Skip to main content

Quando somos crianças, até a mais simples das brincadeiras pode parecer a coisa mais incrível do mundo dentro de nossas mentes. Acho que podemos concordar que a criatividade e imaginação que temos durante a infância é algo único que acaba se perdendo conforme crescemos e começamos a enxergar o mundo com outros olhos; não dá para voltar a ser criança, mas agora temos a oportunidade de explorar esse mundo mágico de outra forma: jogando Lost in Play!

Lost in Play é um point and click à moda antiga que mais parece um desenho animado do que um jogo – e isso é ótimo, diga-se de passagem. Com um gameplay simples que consiste apenas na resolução de diversos puzzles, adentraremos uma verdadeira brincadeira de criança onde não há limites para a imaginação. A princípio ele nem parece ser tudo isso, mas não demora muito para simpatizarmos com cada coisinha deste game.

Um mundo de mistério

Aqui assumiremos o papel de dois irmãos que acabam se “perdendo” dentro do mundo mágico das suas próprias brincadeiras e agora precisam superar uma série de desafios para conseguir voltar ao mundo real. Como tudo aqui se passa na sua imaginação, as fases não possuem nenhuma lógica ou padrão; cada uma é ambientada em um cenário de fantasia diferente com personagens únicos, mas todos igualmente carismáticos e marcantes ao seu próprio modo.   

Lost in Play
É estritamente proibido atrapalhar alguém que está jogando Game Boy

A primeira coisa que esbanja charme em Lost in Play é o seu estilo de arte, que lembra bastante alguns desenhos famosos como Gravity Falls. O jogo é praticamente uma animação interativa, o que é o sonho de qualquer criança, pois imagina só poder assistir desenho e jogar videogame ao mesmo tempo? Além disso, ele é acessível para todas as idades, já que não existe fala nem textos ao longo da jogatina. Os personagens se comunicam por barulhos indecifráveis e todos os puzzles são bem intuitivos, com dicas e direções que envolvem apenas imagens.

Esse é um detalhe bem legal do game, pois apesar das dicas envolverem somente imagens (o que costuma ser mais fácil, já que uma imagem vale mais do que mil palavras), as coisas não são entregues de mão beijada. Geralmente ele só aponta alguns itens que você precisa encontrar e o resto depende apenas da sua curiosidade e raciocínio lógico. Como já enfatizado, as coisas são bem intuitivas e quando você encontra um item novo, automaticamente já saberá o que fazer com ele, mesmo que o jogo não tenha informado nada a respeito.

Lost in Play
Ajudar esses sapos foi uma das minhas partes preferidas do jogo

Nesse quesito, podemos dizer que Lost in Play faz jus aos maiores point and click da época que esse gênero estava no auge, como The Secret of Monkey Island, Day of the Tentacle e outros. Tudo consiste em chegar em um novo cenário, realizar uma série de puzzles que envolvem encontrar alguns itens em uma ordem específica e repetir essa sequência até o final.

Nem tão amigável

A variedade de fases é bastante satisfatória, principalmente porque nós nunca sabemos o que vamos encontrar a seguir. Em um momento você pode estar ajudando sapos a tirar uma espada presa em uma pedra e no outro pode estar jogando uma espécie de damas feita com caranguejos. Felizmente, nem só de puzzles de encontrar itens é feito este jogo e os desenvolvedores souberam encontrar o equilíbrio perfeito entre esses momentos convencionais e alguns minigames que servem para quebrar a rotina.

Todos os minigames consistem em outros tipos de puzzles, porém focando em algo mais voltado para o raciocínio lógico, semelhante aos quebra-cabeças que vemos na série Professor Layton. São um excelente respiro e também surpreendem pela sua variedade, mas não achei todos tão intuitivos quanto deveriam ser – levando em consideração que o jogo não dá nenhuma instrução. Em alguns, me vi forçado a apelar para o sistema de dicas, onde o game fornece uma imagem que entrega quase toda a resposta, mas ainda exige algum esforço por parte do jogador para solucionar o problema.

Os minigames ajudam a variar o jogo, mas também podem ser bem confusos

Esse também é um problema para um jogo que claramente visa alcançar o público infantil, como Lost in Play se rotula. A criançada até consegue tirar boa parte dos desafios de letra, mas alguns desses minigames são difíceis demais para os pequeninos – e provavelmente continuariam sendo mesmo com instruções. Mais para o final do jogo, existe uma fase em que seremos introduzidos a um card game autoral, que possui suas próprias regras, então por aí você já consegue imaginar como deve ser aprender a jogar um minigame de cartas sem nenhum tipo de explicação detalhada sobre as regras. Acaba sendo complicado demais para uma criança jogar sem a ajuda de um adulto.

Ainda assim, nada disso tira o brilho de Lost in Play. É aquele tipo de jogo que você senta para jogar meia horinha e acaba ficando horas sem perceber. Ele é leve, instigante, divertido e no final deixa a gente bem feliz, então não existem motivos para não experimentar. Uma pena que é tão curtinho, podendo durar apenas de três a quatro horas para quem for bom de puzzles, mas no final, vale a pena se perder nessa brincadeira.

Squirrel With a Gun

Review – Squirrel With a Gun

Carlos AquinoCarlos Aquino06/09/2024
Astro Bot

Review – Astro Bot

Diego CorumbaDiego Corumba05/09/2024