Os anos de glória dos jogos de batalha automotiva já se foram, com clássicos como Twisted Metal, Vigilante 8 e o memorável Rock N’ Roll Racing marcaram época. Com inspiração nesses grandes títulos, a empresa brasileira Hoplon Infotainment criou o MOBA Heavy Metal Machines, um sopro de vida do “Deus Metal” nesse gênero de games de corrida.
Trazendo uma mistura de futebol e MOBA, Heavy Metal Machines deixou a fase de acesso antecipado na Steam em setembro e atualmente está em sua 2ª temporada, gratuito para download. Trazendo os mais diversos tipos de veículos e referências em seus personagens e pistas, o jogo é um presente de mão cheia para os fãs do gênero e todas as suas vertentes.
METAL IS THE LAW
A história de Heavy Metal Machines é uma de ganância e traição, com a destruição da raça humana pelas próprias mãos e por forças além de nossas compreensões, trazendo temas que abrangem desde a ficção pós-apocalíptica de Mad Max até o universo oculto e enlouquecedor de H.P Lovecraft. Movida pela ganância petrolífera, a humanidade perfurou cada vez mais profundamente a crosta terrestre, despertando a ira de seres antigos como o destruidor de Mundos Cthulhu.
Some a isso a uma guerra nuclear e a terra se tornou um palco de destruição bélica e monstruosa. Porém quando menos se esperava, a humanidade descobriu que o Heavy Metal conseguia apaziguar a fúria das criaturas. Com isso criou Metal City, com a ajuda da cientista imortal Artificer e do Metal Herald, o “Papa” do Secto do Metal. Agora, além das notas pesadas que ecoam através do Heavy Metal, as pessoas competem em corridas de destruição, afim de apaziguar as criaturas com o sacrifício dos perdedores.
A primeira temporada de Heavy Metal Machines abordou a reconstrução da sociedade após os eventos do Holocausto Nuclear que se instaurou na terra quando os recursos naturais como o petróleo se tornou escasso. Porém esta segunda temporada vem trazendo fortemente o tema dos deuses antigos, como Cthulhu. Chamada de Into the Abyss, a nova temporada de Heavy Metal Machines traz novos personagens para a corrida, novos itens cosméticos e uma repaginada nas pistas.
Através do Metal Pass, os jogadores vão cumprindo missões através das partidas, permitindo que o jogador desbloqueie itens cosméticos e moedas in-game. Caso o jogador se sinta afim de mais, ele pode comprar a versão completa do Metal Pass que libera ainda mais itens ao longo do caminho até estar completo.
Como disse antes, Heavy Metal Machines é diferente dos MOBAs convencionais. Nele, os jogadores participam de uma competição onde o objetivo é guiar uma bomba até a base dos adversários. Uma vez na base dos inimigos, devem lançar a bomba dentro de um espaço demarcado, e a equipe que marcar 3 pontos primeiro vence.
Diferente dos outros MOBAs, onde o jogador deve upar seu herói até o nível máximo, matando inimigos e derrubando torres, aqui os jogadores já começam no máximo de poder de seus personagens. Pode-se escolher entre personagens interceptadores, que são especialistas em destruir inimigos e derrubar a bomba, transportadores, que são mais velozes para transportar bombas, ou personagens de suporte, especialistas em curar ou aumentar a resistência e velocidade dos aliados.
A mecânica de gameplay envolve utilizar o cursor mouse para se locomover pela pista, com o botão esquerdo como acelerados e o botão direito como ré. Caso esteja acostumado com o jogo, o jogador pode dirigir de ré e usar essa vantagem para disparar contra os oponentes e até mesmo realizar derrapadas fechadas para evitar a perda de tempo, obstáculos e inimigos. Com as teclas QWER, o jogador pode utilizar as habilidade do piloto, sendo o R a “ult” do personagem.
Com um time de até quatro jogadores, é necessário saber como se posicionar no jogo. Uma vez que se está com seu veículo, o jogador deve tentar ao máximo desempenhar sua função da melhor maneira possível. Como suporte, deve fazer o máximo para manter os transportadores sempre com suas vidas cheias e protegidos, pois eles muitas vezes possuem pouca vida e tomam mais dano.
