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A palavra Guts pode remeter à duas coisas na sua mente: ao protagonista do anime Berserk ou à palavra culhões em inglês. Tudo isso tem lá suas semelhanças, mas a dev nacional Flux Game Studio resolveu dar outro significado para esta palavra. “Gory Ultimate Tournament Show”, GUTS, traz consigo todo um novo conceito que renovou os jogos de luta à uma maneira até então nunca explorada.

GUTS é um jogo de luta que não possui barra de vida, nem timer. Lendo isso você pode estar se perguntando em como exatamente ele funciona. Afinal, alguém precisa sair vitorioso em um jogo de luta. Como isso será definido sem o básico, que é essencial no gênero? Simples: tudo que você precisa fazer é desmembrar seu oponente por completo, perna por perna, braço por braço, até não sobrar mais nada. Vence quem despedaçar seu adversário primeiro. Que jogo adorável, não é mesmo?

GUTS: onde a zoeira não tem limites

O GUTS é um torneio televisionado no universo do jogo, que coloca diversos lutadores de várias nacionalidades para se desmembrarem em arenas, enquanto o público assiste e se diverte com tamanha violência gratuita. Nada no game pode ser levado a sério, pois ele honra a camisa do povo brasileiro: a zoeira não tem limites. No modo arcade, que seria o modo história de cada personagem, podemos notar logo na cutscene inicial de cada personagem (e até mesmo nos nomes) as sátiras que o game faz.

Assim como o bom e velho Street Fighter, cada personagem possui uma nacionalidade e um rival. Como todo jogo de luta, o torneio vai ficando mais difícil conforme se avança, onde no final a injustiça toma conta das regras e você terá que provar que realmente pegou o jeito da coisa. Não é difícil aprender a jogar GUTS, pois os comandos são simples de aprender e logo já estamos acostumados com a ausência da barra de vida e com as regras do jogo.

Imagem do jogo GUTS
Por um mundo com mais brigas de cotocos

Cada botão ataca com um membro diferente. Apesar da movimentação dos personagens ser travada e meio limitada, isso não nos impede de encaixar combos muito maneiros com o simples ato de massacrar todos os botões. O seu oponente não perderá nenhum membro só levando pancadas; você precisa carregar sua barra de especial para poder soltar um golpe arrasador e desmembrá-lo. A parte divertida do game é que os personagens simplesmente não dão a mínima para os seus membros ausentes, eles continuam lutando a todo vapor com o que lhes restou e adaptam seu estilo de luta para os membros que ainda possuem. Mesmo perdendo todos os membros ainda é possível lutar só usando o tronco e a cabeça, o que é extremamente bizarro, mas é algo único do jogo e que definitivamente não existe em nenhum outro game.

Não se preocupe, ainda é possível recuperar os seus membros perdidos ao longo da luta, pois eles ficam lá pulando no cenário enquanto você continua detonando seu oponente. Os cenários ainda estão repletos de armadilhas que podem nos ajudar a mutilar o adversário mais rapidamente, mas tome cuidado, pois você também pode ser desmembrado no processo. Infelizmente o jogo possui poucos cenários, sendo apenas quatro no total, e apesar de todos serem bem coloridos e animados, enjoa rápido pela repetição e falta de variedade.

Imagem do jogo GUTS
Anita Vanilla é a brasileira que nos representa dentre os lutadores

Sangue em excesso é a solução

Além da movimentação dos personagens, que mesmo com capturas de movimento ainda não flui muito bem, o visual do jogo também é precário, mas nada que atrapalhe a diversão. Os produtores souberam usar muito bem o que eles tinham em mãos, fazendo um jogo com um visual simples mas ao mesmo tempo cativante e extremamente sangrento, porque o que não falta em GUTS é litros e litros de sangue voando pelo cenário, sendo o tipo de game que você pode jogar a vontade com seus pais e sua avó do seu lado assistindo tudo.

Ao mesmo tempo que tem sangue para todo lado, o jogo continua sendo muito colorido. Inclusive o sangue, um vermelho bem vivo, acaba deixando o game com um visual menos agressivo do que ele realmente é, amenizando sua temática brutal e deixando tudo mais agradável de se jogar. Sua limitação gráfica também ajuda muito na otimização do game, que não exige uma máquina poderosa para rodar com seu desempenho máximo.

Imagem do jogo GUTS
Apesar de simples, o visual não deixa de ser cativante

Mesmo sendo um jogo brasileiro, ele é todo dublado em inglês e com uma dublagem bem decente pra ninguém botar defeito. O português ficou só nas legendas, mas uma dublagem em português brasileiro também seria interessante e acabou fazendo falta. Afinal, ouvir o narrador usar todos os termos que só nós brasileiros conhecemos deixaria o jogo ainda mais engraçado. Caso você enjoe do modo arcade, é possível partir pro versus online ou local, além de desafiar seus amigos para jogar o modo spin-off: lutas com regras específicas impostas pelo jogo, como perder membros com um único golpe, por exemplo.

GUTS pode ser simples em muitas coisas, mas ele é o que muitos outros jogos de empresas maiores não são: ousado e inovador. A Flux Game Studio merece todo o mérito em arriscar essa ideia que de início pode soar idiota e sem sentindo, mas quando conhecemos, se transforma em algo divertido e muito viciante. Mesmo antes de seu lançamento, GUTS já estava repercutindo positivamente até mesmo no mercado de games internacional, e mais uma vez podemos respirar aliviados e contar com mais um excelente estúdio que está colaborando com a ascensão do cenário indie brasileiro.

Review – Space Architect

Paulo AlmeidaPaulo Almeida24/11/2024