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Não é raro a Nintendo lançar um título simples e ele se tornar um fenômeno. Entre suas grandiosas franquias, a maioria nasceu assim. No último Direct foram apresentados alguns que farão parte do hall do Switch em 2020 e, entre alguns anúncios surgiram Panzer Dragoon Remake e Good Job! de surpresa no aparelho. Enquanto um foi uma completa decepção, o outro trazia uma premissa mais comum, porém que aparentava ser muito mais divertida.

Na maioria dos casos as aparências enganam e nos desapontam. Neste, além de estar enganado, tive de admitir que ele é muito melhor do que os trailers entregaram. Jogos no estilo puzzle tendem a ser sérios, com a desenvolvedora te desafiando constantemente para se superar. Porém, revertendo tudo isso, Good Job! traz exatamente o oposto, com quebra-cabeças tão complexos quanto os demais, porém um descompromisso que não te fará sentir peso algum das circunstâncias.

Bem-vindo ao seu primeiro dia

O título tem um enredo sem muitas firulas e que já te coloca logo na ação. Você é o filho do presidente da companhia, tendo de começar no seu primeiro dia já ajudando os demais funcionários em seus mais diversos problemas. Cada andar representa uma área diferente da empresa, exigindo atividades diferentes e mostrando os mais diversos equipamentos que te ajudarão a completar suas tarefas.

É aí que mora a grande graça de Good Job! Não existe apenas uma forma de completar o puzzle. Cada situação exigirá o seu melhor, independente de qual seja, para auxiliar os demais. Vamos tomar como exemplo uma das missões, que te deixará pilotar uma empilhadeira. Existem as portas para você atravessar o ambiente com ela, porém com o acesso mais difícil. Você pode planejar seu caminho desde o começo e passar por elas sem problemas. Ou pode acelerar ao máximo, atravessar as paredes e ir ainda mais rápido. Você decide.

Imagem do review de Good Job!
Acidentes acontecem…

Essa decisão te afetará direto na nota, o que pode ou não ser um problema. São três atributos que eles medem para cada missão, sendo eles o tempo utilizado, os gastos de tudo que quebrou e a quantidade de objetos destruídos. Como tempo é dinheiro, quanto menos você perder, maior será a sua nota. Porém não pense você que só fazer tudo de qualquer jeito ajudará. Quebrar dez copinhos de café não tem o mesmo peso que destruir uma taça dourada e isso também pesará em sua avaliação.

Sendo sincero, completar os puzzles é muito simples. A maioria não te oferecerá um grande problema e passará sem dores de cabeça. Óbvio que alguns te deixarão pensando por um tempo, mas nada de absurdo. O que realmente te traz um grande desafio é tirar a nota A em todos. Eu falo pois essa foi a minha proposta desde o início, já percebendo que fazer tudo de qualquer forma seria fácil demais. E essa façanha exigirá realmente que esteja disposto a criar seu caminho com responsabilidade e agilidade.

Imagem do review de Good Job!
As notas se dividem em três fatores.

Existem fases nas quais o tempo não depende completamente de você. Tiro como exemplo no setor de envios, onde em uma delas tem uma equipe inteira movendo caixas. São, se não me engano, 134 delas e eles se movem lentamente. Cabe a você correr para liberar o caminho deles para buscarem as demais que estão escondidas em vários outros cantos e quando terminar agilizar o despacho. O que você imagina que duraria uns cinco minutos, toma facilmente uns dez e isso se aplica a várias outras.

Lembrando que isso só se torna um problema caso seja uma exigência pessoal sua. Apesar de oferecer uma avaliação, Good Job! não te prende nela. Se você completar tudo com nota D, você ainda segue em frente. O grande intuito aqui é o básico que a Nintendo sempre ofereceu, a diversão. Você vai se pegar rindo mais de uma vez em algumas situações e algumas respostas para os quebra-cabeças são tão bobas que te fará sorrir e pensar o famoso “como não imaginei isso?”.

Imagem do review de Good Job!
Cada um pode finalizar a fase da sua própria forma.

