível de sua deficiência e que me quebrou por completo pelo respeito que a desenvolvedora a trouxe aos holofotes.

Tudo de novo, novamente?
Uma das maiores reclamações de Miles Morales foi ser uma repetição de tudo o que já tínhamos visto no jogo original, de cinco anos atrás. Marvel’s Spider-Man 2 não muda muito a forma como a banda toca, até porque em time que está se vencendo não se mexe. No entanto, ficar balançando por Nova Iorque, ver os mesmos estilos de missões e abordagem pode te cansar se você jogou os anteriores recentemente.
Para a sorte de todos, a Insomniac Games trouxe uma trama em tempo reduzido – contando que cerca de 20-25 horas não te cansarão tanto quanto os demais títulos que vão de 40 a 50h de gameplay em mundo aberto. A trama também não dá tantas voltas em seu destino, então estes pontos podem ajudá-los a se cansarem menos com a aventura como um todo.

O maior problema que terá em Marvel’s Spider-Man 2 é ver diversos bugs e glitches que podem atrapalhar a sua experiência. Fora as cabeças voando que já deve ter visto nas redes sociais e os movimentos bizarros que os heróis fazem, é possível que eles também fiquem presos em algum lugar e você seja obrigado a reiniciar o software por causa disso. Além disso, comigo ele travou por completo em um dos trechos no fim, o que me deixou bastante frustrado com o trabalho da Insomniac Games.
Ainda assim, eles aproveitam bastante o poder do PlayStation 5 para trazer um dos melhores títulos que a plataforma já viu. Tanto em quesito visual quanto técnico, até no uso do próprio DualSense, ele mostra como os jogos de uma nova geração devem se portar e tornam o trabalho dos próximos em agradar o público ainda mais difíceis. Mesmo o que eu disse acima pode ser consertado via atualização e ele é um jogo obrigatório para qualquer fã do herói e dono de um PS5 em 2023.
Prós
- A história é direta, sem muitos rodeios
- Uniforme de Venom muda bastante o gameplay de Peter
- Acertam o tom com heróis, coadjuvantes e vilões
- O uso do DualSense na aventura é bem interessante
Contras
- Alguns bugs e glitches incomodam
- Travamentos não são incomuns
- O jogo mantém muito dos seus antecessores
Nintendo
Review – Born of Bread
Encarne um protagonista feito de pão e salve o mundo das garras do caos

Já houve uma época em que a internet surtou com um jogo em que controlávamos um pão de forma, então acredito que Born of Bread tem potencial de sobra para se tornar um dos títulos favoritos do ano para os amantes de pães. O indie da WildArts Studio tem fortes inspirações em Paper Mario, tanto no visual quanto no gameplay, mas consegue ser autêntico o suficiente para ganhar nossa simpatia de imediato.
Misturando elementos de aventura com RPG, Born of Bread nos coloca em uma jornada repleta de fantasia, personagens carismáticos e um humor bem leve, daqueles que nos tiram umas risadinhas naturalmente. Não é aquele tipo de jogo que chama a atenção logo de cara, mas quanto mais nos aprofundamos naquele mundinho, mais apaixonante ele se torna.
O pãozinho da profecia
O jogo começa quando um grupo de arqueólogos acaba libertando um mal há muito emprisionado, trazendo de volta à vida diversas criaturas sedentas por caos. Ao mesmo tempo, o padeiro real de um certo reino acidentalmente cria um golem de pão após fazer uma receita mágica, trazendo nosso protagonista Loaf para a história. Após serem derrotados por essas figuras misteriosas, a dupla se vê forçada a partir em uma jornada para salvar seu lar e cumprir uma profecia de milhares de anos.

Apesar das grandes semelhanças com Paper Mario, ainda acho que Born of Bread se assemelha muito mais a Super Mario RPG. A história é repleta de diálogos bobos, mas muito bem-humorados, além de contar com personagens cheios de personalidade. É muito divertido acompanhar as interações entre eles – o que pode até surpreender em determinados momentos, já que o jogo também aborda alguns temas mais adultos nas suas entrelinhas.
O visual é inegavelmente semelhante aos jogos do Mario de papel, trazendo um 2.5D que mistura cenários tridimensionais com personagens 2D. Todos os mapas contam com uma profundidade que nos permite explorar diferentes planos, enquanto seus elementos são 3D. Apenas os seres-vivos desse mundo são “feitos de papel”, o que traz um certo charme para o estilo artístico do jogo.

