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Em 2010, a Capcom estava lançando uma das maiores joinhas raras dos seus 40 anos de história: Ghost Trick: Phantom Detective, um adventure focado em puzzles criado pela mente por trás da franquia Ace Attorney, Shu Takumi. Lançado originalmente para Nintendo DS, o jogo não se saiu muito bem nas vendas e acabou nem recebendo uma sequência, mas não falhou em se tornar um clássico cult absoluto.

Todo mundo que jogou Ghost Trick no passado sabe bem como ele é genial em cada detalhe, então ver o título recebendo uma nova chance na atual geração de consoles é simplesmente incrível. Essa versão remasterizada traz consigo algumas coisinhas adicionais para incrementar a experiência, mas sinceramente nem precisava. Até hoje continua sendo um título único e poder revisitá-lo só me mostrou que não tem nada de memória afetiva nessas palavras.

Investigação de matar

Ghost Trick: Phantom Detective nos coloca na perspectiva de Sissel, um homem que simplesmente acorda morto e não faz ideia de como morreu. Se não bastasse a amnesia, ele logo descobre que também conta com alguns poderes sobrenaturais e é capaz de realizar uma série de peripécias na forma de um fantasma. A partir disso, devemos investigar diversas cenas para descobrir mais sobre o passado de Sissel e, eventualmente, interferir em algumas coisinhas no mundo dos vivos.

Estilo no pós-morte é para poucos

A história de Ghost Trick pode parecer simplória de início, mas acredite: ela só melhora a cada capítulo concluído. Todo o enredo é focado em mistérios e essa energia de “Sherlock Holmes” é simplesmente viciante! Além disso, não podemos deixar de creditar os personagens que fazem a roda girar. Todos são completamente exóticos e autênticos, com personalidades únicas e cativantes. Tudo é muito bem escrito e repleto de plot-twists, a marca registrada do nosso querido Shu Takumi.

Sobre o gameplay, acredite que quanto menos você souber, melhor. Muito da graça deste jogo está em descobrir como utilizar seus poderes de fantasma, assim como ser surpreendido com as novas habilidades que desbloqueamos. Podemos resumir que cada fase envolve possuir determinados objetos ou até mesmo cadáveres para manipular a cena ou descobrir o que aconteceu ali antes daquele determinado momento. Tudo é um grande puzzle que deve ser resolvido dentro de quatro minutos – o que parece pouco, mas o relógio para sempre que você vira fantasma, então fique tranquilo.

4 minutos são suficientes para mudar o destino de alguém

Os puzzles são muito bem bolados e desafiadores na medida certa, sempre dando aquela sensação de satisfação ao serem concluídos. Quem é mais acostumado com o gênero provavelmente não vai sentir grandes dificuldades em terminar a história, mas existe uma fase em específico que envolve furtividade e vai te dar muito trabalho. Nesse caso, está liberado procurar um guia na internet, porque na raça a situação é bem cabeluda.

Pós-morte em alta definição

Quanto às particularidades dessa versão, não temos muito o que destacar aqui, já que o maior upgrade foi visual. Adaptar um jogo de DS nunca é tarefa fácil, especialmente devido às dimensões minúsculas do portátil. Além disso, Ghost Trick: Phantom Detective tem um visual único, com um estilo de animação bastante autêntico. Não estou exagerando, acho que nunca vi nada parecido em nenhum outro jogo e a melhor forma de entender o que estou falando é jogando.

Felizmente, deu tudo certo neste port. Optaram por manter as dimensões 4:3 do original e adicionar bordas para completar os cantos da tela, então é como jogar um título retro do jeito mais convencional. A segunda tela do DS era bem descartável neste jogo, então nesse ponto não perdemos em nada. Os gráficos receberam um upgrade considerável e estão mais bonitos do que nunca, inclusive proporcionando um nível de detalhamento que nem era possível perceber no DS, devido às limitações do portátil.

Não tem como não amar a estética deste jogo

A trilha musical também não ficou de fora da festa. Todas as faixas foram refeitas exclusivamente para o port por ninguém menos que Yasumasa Kitagawa, o compositor de The Great Ace Attorney Chronicles. Ainda dá para jogar com a trilha original, mas as músicas novas estão boas demais para serem desperdiçadas. Quem curte acompanhar o processo criativo dos devs também terá a oportunidade de desbloquear uma série de ilustrações e artes conceituais ao longo do jogo – coisa fina!

Por fim, tivemos a adição do modo Ghost Puzzles, que é somente um minigame de deslizar blocos para formar imagens. Seu papel é controlar o fantasma para recriar cenas da campanha e, no geral, é somente isso. Assumo que sempre tive dificuldades com esse tipo de quebra-cabeça e esse modo acabou não me pegando, então diria que é um pós-game fraco. É uma pena? Com certeza, afinal a campanha só tem cerca de 12 horas de duração, então acaba rapidinho e a gente fica querendo mais.

Ainda assim, isso é apenas um detalhe irrelevante perto da caixinha de surpresas que este jogo é. Não importa a plataforma, apenas faça um favor a si mesmo e jogue Ghost Trick: Phantom Detective. Quem sabe assim a Capcom não mostra um pouco de piedade e resolve começar a trabalhar na tão sonhada sequência.