A febre dos joguinhos mobile parece ganhar um novo fôlego com a chegada do Switch. Com diversos jogos indies disponibilizados via eshop, fica claro que o novo console da Nintendo vem se mostrando uma boa oportunidade para os pequenos desenvolvedores e estúdios comercializarem seus trabalhos em uma plataforma que mescla a mobilidade que os celulares oferecem, ao mesmo tempo em que acrescenta ainda mais valor na questão de gráfico e possibilidades de interação. Na busca por essa novidade e para atingir o público casual, que vem retornando aos poucos para o universo gamer, a iFun4All trouxe para o Switch o Green Game: Timeswapper. Com um visual agradável e proposta simples, nós temos uma opção barata e interessante para passar diversas horas com o modo portátil do novo console da Nintendo. A única dúvida que fica é: será que esse e outros jogos terão espaço com o aumento na diversidade de títulos a cada mês?
De volta para o futuro
A premissa é simples para um jogo que oferece desafios na medida correta para quem busca algo mais casual, ao invés de um gameplay mais complexo. Em meio à um mundo verde, dark e com interferências de elementos puramente pretos como, por exemplo, jaulas, mecanismos e itens perigosos à você, o jogador controla um pássaro autômato por entre os diversos elementos em busca da liberdade. Simples, não? Tenha em mente aquela fórmula do início da década, em que você precisa ir de um ponto A ao ponto B, usando a tela de toque e, como desafio extra, coletando três itens espalhados pelo cenário. Essa premissa básica é explorada com o fator de manipulação do tempo: com um pequeno deslocar do meu dedo pela tela do Switch, da esquerda para a direita, eu consigo ir do passado, passar pelo presente e chegar no futuro.
Qual o motivo dessa “viagem do tempo”? Apenas para que os elementos do cenário se transformem e você consiga fazer o pássaro mecânico voar pelo labirinto que deve ser vencido. Jaulas de ferro que no passado estão inteiras, no futuro aparecem quebradas. Armas que disparam laser acabam deixando de funcionar com o passar do tempo. Todos os outros dispositivos colocados estrategicamente para mudar sua rota ou para matá-lo poderão ser manipulados apenas com o deslizar do dedo, de um lado para o outro.
A premissa simples se torna um desafio agradável quando você precisa passar por obstáculos mortais ao mesmo tempo em que obrigatoriamente deve mudar sua direção (o passar do tempo também muda a direção de saídas de ar, que alteram a trajetória do seu vôo) para alcançar as três engrenagens espalhadas pela tela.
Infelizmente Green Game adapta para o Switch exatamente o que já conhecemos e não inova em nada o gameplay; durante os 50 cenários diferentes, a sensação que fica é que rapidamente o jogo se torna repetitivo e acaba sendo mais um jogo genérico que, dentro dos demais puzzles de sucesso, com certeza vai passar despercebido em um ano repleto de grandes títulos. Até mesmo o excelente trabalho visual, que trabalha elementos em diversos planos, mistura o verde com desenhos duros de cenários criados a partir de elementos mecânicos e industriais, além de resgatar a cena de abertura em que o vilão manipula alavancas para mudar o ambiente e aprisionar o pássaro, acaba ficando em segundo plano por conta da mesmice após as primeiras horas de jogo. Outra característica boa, que acaba sendo depreciada com o tempo, é a trilha sonora; entre o remix do rewind e forward dos acontecimentos em tela, a interferência dos sons vindos de cada elemento e do pássaro, reservam à breve música de fundo um charme diferente ao universo macabro e industrial de Green Game: Timeswapper.
Só para começar a brincadeira
Após os primeiros 15 cenários eu tinha vontade de continuar jogando, até mesmo por a cada punhado de novos desafios apresentarem pequenas diferenças ou novidades (dentro daquele jogo). O desafio aumenta com o seu progresso e novas mecânicas vão aparecendo, inclusive a minha preferida fica por conta do teleporte por dar mais dinâmica ao jogo; no entanto nem todos terão vontade de seguir até o final. Talvez esse seja uma oportunidade barata para você adicionar à sua biblioteca de jogos após adquirir um Switch, até mesmo para explorar o fator portátil e poder jogar até no banheiro, assim como foi no início dos joguinhos para smartphone.
O único problema é que a iFun4All tem capacidade de fazer jogos muitos melhores e vem mostrando isso com Serial Cleaner, competindo consigo mesma em qualidade e proposta. Por conta disso, Green Game pode ter sido apenas o início do estúdio e que deve ficar para trás a partir do lançamento de novos jogos e mais interessantes comecem a aparecer.
A experiência é válida, até mesmo pelos poucos dólares que o jogo custa, mas que ao longo do tempo ficará esquecido. No final, o estúdio conseguiu sair da sua própria gaiola enquanto o pássaro mecânico de Red Game e Green Game continuará perdido em suas dezenas de labirintos mortais.