2023 tem sido um ano insano para os videogames. São tantos jogos gigantes sendo lançados em tão pouco tempo que está realmente difícil acompanhar tudo. Em meio a um AAA e outro, temos os títulos médios, que são aqueles que ficam no meio termo: não são um indie pequeno, mas também não se encaixam no grupo de blockbusters com orçamentos de centenas de milhões. É aqui que nos deparamos com jogos como Immortals of Aveum.
Este é o jogo de estreia do estúdio Ascendant, composto por um seleto grupo de veteranos da indústria – e não menos importante, pessoas com um vasto currículo na franquia Call of Duty. Sendo mais um título da iniciativa EA Originals, Immortals of Aveum é um FPS decente que substitui armas por magias, só para sair um pouco da rotina. Tem um gameplay legal e um universo minimamente interessante, mas no final não passa disso.
Imortal até demais
A história de Immortals of Aveum faz jus ao nome e realmente aposta na imortalidade, pois é tão cheia de clichês que chega a ser impossível se desvencilhar daquela sensação de que você já viu aquilo antes. Aqui assumimos o papel de Jak, um rapaz que vê sua cidade ser destruída diante dos seus olhos por um cruel general chamado Sandrakk – este que deseja se tornar o novo ditador deste universo.
Durante o ataque, Jak acaba descobrindo seus poderes mágicos, que é algo bem comum no seu mundo. Porém, nosso herói é especial, pois é um dos poucos que possui o dom de controlar todos os três tipos de magia existentes aqui (o que eles chamam de Triarca). A partir disso, Jak se junta à ordem dos Imortais, um grupo de guerreiros que fará de tudo para salvar Aveum do plano maléfico de Sandrakk.
A campanha dura em torno de 20 horas e, mesmo que ainda existam diversos personagens e outras subtramas no caminho, a história é basicamente isso aí. Não chega a ser ruim, mas também não é nada que vai te deixar maluco para saber mais. Os personagens possuem personalidades bem estereotipadas e alguns diálogos são um tanto constrangedores (principalmente quando insistem em fazer graça com o corte de cabelo do protagonista).
Apesar do foco aqui girar em torno de magia, Immortals of Aveum ainda segue 100% da fórmula de um shooter básico. A diferença é que as armas foram substituídas por poderzinhos brilhantes, mas na prática ainda funciona da mesma forma. Temos aqui uma campanha linear em que trocamos tiros o tempo inteiro e, entre um combate e outro, paramos para resolver alguns puzzles e coletar algum loot. Na segunda metade do jogo, as coisas ficam bem repetitivas – mas mesmo nesses tropeços, ele ainda consegue divertir.
Poder ilimitado
Todas as mecânicas de Immortals of Aveum giram em torno das três magias que Jak pode controlar, que são identificadas por cores: vermelho, azul e verde. Cada uma serve para um propósito diferente: as vermelhas seriam as shotguns do jogo, sendo ideais para causar muito dano de perto; as azuis são os fuzis de precisão, a escolha certa para causar dano à distância; já as verdes são as metralhadoras, disparando muitos tiros de forma automática e sequencial.
É claro que essas magias são mais complexas do que isso e podemos desbloquear novas variações de cada uma conforme avançamos, dando um pouco mais de cartas para se usar em combate. De início, pode ser um pouco confuso controlar tudo isso em um ritmo dinâmico ou até mesmo se lembrar de como utilizá-las no meio da ação, mas o jogo te força a usar tudo de forma equilibrada, então aos poucos nos acostumamos com essa necessidade de fazer bom uso de todos os poderes.
Alguns inimigos surgem com cores específicas, indicando qual arma você deve utilizar para causar dano – o que é bem comum em qualquer tipo de jogo, então sem grandes novidades por aqui. Os puzzles que encontraremos no caminho também consistem no uso dessas magias, mas foi uma das partes que menos me agradaram no jogo. Quase todos eles giram em torno de combinar cores e formas, o que no começo é legal e estimulante, mas logo fica repetitivo. Quando você já tiver jogado uma parcela considerável da campanha, provavelmente já terá perdido o interesse nesses desafios.
Immortals of Aveum também não abre mão do “bom e velho” loot, sendo possível desbloquear uma vasta diversidade de equipamentos, mas que no final nem são tão diversos assim. Eles apenas potencializam diferentes aspectos da build de Jak e permitem ao jogador personalizar um pouco mais sua experiência de acordo com seu gosto. Não é minha forma preferida de evoluir um personagem, mas até que dá para fazer algumas combinações interessantes.
Já se tratando da parte técnica, alguns podem sair decepcionados. O jogo está decente no PS5, com 60fps (ou perto disso) constantes e muitas partículas voando, mas os gráficos acabam ficando um pouco abaixo do que foi mostrado nos trailers. É fato que provavelmente utilizaram apenas a versão de PC nessas demonstrações (o que justifica o fato dele exigir um PC da NASA para jogar), mas nos consoles o visual não chega a impressionar. Contudo, que fique claro que ainda é um título muito bonito!
Sem mais, Immortals of Aveum entregou o que prometeu e merece créditos por isso, mas também não dá para negar que acaba sendo só mais um FPS que, mesmo com suas particularidades, não deixa de ser genérico. O gameplay repetitivo e a falta de carisma do enredo acabam reduzindo ainda mais o valor desta experiência. É um jogo legal e merece uma chance, mas com certeza não vale o preço cheio.