Os famosos jogos de “navinha” foram um gênero muito popular nos arcades, gerando nostalgia nos mais velhos e um leve interesse em quem é mais jovem. Lost Orbit: Terminal Velocity foi desenvolvido e distribuído pela PixelNAUTS Games e traz uma roupagem nova para a exploração espacial. O jogador é colocado no papel de um operário espacial, que perde sua nave e inicia sua jornada para voltar ao seu lar. Com um equipamento improvisado e totalmente à deriva no espaço sideral, o aventureiro enfrentará perigos quase sempre solitário pra voltar pra casa.
2001 + Perdido em Marte + Gravidade
A história do jogo se torna um diferencial, pelo fato de ser completamente narrada por um drone que observa de longe a jornada do nosso herói. Com um humor ácido e uma leve indiferença em relação aos problemas humanos, o narrador lembra muito personagens não humanos de outras franquias de ficção, sendo jogos ou filmes. Tais como Hal 9000 de 2001: Uma Odisséia no Espaço, grande obra de Arthur C. Clarke, e que foi imortalizado pela adaptação cinematográfica feita por Stanley Kubrick, ou ainda a famosa GLaDOS da série Portal.
O protagonista de Lost Orbit: Terminal Velocity só começa a mostrar um pouco de personalidade quando começa a interagir com o narrador, e demonstra um bom humor e otimismo que são um contraponto a frieza do drone que o acompanha. Me lembrou um pouco o personagem de Matt Damon em Perdido em Marte, sempre encarando de forma positiva cada novo problema que aparece, ao ponto de que também lembra a situação da personagem da Sandra Bullock em Gravidade, totalmente à deriva no espaço.
Lost Orbit: Terminal Velocity tem uma jogabilidade muito bacana e de certa forma diferenciada ao gênero. Nada de mil inimigos na tela, armas e power-ups cada vez mais potentes e chefes que ocupam a tela inteira: seu inimigo é o ambiente hostil. Você só tem que progredir em direção ao final da fase o mais rápido que puder, desviando de obstáculos e pegando pequenas gemas pelo caminho, que vão somar pontos ao final da fase. O esquema arcade se mostra bem evidente aqui.
Se você for em marcha lenta, fica mais fácil chegar vivo ao final, porém vai levar mais tempo. Se você for muito rápido, pode dar de cara com um asteróide ou acabar perdendo alguma gema no caminho, e tudo isso se soma para gerar uma pontuação e um rank ao final de cada nível. Ainda há um ranking mundial pra você ficar ciente de como foi em relação ao resto do mundo.
Coletar as gemas também te dá pontos para gastar em melhorias, que vão desde turbos para melhorar sua velocidade até escudos e armas para explodir ocasionalmente alguns asteróides inevitáveis. Aqui você faz o seu estilo: quem curte jogar de forma mais frenética vai maximizar seu boost e seu combustível pra rasgar o espaço e atingir velocidades insanas, já quem quer ir com calma, vai priorizar um belo freio e melhorias mais defensivas.
Um shooter sem tiros
A jogabilidade em si não tem uma curva de aprendizado muito longa. Poucos minutos são suficientes para você dominar os controles e assim enfrentar os perigos do universo de forma mais natural possível – tudo é muito simples.
Os gráficos são simples e bonitos, com um estilo cel-shading e cenários atraentes, efeitos muito bacanas e animações bem fluidas. O visual trabalha pro jogo sem sere protagonista, nem negativa, nem positivamente, um acerto que faz com que o jogo rode até em PCs não tão potentes assim.
Já a música se iniciou como um ponto positivo, mas que enjoou rapidamente. Com meia hora de jogatina, você já decorou todas as músicas de Lost Orbit: Terminal Velocity, cheias de sintetizadores e bem oitentistas. Fiz algo que não fazia a muito tempo: tirei a música e abri o Spotify pra jogar, e uma boa música eletrônica tornou o jogo mais imersivo. Jogar sem trilha alguma também é uma boa, aumentando a sensação de solidão do jogador.
Infelizmente, a curva de desafios não é tão grande assim e você mal sente que avançou, visto que a dificuldade é quase que linear, com um leve aumento ao longo do game. Mas no fim do dia, Lost Orbit: Terminal Velocity é um excelente arcade que vai te trazer momentos de frustração e empolgação com suas mais de 50 fases espalhadas por 5 mundos e com muito desafio.