Jogar Born of Bread é como assistir a uma animação interativa, pois ele tem todos os requisitos necessários para nos cativar rapidamente: cores vivas, elementos desenhados a mão, personagens estereotipados e muita descontração. A trilha musical também não fica atrás, coroando esse conjunto com faixas envolventes e dignas de uma clássica história de jornada do herói.
Tudo no seu tempo
Apesar da franquia Paper Mario também contar com um combate estratégico em turnos, as mecânicas vistas em Born of Bread acabam ficando mais próximas de Super Mario RPG, novamente. As batalhas seguem o padrão clássico dos RPGs de turno, mas com algumas diferenças relevantes que tornam o jogo mais original.
Aqui, todo tipo de ataque ou arma possui um timing diferente. Ao acertarmos esse tempo, o golpe sai mais forte e somos recompensados recuperando alguns pontos de ação. Da mesma forma, é possível acertar um timing para se proteger de um ataque inimigo e coisas do gênero. A diferença é que toda variação de ação ofensiva traz um pequeno minigame diferente, que em sua maioria envolve apertar o botão no momento exato ou macetá-lo até encher uma barrinha de poder.

Essas mudanças na dinâmica dos golpes deixa o combate bem mais envolvente e menos automático. Arrisco até a dizer que essa mecânica é até melhor do que a vista em Super Mario RPG, pois lá o timing consiste mais na base da adivinhação e “tentativa e erro”. Aqui, temos total noção do que é necessário fazer para acertar o tempo, bastando apenas se acostumar aos diferentes minigames e Quick Time Events.
Outra particularidade bem interessante desse combate é a possibilidade de fazer streams das batalhas. Aqui, o jogo simula uma live em que espectadores fictícios começarão a comentar seu desempenho e pedir alguns movimentos específicos. Ao satisfazê-los, podemos ganhar alguns bônus no final do confronto, então acaba sendo uma ideia criativa para tornar as batalhas menos repetitivas e mais instigantes.

As habilidades que desbloqueamos em combate também nos serão úteis durante a exploração, pois existem diversos caminhos e áreas que estarão bloqueados de início. Bebendo um pouco da fonte dos metroidvanias, Born of Bread tem sua parcela de backtracking e incentiva os jogadores a revisitar mapas antigos para encontrar itens que ficaram para trás. Nem sempre é recompensador se preocupar com isso, mas é uma boa desculpa para quem quer fazer sua experiência render ainda mais.
Minha única crítica realmente relevante é que o jogo inevitavelmente pode se tornar enjoativo com o tempo, algo que acontece até com Paper Mario, devido à rotina de diálogos, exploração e combate. A campanha não foge muito disso, mas também não falha em nos divertir do início ao fim – ainda que em menor escala mais perto do final. Born of Bread definitivamente é uma das maiores surpresas do ano e mais um título de destaque em meio a um mar de excelentes indies que foram lançados nos últimos meses.
Nintendo
Review – The King of Fighters XIII: Global Match
A SNK trouxe The King of Fighters XIII: Global Match como uma boa mistura entre arcade e modernidade

Enquanto Mortal Kombat e Street Fighter continuam buscando o futuro, The King of Fighters XIII pega suas experiências passadas com carinho para trazer novas sensações ao público que sente falta de um bom e velho jogo de luta arcade 2D.
Na versão “Global Match”, a SNK trouxe como novidades o rollback netcode, expandiu os recursos vistos no lobby e ainda introduziu o modo espectador. E mesmo que você não curta o ambiente online e nem queira investir na carreira de pro player para disputar a EVO, ainda vale os bons tempos de fliperama que ele inspira de volta.

A evolução em The King of Fighters XIII
Para começar, sendo bem honesto com vocês, há muitos anos que meus dedos não ficavam com calo em um jogo de luta. E foi exatamente isso o que ocorreu enquanto testava o novo The King of Fighters XIII: Global Match. A experiência me fez retornar para antes dos anos 2000, quando esse estilo reinava nos consoles e arcades.
É impossível não querer disputar uma partida com cada pessoa que vai te visitar, assim como não vejo a menor chance de escolher um modo que não seja o 3v3 clássico. Há diversas outras opções, como o Time Attack, Survival e até uma galeria para você poder ver todas as artes e filmes disponíveis. Porém, a alegria só vem quando o oponente é derrubado no chão com muito suor.

O elenco é fantástico, assim como a adaptação do seu gameplay para os consoles mais modernos. Apesar de chegar para o PlayStation 4 e Nintendo Switch, eu testei no PS5 e não tenho nada do que reclamar. Os comandos respondem adequadamente, são muito velozes e recria com exatidão a época onde este tipo de experiência era o que mais importava para uma desenvolvedora.
Não estou reclamando dos capítulos mais recentes da SNK, caros leitores. Só queria deixar claro que The King of Fighters XIII: Global Match é a escolha ideal para quem está buscando um bom jogo arcade e sem um apelo gráfico ultra-realista – priorizando o que temos de melhor nos movimentos dos personagens e no rico elenco.