E, claro, também há a opção multiplayer. É aí que a diversão co-op atinge níveis vistos em outros sucessos como Overcooked. Fazer as missões com a ajuda dos amigos ou familiares vai te levar a outro nível de risos, mas tome cuidado para não cair na área das discussões. Não adianta querer fazer tudo bonitinho com a outra pessoa destruindo tudo, porém é sempre gostoso observar outras ideias para resolver a mesma problemática e rir do caos que isso traz.

Uma das coisas que eu realmente gostei em Good Job!, além do jogo inteiro, foi ao final de tudo abrir uma sala nova, com toda a equipe de desenvolvedores nela. Apesar de aparecer quando chega ao fim, a área também funciona como créditos e você pode ver os nomes de cada um. Ou até mesmo se vingar, caso tenha ficado com raiva em alguns dos puzzles que te obrigaram a esquentar o crânio. Pode não parecer, mas isso é um passo bem legal da indústria de jogos e que não se vê em muitos dos títulos que temos.

Imagem do review de Good Job!
Até os desenvolvedores fazem uma pontinha no jogo.

Good Job ou não?

Apesar de ter amado minha experiência com o título, isso não retira dele algumas falhas que vi na gameplay e incomodaram durante o trajeto. Além da movimentação, você tem o botão A para ação e o B para pular. Os pulos quase não vi uso algum, o que me deixou confuso sobre a adição da mecânica. Porém, o problema que afeta mesmo é o botão de ação. Algumas vezes ele não funciona, ou tem tantos objetos junto no mesmo lugar que você tenta pegar algo e acaba com outro na mão e isso atrapalha seu plano completamente.

A física também não se aplica em alguns pontos e isso pode incomodar profundamente os mais exigentes. A empilhadeira, o guindaste com gancho, mover objetos pela fase e outros fatores constantemente ocasionam pequenos erros ou bugs e isso afeta diretamente no seu desempenho. Tiveram fases que repeti três a quatro vezes por alguns destes e, apesar de respirar fundo e recomeçar pacientemente, sei que muitos se irritariam e deixariam ele de lado um tempo. Talvez isso seja consertado via atualizações, cabe ao tempo dizer.

Imagem do review de Good Job!
Cenas como essas são comuns e irritam um pouco.

Outro fator que me fez reclamar foi não poder mover certos objetos de uma fase para a outra. Isso foi uma escolha pensada pela desenvolvedora para não facilitar muito a sua vida, o que compreendo. Porém isso poderia envolver ainda mais interação entre os andares, o que julgo ter sido um desperdício a primeiro momento. Após finalizar o jogo, a opção ficou liberada, mas daí já tinha completado tudo e não estava a fim de fazer um replay em tudo sozinho.

O fato de todos os bonequinhos serem feitos de palito é um charme, com a personalização do seu sendo bem ampla e com itens escondidos em todas as fases. Alguns nem tanto, mas têm outros que para encontrar vai ser uma tormenta. Alguns você até enxerga, mas não há elementos na fase para resgatá-lo, onde entra o problema que citei acima de querer transportar alguns itens de uma fase para a outra e conseguir o que deseja.

Imagem do review de Good Job!
São nove andares com quatro fases cada.

Mesmo com isso incomodando um pouco, não acredito que tirou a graça que Good Job! trouxe. Com muitas sacadas inteligentes, bom humor, puzzles que não exigem tanto de você e ainda divertem é muito válido dar uma chance ao jogo e deixar ele te mostrar o quanto pode te oferecer. São raros os games que têm essa proposta e recomendo muito que jogue e dê risada de si mesmo e das situações em seu trajeto.

Com o total de nove andares percorridos, foi o suficiente para me divertir, mas ainda fiquei com a vontade de ter bem mais. Como falei no início do review, a Nintendo às vezes tira uma carta na manga e que se prova ser um título de peso e que terá bastante a acrescentar em toda a indústria. Este é um desses casos, mesmo se não fizer um sucesso considerável espero por mais dessa franquia e mal posso aguardar por futuras sequências.

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