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Armored Princess foi a expansão stand-alone (quando você não precisa do jogo original) do ótimo King’s Bounty de 2008, um jogo que mistura estratégia, RPG e combates de turno de forma magnífica. Nele você escolhia um herói que recolhia recursos, recrutava tropas e subia de nível através de um mapa imenso, onde ele combatia grupos de inimigos em combates estratégicos em um campo de batalha em forma de tabuleiro. Sim, era um título com alguns defeitos; o mais notório dentre eles era a sua dificuldade em nível montanha-russa, que em alguns momentos lhe colocava em confrontos que beiravam o impossível. As adições dessa expansão foram mínimas, mas mesmo assim interessantes.

A história continua direta e simples como no original, com os demônios enfrentados e derrotados no primeiro jogo voltando para causar mais problemas ao reino de Endoria. Dessa vez você encarna a princesa guerreira Amelie (a tal Armored Princess do título), que é mandada para uma espécie de realidade alternativa em busca do seu mentor, o cavaleiro Bill Gilbert, e de algumas pedras mágicas que podem salvar seu reino natal do ataque dos demônios. Assim como em King’s Bounty, você está em um mundo colorido, cheio de ilhas e continentes a serem explorados, todos esses recheados de tesouros e inimigos variados que geralmente têm pelo menos uma batalha contra um chefe.

Se você já jogou algum jogo da série Heroes of Might & Magic, não encontrará nenhuma dificuldade aqui. Seu personagem navega por diversos mapas, acompanhado de um pequeno grupo de combatentes que variam entre diferentes “temas”, indo de arqueiros e cavaleiros até golens e vampiros, passando por bárbaros e cobras gigantes. Com o passar do tempo e das batalhas seu herói vai ganhando experiência que amplia suas habilidades, que por sua vez refletem no poderio e tamanho do seu exército. Existem três classes possíveis para seu personagem: guerreiro, paladino e mago. Cada um desses é especializado em habilidades diferentes. O mago traz mais poder para o campo de batalha através de magias, o guerreiro dá poder de ataque e defesa a suas tropas e conta com o poderes baseados em “Rage” (fúria), enquanto o paladino é um equilíbrio entre os dois. Conforme você avança pelo mapa, não apenas encontra combates como também algumas quests. Muitas delas envolvem apenas lutar uma ou outra batalha, ou levar esse ou outro artefato de um NPC para outro.

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As batalhas, que são a atividade em que você vai mais gastar tempo, são simples. Suas tropas se espalham pelo campo de batalha, que é por sua vez divido em hexágonos. Cada oponente move suas tropas em turnos, e cada tipo de tropa possui várias características diferentes, como poder de ataque e defesa, velocidade de movimentação e inclusive habilidades especiais, o que adiciona um novo nível de estratégia. Algumas das unidades atacam de longe, outras voam sobre obstáculos do campo de batalha, envenenam inimigos ou mesmo curam e ressuscitam aliados. As possibilidades são muitas, o que possibilita uma estratégia diferente para cada jogador.

Bem, isso é o básico sobre Armored Princess. Não há muitas diferenças do jogo original, além de uma história nova e algumas alterações na jogabilidade, sendo a mais significativa delas, sem duvidas, a remoção dos Espíritos e a adição do Mascote Dragão. No começo da aventura você escolhe um dentre oito filhotes de dragão, cada um com uma vantagem diferente. O dragão age exatamente como um dos espíritos do primeiro jogo. Durante as batalhas, cada vez que suas tropas e os inimigos trocam agressões o medidor Rage aumenta. Este pode ser usado para ativar as habilidades do seu pequeno dragão, que envolvem causar danos a inimigos, regenerar sua mana e até criar barreiras estratégicas no campo de batalha. E como seus antigos companheiros, o seu pequeno dragão vai ficando mais forte com o passar das batalhas.

Jogadores antigos vão notar que nessa expansão o jogo esta um pouco mais equilibrado, com uma dificuldade mais branda, diferente do conteúdo original, no qual subitamente encontrava-se batalhas dificílimas. A parte gráfica se mantém fiel ao título original, nada foi adicionado, nem à engine e nem ao estilo artístico. Os gráficos são um tanto quanto ultrapassados, principalmente os modelos dos personagens. Os movimentos de ataque são sempre os mesmos e o visual tende ser um pouco grosseiro, com muito colorido, mas com poucos detalhes. O tamanho da fonte usada nos textos também causa um pouco de incômodo. As conversas com NPCs possuem textos grandes que poderiam ser mais bem aproveitados caso as letras neles fossem um pouco maiores.

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King’s Bounty: Armored Princess é uma ótima representação de RPG e estratégia, contendo enredo, combates e desenvolvimento de personagens que fazem um jogo desafiante e recompensador. Não bastasse uma expansão “stand-alone”, acaba de ser lançado o pacote Crossworlds, que trás novas campanhas como The Champion of the arena. Aqui muito da história é deixado de lado em favor da ação, colocando o jogador através de série de batalhas contra chefes gigantes e poderosos na Emperos Arena. Ao final de cada confronto gordas recompensas são ganhas, mas não se engane pois, apesar de contarmos com tropas poderosas, você precisará de muita estratégia para passar por cada batalha.

Temos também a campanha Defender of the Crown, em que a princesa Amelie luta para conseguir o título de defensora da coroa. Os acontecimentos aqui servem como epílogo para Armored Princess. DotC é recheado de batalhas furiosas e intensas, que te recompensam de forma mais generosa ainda do que em Champion of the Arena. É uma campanha curta, mas bem estruturada, que atende a vontade de quem gostou da história de Amelie na primeira expansão, dando mais detalhes sobre esse aspecto numa seqüência de confrontos bem estruturados que rendem momentos épicos. E por fim temos Orcs on the March, que funciona como uma extensão do que foi visto na primeira expansão, com novos itens, magias e unidades para se recrutar. A melhor maneira de você aproveitar essa campanha é sendo um novato, porque, apesar das novidades bem-vindas, a não ser que você seja um fã “hardcore” dos conteúdos anteriores, não há muita vantagem em jogar ela novamente. Para finalizar, é perceptível algumas diferenças em relação às versões anteriores, como mais detalhes nas arenas de batalha e a adição de um editor de campanhas.

Apenas ressaltando o que foi dito a uns parágrafos atrás, apesar de Crossworlds não trazer mudanças gigantes há aqui um punhado de boas idéias para Armored Princess. Juntos esses pacotes formam um game que possui uma dificuldade que necessita de um pouco de adaptação, uma história que não é para todos, e gráficos que não fazem justiça à profundidade do jogo. Mas, mesmo assim, ele merece ser conferido por qualquer fã de RPG e estratégia.

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