Muitos dizem que na guerra, quem morre sempre são aqueles que pouco tem a ver com o inicio da mesma. Porém em Martha is Dead, mesmo se passando durante a segunda grande guerra, os confrontos bélicos são os menores dos problemas ou os responsáveis pela morte que abalaria a vida de Giulia, sua mãe e seu pai, um oficial alemão escondido na Itália.
Martha is Dead vem atiçando a curiosidade de fãs de jogos de horror desde seu anuncio em 2020. Em janeiro fiz uma prévia do título que admito ser de longe um dos melhores que joguei neste inicio de ano no gênero de horror. Uma mistura de folclore com os horrores psicológicos da guerra, ou seja, um prato cheio para aqueles em busca de aflição áudio visual.
Sobrevivendo a horrores e a guerra
A guerra é de longe uma das piores catástrofes causadas por mãos humanas, mas há também aquelas mortes menores que ecoam por eras no mesmo local. Martha is Dead traz ambos os dois lados desta moeda fúnebre em sua narrativa sobre guerra e vingança.
Enquanto as irmãs e sua família se refugiam na casa de sua antiga babá nos campos da Itália, Giulia, uma das gêmeas exerce diariamente seu hobby de fotografia, música e aventuras. Enquanto sua irmã Martha, por ser surda, tem uma vida mais pacata e reservada, mas não deixa de acompanhar a irmã vez ou outra. Ambas costumam ir ao lago juntas, mesmo que o trajeto sempre as assuste.
Tudo estava as mil maravilhas, mas, o destino guardava um desfecho diferente para a família. Quando mais nova, Giulia passava dias nesta casa com sua babá e sempre gostava de ouvir a história da Mulher de Branco. Uma mulher que fora morta por seu grande amor e agora matava as jovens que se aventuravam próximo ao lago onde morrera.
Com isto a tragédia recai sobre a família e Giulia um dia vê um corpo boiando sob as águas do lago. Ao ir resgatar a pessoa descobre ser Martha. Usando um de seus vestidos brancos a jovem se afogou e nem mesmo a rápida ação da irmã foi o suficiente para poder evitar a tragédia.
O passado que atormenta o futuro
Com Martha morta ao seu lado Giulia não sabe o que fazer, o choque a domina, até mesmo quando seus pais chegam para ver o que aconteceu. Porém por não responde-los, eles acreditam que Giulia é a pobre e surda Martha e que quem morreu foi Giulia. Agora, finalmente tendo o amor de sua mãe, que anttes a rechaçava, Giulia começa a viver uma mentira.
Essa é a narrativa principal de Martha is Dead, uma história de tragédia, mentira e uma ira descomunal do espírito da Morte, por ter sido feito de trouxa. Uma mistura do pavor iminente da guerra que se aproxima cada vez mais do local segura encontrado pelo pai das garotas. Mas o verdadeiro perigo se encontra mesmo na natureza, com o espirito vingativo da Mulher de Branco impedindo que Giulia consiga se resolver com a alma de sua irmã que também passa a atormenta-la em sonhos.
Com um grande foco no esoterismo, temos Martha usando seu hobby como uma maneira de se comunicar com o mundo além. Utilizando até mesmo cartas de Taro para ser guiada, Giulia irá fazer de tudo em seu alcance para devolver a Martha sua essência, seu nome e até mesmo sua alma. Mesmo que isso custe tudo que tem.
Vendo através do véu
Como em Fatal Frame, a câmera de Giulia tem um papel extremamente importante na narrativa de Martha is Dead. Utilizando ela para poder realizar objetivos dados pelo game, além de poder usa-la para desvendar mistérios sobrenaturais como mensagens escritas no ar para Giulia. Ou seja, nada como na série da Koei Tecmo onde usamos a mesma para atingir os espíritos.
Com estas informações Giulia consegue entender melhor certos acontecimentos que estão por vir ou que estão ocorrendo. Como quando recebe uma carta de um conhecido, que está envolvido com um grupo rebelde Italiano, mas sabe dos perigos de ir encontra-lo, já que na noite anterior conseguiu fotografar um capacete da SS abandonado em meio a mata.
O gameplay é bem fluido e divertido, com esse grande foco em busca de soluções para mistérios. Afim de dar consolo a Giulia e uma saída para a situação no qual se encontra. Outro fator interessante de jogabilidade está no segmento de pesadelos, onde Giulia corre mata a dentro na noite, sempre em direção a bifurcações no caminho. Cada caminho possui uma palavra e é preciso revelar a frase para poder finalmente sair deste lugar horrível.
Cada pesadelo leva a um desfecho terrível. Seja o de Giulia usando o pingente de Martha para arrancar sua face e vesti-la, ao melhor estilo Leatherface. Podendo também leva-la a uma imagem tão sórdida dentro e ao lado do caixão que deixarei as suas mentes maquinarem o que pode ser tão terrível e profano assim.
O por do sol e o despertas da dama
Visualmente Martha is Dead é fantástico, dando até mesmo um trabalhinho para o notebook. Mas pude jogar sem problema algum a produção da LKA. Com um gráfico belíssimo e um grande foco nos modelos dos personagens e ambiente, Martha is Dead é um espetáculo narrativo, visual e sonoro.
A trilha sonora e sonoplastia são de ponta, com a minha música favorita sendo a qual podemos ouvir os lamentos suspirantes de mulheres, presumidamente levadas pela Mulher de Branco, como Martha. Porém tenho que dizer que o desenvolvimento do jogo é um tanto quanto automático demais, parecendo que estamos seguindo uma esteira até o final de tudo. Gostaria de um pouco mais de liberdade de ações.
Martha is Dead é um excelente jogo de horror e até mesmo uma narrativa calma para aqueles que estão cansados da correria e tiros em jogos de horror. Um jogo onde o folclore se mistura ao medo de combates e a morte de uma inocente jovem, vai fazer com que sua irmã passe por talvez a maior tribulação de sua vida em busca de revelar a verdade.