A luta como você esperava
Eu me aventurei bastante por todos os modos e parece que fui transportado diretamente para a época onde jogava Street Fighter Alpha 3, no meu primeiro PlayStation. A grande diferença é que, além dos recursos inéditos que a nova geração pode proporcionar, também temos um número de lutadores bem maior.
Além dos grupos que podem ser selecionados em The King of Fighters XIII: Global Match, também dá para desbloquear alguns lutadores secretos conforme avança nos outros modos. Sim, você não precisará pagar nem R$1 a mais ou esperar por Passes de Temporada. Está tudo lá, dependendo apenas da sua habilidade.
Ele pode não ser o favorito de todos, como é o caso de KOF ’98, mas consegue reunir todos os aspectos positivos da franquia para trazer um gameplay consistente, gráficos aprimorados, cenários belissimos e até mesmo certos ganchos da história que farão o público desejar finalizar o quanto antes. Caso ele esteja em seu radar, não precisa pensar duas vezes e pode investir sem medo de ser feliz.

Imagine como se Guitar Hero se encontrasse com Overcooked e desse origem ao jogo de ritmo mais caótico que já existiu. Super Crazy Rhythm Castle é exatamente este título e chegou aos consoles no finzinho de 2023 para divertir as festas de fim de ano.
Desenvolvido pela Second Impact Games, o lançamento publicado pela Konami aposta na mistura de gêneros e jogabilidade simples, com muita música e cores, para uma aventura que chega após 10 anos de trabalho.

Sem muito sentido para a história, que acaba divertindo pela loucura, nós embarcamos numa aventura por um castelo musical em que o enlouquecido Rei Ferdinand nos espera, pronto para defender sua coroa e acabar com seu dia. Para deter os planos desse maléfico tirano, manter o ritmo dos nossos personagens e salvar diversos NPCs das garras da crueldade, os jogadores precisarão superar os desafios perversos em desafios ritmicos para vencer o Rei no próprio jogo dele.
Realize combos sem perder o Rhythm
Seja jogando sozinho ou com ajuda dos amigos, você utilizará um elenco de personagens malucos em salas com atividades ainda mais insanas para tentar alcançar até três estrelas em cada partida, para avançar até a derradeira batalha contra o malvado Rei. Por mais maluquice que seja, o trabalho da desenvolvedora britânica esbanja carisma e estilo, com muita cor e cuidado ao trabalhar o som e o visual.

Com mais de 30 faixas para você conhecer e desbloquear, cada música oferece a opção de ser jogada com três ou quatro teclas, de acordo com a dificuldade que você desejar, além de estar dentro de um mundinho próprio. Como assim? Imagine a ambientação criada em Psyconauts, mas para apenas uma sala, com atividades tematizadas e a música para ser jogada.
Isso mesmo! Você pode jogar a música, ao melhor estilo Guitar Hero, ou se preocupar em realizar as atividades e ações que a sala impõe, quase como tentativa de atrapalhar o seu desempenho rítmico. Quando isso acontece na companhia de até outros 03 jogadores, Super Crazy Rhythm Castle é um jogo fácil e divertido, porém contar com um NPC no modo single player tornou-se algo realmente desafiador para conquistar a avaliação máxima de três estrelas.
Caos multitarefa
A diversão neste novo jogo da Konami está além da música e ritmo, pois não sabemos o que vamos encontrar em cada andar do castelo, muito menos no desafio temático proposto. Enfrentar uma berinjela gigante que ataca como DJ, jogar como cachorro para coletar ouro, tentar prever qual tecla apertar num pequeno espaço de tempo, limpar a tela para facilitar o jogo, entre outras atividades que precisarão ser intercaladas, sempre mantendo o ritmo e dando sequência ao combo.

O jogo é relativamente curto, já que você pode ficar rejogando apenas as músicas no Music Lab, porém vai oferecer boas risadas com os absurdos e uma trilha sonora agradável, que consegue mesclar muito bem diversos tipos e gêneros musicais.
Esse detalhe ganha ainda mais destaque pelo trabalho da Konami em misturar os temas de Castlevania e Gradius ao catálogo de músicas disponíveis. No fim, Super Crazy Rhythm Castle ocupa um lugar especial por divertir aquela jogatina despretenciosa, principalmente quando você estiver na companhia dos amigos.