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Kingdoms of Amalur: Reckoning nunca foi um sucesso estrondoso, mas aos poucos conquistou um lugar de respeito dentre os RPGs ocidentais. O jogo teve mentes brilhantes por trás de seu desenvolvimento, incluindo Ken Rolston (designer chefe de The Elder Scrolls IV: Oblivion) no design, R. A. Salvatore (autor de fantasia e sci-fi) por trás da criação de todo aquele universo, Todd McFarlane (criador do Spawn) na arte e Grant Kirkhope (ex-compositor da Rare) na trilha musical. É praticamente um dream team!

Infelizmente, este foi o único título lançado pela 38 Studios, pois a empresa acabou abrindo falência em 2012. Nesse meio tempo, a THQ Nordic adquiriu os direitos do jogo e preparou este remaster, prometendo renovar o sistema de progressão de personagens, trazer gráficos deslumbrantes e todos os DLCs inclusos.

Re-revivendo

Em Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning, controlamos um personagem que já começa a história morto, mas é revivido com a ajuda do Poço das Almas, uma invenção de um cientista anão. Não demora nem um pouco para nosso protagonista, que é chamado de O Destinado, se ver no meio de uma guerra, conspirações e mais um monte de maluquices que cabe a nós desvendarmos conforme formos avançando na campanha.

Apesar do jogo nos deixar criar um personagem do zero, as opções de customização são bem limitadas, tendo apenas quatro raças diferentes (na prática são só duas, humano e elfo) e meia dúzia de rostos e cortes de cabelo. Isso não é algo de todo ruim, mas é tão genérico que fica difícil de se apegar ao seu personagem – e olha que você terá tempo de sobra para isso, pois só a campanha dura em torno de 40 horas e ainda temos dois DLCs para dar continuidade a sua jornada.

Uma coisa que Kingdoms of Amalur acerta é no combate. Nem todo RPG precisa ser exageradamente complexo e estratégico, as vezes a gente só quer se internar em algum mundo fictício e descer a porrada em caras maus sem nenhum esforço. Ao invés de limitar as habilidades de nosso personagem com alguma classe, aqui temos um protagonista 100% híbrido, que pode manejar armas de corpo a corpo, conjurar magias, agir nas sombras ou ser um arqueiro de elite.

Finish him!

É claro que, conforme sobe de nível, você pode se especializar no estilo de combate que mais lhe agrada, mas nada te impede de alterar sua estratégia a hora que quiser. Cada inimigo possui suas próprias fraquezas e é até essencial alternar seu estilo para garantir uma passagem mais fácil pelas batalhas, mas se você quiser se limitar a somente um tipo de habilidade, também dá para levar numa boa.

Os movimentos dos personagens e dos inimigos nas lutas continuam um tanto travados, o que evidencia ainda mais a idade do jogo. Tudo é muito robótico e transmite pouca realidade, mas ao menos o combate é bem prazeroso justamente por ser simples. As finalizações ao estilo God of War são a cereja do bolo e ajudam a empolgar a matança ainda mais.

Re-revoltante

Reckoning tem um universo muito vasto, cheio de pequenas histórias sendo contadas. Quem se interessar em ler documentos, conversar com NPCs e explorar bastante terá um mundo muito rico para ser descoberto – afinal, tudo aqui foi criado e escrito por R. A. Salvatore, então não dá para esperar menos.

Apesar de terem prometido gráficos melhores nesta versão (afinal, trata-se de um remaster!), é notável que as alterações foram mínimas. O jogo foi adaptado para rodar em televisores 4K e tudo mais, mas muitas texturas estão nitidamente datadas, não só nos cenários, mas também em personagens (principalmente em inimigos).

Seja no corpo a corpo ou na magia, aqui você sempre se sente badass.

Os responsáveis pela remasterização também poderiam ter caprichado mais nos menus, principalmente em consertar a falta de praticidade deles. O menu principal é uma imagem estática com o logo do jogo, servindo perfeitamente para um jogo de PC lançado na virada do século (o que nem é o caso deste título), mas hoje já não rola mais. Custava colocar algo mais bonitinho? Um foguinho mexendo ali, uma fumacinha aqui… qualquer coisa!

Já o menu in-game é de uma enrolação sem tamanho: para equipar uma nova arma ou outro equipamento, primeiro você precisa selecionar uma opção do menu, que vai abrir outro menu completamente desnecessário. Você precisa passar por três menus para fazer uma coisa simples e rotineira, o que poderia ter sido facilmente resolvido nesta versão.

Quando foi lançado, este remaster também veio recheado de bugs e pelo menos a maioria deles já foram corrigidos. Os problemas de performance que testemunhei se resumem em quedas de framerate – principalmente durante batalhas contra vários inimigos – e alguns errinhos toscos, tipo NPCs e inimigos desaparecendo durante cutscenes ou a câmera focando em alguma coisa completamente nada a ver. Ainda são bugs que quebram a imersão, mas pelo menos os problemas que comprometiam o progresso do jogo foram resolvidos.

Não está horrível, mas poderia ser muito melhor…

Todos esses fatores não são algo condenável, mas não tem como desconsiderá-los já que todo remaster tem o dever de pelo menos corrigir os erros do primeiro. O Kingdoms of Amalur: Reckoning clássico também não rodava liso e tinha sua parcela de problemas de performance, mas não dá para investir mais de R$160 (valor do jogo no PS4) em um remaster cuja experiência será praticamente idêntica à do original, se tratando tanto das coisas boas como das ruins.

Apesar dos pesares, Re-Reckoning continua sendo um ótimo RPG e traz um excelente universo a ser explorado, então certamente é recomendável para aventureiros de primeira viagem. Já aqueles que conhecem este mundo desde a época do PS3 e Xbox 360 podem não achar nada de atrativo neste remaster, valendo apenas pela nostalgia.

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