Já como interceptador, sua principal função é devastar a equipe inimiga com poderosos ataques, empurrando todos para as beiradas da arena para evitar que os mesmos consigam chegar até o objetivo de sua base. Por fim, como transportador, o jogador deve afiar ao máximo suas habilidades de piloto, conseguindo desviar dos disparos dos inimigos, evitar as barreiras que impedem de que a bomba pegue atalhos e evitar os perigos da própria pista, como os derrubadores, zonas ácidas e poças de lava escaldante.
As arenas são verdadeiras pistas de obstáculos mortais, onde cada curva pode acabar sendo a última. Os transportadores devem seguir as pistas de maneira exata, afinal de contas a bomba não consegue atravessar os atalhos caso esteja sendo carregada. Caso o jogador tente fazer isto, um campo de força prenderá a bomba, que assim pode acabar sendo desacoplada do carro. Os atalhos podem ser utilizados por todos os outros veículos, seja para impedir o transporte da bomba ou para auxiliar o mesmo, por isso sempre trabalhe em conjunto com seu time.
As arenas são três até o momento, e cada jogador tem sua própria de maneira de interagir com os percursos, o que pode tornar cada partida interessante. A principal arena é a Metal God Arena, aqui os corredores derrotados são sacrificados e expostos como hereges pelo Secto do Metal. Temple of Sacrifice era um local recluso e localizado fora da cidade, onde o Secto sacrificava hereges para apaziguar o sono de um enorme monstro e por fim temos a arena de Cursed Necropolis, cheia de lama e ácido.
Nascido para perder, mas vivendo para vencer
Em um cenário pós-apocalíptico como este, é claro que o pessoal da Hoplon iria se esforçar para ter uma trilha sonora digna. Cada trilha remete a um personagem: os irmãos Clunker possuem uma trilha pesada com um sons naturais de um pântano, incluindo um banjo, retratando seu estilo de vida redneck; a personagem Windrider possui cantos indígenas em sua trilha sonora; por fim, a pequena Little Monster possui uma versão macabra de brilha brilha estrelinha.
Um embate tão violento e cheio de adrenalina como esse precisa de narração, afinal de contas as pessoas não querem mais fatalidades além dos competidores e estão assistindo de um dirigível. Por isso, o jogo conta até o momento com dois narradores, que emprestam as suas vozes para narrar a carnificina que rola solta na pista. São eles Larry Huffman, um grande narrador de esportes automotivos no Japão e a marcante voz de Rock’n Roll Racing, e junto dele o nosso grande filho do Deus Metal, Detonator, ex-vocalista da banda Massacration, com sua voz que atinge notas absurdamente agudas.
A comunicação é a parte mais importante no jogo, pois é difícil ter uma sincronia instantânea com um time sem que ele esteja já bem fechado, mas não é nada que o tempo não mude. Uma vez na partida, caso o time consiga executar bem cada um sua função, pode acreditar que mesmo sem comunicação direta o jogo flui bem, diferente de muitos MOBAS onde as ações de um jogador só pode acabar arrastando um time inteiro para o buraco. O jogo possui um sistema de comunicação por texto e por voz, através da tecla F, mas conta com um servidor no Disscord onde os jogadores podem criar partidas e amizades para poder aproveitar ao máximo a experiência.
Com um sistema de criação de partidas bem rápido e preciso, os jogadores podem entrar em partidas rápidas, onde serão pareados com outros sete jogadores aleatórios e podem criar suas próprias partidas personalizadas, escolhendo uma arena ao invés de uma escolha aleatória e também podendo adicionar ou excluir jogadores. O sistema de partidas competitivas ainda não foi instalado definitivamente, mas isso é algo que não deve demorar para ser implementado, tendo em vista que já é possível criar times para poder competir nos eventos criados pela Hoplon.
Heavy Metal Machines é sem dúvida alguma um ótimo exemplo de jogo multiplayer brasileiro, misturando temas que vivem nos corações brasileiros, como futebol, carros velozes e heavy metal. O jogo tem uma estética muito agradável e remete a filmes e obras como Heavy Metal, Redline, Wizards e Fire and Ice.
A Hoplon superou expectativas e tem um jogo de grande apelo em mãos, que ainda necessita de alguns pequenos acertos em relação a balanceamento de personagens, porém sem bugs ou problemas graves que o tornem numa experiência ruim, mantendo os jogadores empenhados em estar melhorando cada vez mais.