Atualmente os shooters estão cada vez mais insanos, com robôs gigantes caindo dos céus ou soldados futuristas sabichões, fugindo totalmente da psique do que é estar em um campo de batalha. Por isso Insurgency: Sandstorm chega em boa hora e bota os dois pés no chão com uma simulação real de combate, situado em uma versão fictícia dos combates do Oriente Médio.
A continuação do simulador de combate tático Insurgency coloca o jogador no corpo de um insurgente ou de um soldado especialista em combates armados na busca de dominação de pontos de controle. Oriundo de um mod de Half-Life 2, o jogo evoluiu muito com o tempo, angariando jogadores em busca de uma experiência mais sólida e marcante em um jogo de guerra.
Marcas da guerra por todos os cantos
Insurgency: Sandstorm caiu no meu colo como uma bomba, literalmente me deixando em pânico com os detalhes e pesquisa investidos em sua produção. Jogos de guerra sempre me fascinaram, geralmente dando preferência à narrativas como Metal Gear que, mesmo com suas maquinações malucas, tratava o campo de batalha como o que ele é: um inferno na Terra.
Após um tutorial onde somos apresentados às diversas mecânicas empregadas para uma aproximação mais realista aos combates reais, somos então apresentados ao menu, onde podemos escolher jogar com BOTs ou buscar uma partida online, sejam elas casuais ou em busca de um local no ranking mundial de jogadores.
Como acreditei que apenas o tutorial não foi suficiente para me dar a habilidade necessária, os BOTs foram a opção. Até o momento, o modo local possui seis mapas e dois modos de jogo, porém os mapas são bem extensos e, pelos objetivos serem de captura de pontos, as partidas conseguem ser bem longas.
Aqui entra a maior diferença dos outros shooters, tais como Battlefield e Call of Duty. Geralmente nesses jogos temos um ambiente mais caótico com o fato do respawn do jogador ser quase que imediato. Em Insurgency: Sandstorm, o respawn vem por ondas de suporte. Ou seja, dependendo do modo que esteja jogando, você pode aparecer depois de 9 segundos ou até mesmo voltar apenas quando seu time conseguir completar algum objetivo.
Isso gera uma tensão grande em jogadores de primeira viagem. Nada de correr pelo mapa atrás de abates, “snipadas” sem mira ou mortes mão-a-mão apenas para aqueles extremamente corajosos e hábeis. O jogo preza que os jogadores sejam mais estratégicos do que simples atiradores, tentando atingir um equilíbrio entre fuzileiros, comandantes, bombardeiros e atiradores de elite.
Uma vez que o jogador tenha escolhido sua classe ele tem de checar e configurar seu esquipamento, sendo que cada um possui um tipo de armamento especifico. As classes se dividem entre Atiradores de Elite, Fuzileiros, Comandantes, Batedores, Conselheiros, Detonadores e Infantaria. Na configuração dos armamentos, é possível alterar o modelo da mira, empunhadura, cartuchos e até mesmo o bocal de disparo. Também é possível ajustar a pistola, coletes, explosivos e capacidade de carga da personagem.
Quando em movimento, é necessário que o jogador esteja concentrado pois o recuo aqui tenta ser o mais realista possível, sendo fácil de errar os tiros caso não seja delicado com o gatilho. Para evitar exposição desnecessária, o jogador pode (e deve) utilizar a mecânica de olhar pelas beiradas, onde a personagem inclina um pouco sua cabeça, indispensável para combates em esquinas ou limpeza de pontos.
O HUD é bem simples, por isso nada de retículas auxiliando a mira do jogador, o que traz um que a mais de realismo para o jogo. Os gráficos são simples porém bem trabalhados, trazendo uma versão bem detalhada de cidades do Oriente Médio, afetadas pela guerra. Com elementos destrutíveis espalhados pelo mapa, como automóveis, barris, paredes que podem ser destruídas e portas para serem chutadas durante as incursões.
As rodadas são medidas por tempo de objetivo. Uma vez que a equipe dos soldados tenham assegurado um objetivo, uma nova contagem é iniciada e, caso eles não consigam segurar o objetivo até o final da contagem, os insurgentes o retomam, o que torna o jogo ainda mais tenso e desafiador. Durante as incursões é bom que os jogadores estejam sempre se comunicando. Seja contra BOTs ou no modo multiplayer, invadir de uma maneira que desestabilize os inimigos é sempre a melhor opção.
Os BOTs são impiedosos, atirando sem pensar duas vezes, e aqui apenas um tiro bem dado pode ser fatal. Nada de diversos disparos e esperar atrás de alguma pedra pela recuperação mágica. Isso é algo que a New World Interactive realmente prezou, a realidade dos conflitos. Existe uma profundidade psicológica nos gritos e nas ações dos personagens, mostrando que houve um estudo profundo por parte dos desenvolvedores.
A culpa não é do diabo
Em Insurgency: Sandstorm não há comunicação pacífica ou engraçadinha pelos comunicadores ou comandos, apenas gritos de homens que sabem que o menor deslize pode ser o fim. Ao localizarem os inimigos, os personagens gritam com um fúria lamuriosa ao serem atingidos e, ao verem baixas de aliados, os personagens possuem linhas de reação, o que torna tudo mais real e melancólico.
A falta de uma trilha sonora deixa tudo ainda mais tenso, com uma sonoplastia incrível. Os sons gerados pelos disparos das armas, o baque das explosões, tudo pode ser sentido nitidamente pelos fones. A experiência é tão incrível que em determinado momento em que jogava, ao ouvir passos se aproximando, utilizei uma granada incendiária no quarto de onde vinha os sons. Ouvir os gritos de desespero e dor e ver um corpo de um homem se arrastar de um quarto em chamas seguido do silêncio e do leve som do estalar do fogo foram o suficiente para impressionar.
O sistema online não deixa a desejar, porém os servidores no Brasil ainda não possuem muitos jogadores, fazendo com que você caia em servidores gringos no matchmaking. Por isso, no Brasil ainda pode ser um pouco arriscado a compra do game, mas com certeza algo que deixará de ser um problema conforme novos jogadores se juntarem à batalha.
Insurgency: Sandstorm também possui seus pequenos problemas. Em determinados momentos é possível ver alguns itens “clipando” pelo mapa ou modelos de personagens invisíveis correndo por aí e deixando apenas uma mochila. Vemos também bandanas e óculos escuros armados esperando para te matar. Em alguns momentos o som de morteiros simplesmente começam a rolar, mas não há nenhum avião no céu ou bombas explodindo.
O game também permite que o jogador possa personalizar seu combatente, mudando itens de vestuário, como capacetes, coletes, óculos, máscaras e até mesmo o padrão de sua camuflagem. O jogador deve levar em consideração o seu estilo de jogo como, por exemplo: alguém que deseje agir fora das cidades e em locais de vegetação deve priorizar cores que se mesclem com o verde e não uma camuflagem urbana.
Insurgency: Sandstorm é um shooter que exige muito mais do jogador, o que pode ser um pouco contra-intuitivo para um certo público. Não há um mapa na tela o tempo todo e também não há indicação de onde os tiros estão vindo no mapa ou onde seus companheiros foram mortos. Não há auxílio visual e o jogador vai ter de contar com toda sua sagacidade e habilidade para sobreviver nesta simulação nada agradável dos campos de batalha.