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Como ser fã de RPGs e não ter grandes expectativas para Final Fantasy VII Rebirth? Bom, caros leitores, é uma tarefa bem difícil. O lançamento reforça a promessa da Square Enix de continuar a seguir Cloud e seu grupo em suas novas aventuras e também de adaptar um dos eventos mais impactantes de todo o gênero – o que é bem grandioso, diga-se de passagem.

Com isto em mente, acabei comprando o meu PlayStation 5 em 2022 a fim de me preparar para a sua chegada. Mesmo sabendo que não foram muitos que fizeram isto, não creio que tenha sido o único a ter adquirido o console apenas para ver como seria o futuro destes personagens após Final Fantasy VII Remake.

Dito isso, confesso que ter Final Fantasy VII Rebirth em minhas mãos foi uma experiência um tanto divisiva. Se por um lado eu concordaria e assinaria embaixo que ele traz tudo o que eu mais queria da franquia e mais um pouco, por outro tenho de admitir a frustração e decepção que tive durante o encerramento desta segunda parte da história.

Final Fantasy VII Rebirth

O mundo de Final Fantasy VII Rebirth

Quando eu digo que este novo lançamento da Square Enix traz tudo o que eu queria – como fã e jogador – é porque o gameplay geral está muito melhor do que seu antecessor e traz tantas novidades que faz Final Fantasy VII Remake parecer apenas uma demonstração do que encontraria nesta nova versão da aventura.

Ter um mapa colossal e um elenco rico de NPCs e de monstros únicos ajudam e muito, mas queria destacar alguns pontos que me fizeram ter um grande encanto por Final Fantasy VII Rebirth. Os combates seguem mais fluídos e cheios de vida, tanto por uma variedade maior de movimentos e ações quanto pela adição da Sinergia, garantindo ataques ou combos em conjunto para todos os personagens jogáveis.

Além disso, cidades como Kalm, Costa del Sol, Junon e outros locais estão muito mais vivos e cheios de atividades. Você pode parar e disputar uma partida de Queen’s Blood – o novo “TCG” do jogo – ou seguir atrás de algumas relíquias e participar de minigames como o saudoso “Fort Condor” e outros inéditos.

E nem preciso dizer que Gold Saucer amplia isso, se tornando um verdadeiro parque de diversões que te manterá entretido por longas horas. Atividades são o que não faltam para Cloud, Tifa, Barret, Aerith, Red XIII, Cait Sith e os demais membros da equipe. Ouso dizer que será impossível você passar por ele sem ao menos ter uma favorita.

Final Fantasy VII Rebirth

O gameplay geral está muito melhor do que seu antecessor e traz tantas novidades que faz o Final Fantasy VII Remake parecer apenas uma demonstração

A exploração, seja com o seu Chocobo ou com o Buggy, também é satisfatória e abre um grande leque de ambientes a explorar e itens que poderá obter. Em especial os Chocobos, que além de estarem inclusos em determinadas quests, também carregam uma variedade de gameplay que é muito bem-vinda e explora mais opções dentro do mapa.

Sendo honesto, eu poderia passar horas em Final Fantasy VII Rebirth andando pelas áreas, matando monstros, visitando cidades e completando quests que estaria satisfeito. No entanto, nem tudo é tão produtivo.

Diferenças em ter muito e forçar muito

A Square Enix traz um grande problema no novo Final Fantasy VII que é ter um mapa gigantesco e querer justificar todo este espaço com itens, brindes e elementos que você não usará ou não lhe apresentará mais profundidade dentro da trama central.

O transmutador de itens, por exemplo, permite fazer crafting a qualquer momento e em qualquer lugar, mas é completamente dispensável e não apresenta vantagem em nenhum aspecto. Você se sentirá tentado a buscar materiais pelo mapa de Final Fantasy VII Rebirth, mas não espere muito do recurso – principalmente por exigir demais e tomar uma parcela grandiosa de tempo. É mais fácil juntar Gil e comprar os itens comuns, como Éter e Poção, nas lojas.

Final Fantasy VII Rebirth

Enquanto algumas missões principais são excelentes e aprofundam bastante a experiência, infelizmente não posso dizer o mesmo sobre todas as outras. Dando um exemplo sem spoilers, imagine que Cloud e seu grupo precisam chegar num determinado local. Eles estão de frente para isso, mas não podem prosseguir por faltar um item ou cumprir um objetivo. Tudo bem, só fazer e seguir adiante, certo?

Não, caros leitores. Final Fantasy VII Rebirth dividirá seu grupo em dois e fará você passar por uma série de desafios e andanças para completar o que deseja. E não com apenas um dos grupos, mas com ambos. Aí você pensa “ok, ao menos enriquecerá a trama ou aprofundará as relações entre eles, certo?”. Errado! Se fosse apenas com conteúdos opcionais esta reclamação não estaria aqui, mas isso ocorre com muita frequência dentro da missão principal e acaba incomodando – principalmente próximo ao fim.

Os reais problemas de Final Fantasy VII Rebirth

Esta minha crítica ao conteúdo apresentado pela Square Enix expõe um grande problema que os jogadores enfrentarão em sua jornada: o ritmo. Em determinados capítulos você passará muitas horas completando missões como a que citei acima, fazendo coisas “obrigatórias” – que deveriam ser opcionais – para seguir o seu caminho de forma simples.

Em um determinado capítulo, você é inserido em um torneio. Rolam algumas cutscenes, você enfrenta um pequeno número de oponentes e logo vem um chefão. Se não fosse por um pequeno detalhe importante pra história, seria um capítulo completamente descartável. E esse sentimento de “encheção de linguiça” se repete em outros momentos, atrapalhando o ritmo da aventura e obrigando o jogador a fazer tarefas chatas. Sendo honesto, já era um problema em Final Fantasy VII Remake e se tornou maior com a escala que almejaram.

Final Fantasy VII Rebirth

Outro exemplo que posso comentar é estar próximo ao desfecho e seguir para concluir mais uma das sidequests. Descobri ali que não seria apenas enfrentar um oponente e consagrar o “prêmio”, mas fazer várias outras tarefas que levariam de cinco a dez horas para concluir. Você se imagina parando o final, aquilo que tanto esperava ver, para completar uma sidequest sem saber se valerá a pena? Na dúvida, deixe para depois: ao concluir o game, é desbloqueado o seletor de capítulos e dá para repetir o que desejar.

Porém, nada vai te fazer sofrer mais do que as escolhas narrativas de seu roteiro. Poderia engolir algumas coisas e passar aquele belo pano, mas há alguns pontos injustificáveis. Volto a citar que não darei spoilers, mas se prepare para ver o desenvolvimento de personagens (do grupo central e NPCs) sendo jogado no lixo e mudanças que não acrescentam em nada a experiência no final.

Um dos pontos que mais senti falta em Final Fantasy VII Rebirth foram explicações. Nada é definido, dito em voz alta e impassível de interpretações. Por diversas vezes me encontrei vendo a cena, a mente criando diversas especulações e cheguei na conclusão do game sem saber se é aquilo que eu imaginei ou não. Inclusive, eu não vou saber de qualquer modo. Alguns trechos são ignorados e a história segue em frente sem qualquer tipo de cuidado ou contexto, deixando diversos eventos no campo conceitual.

E falando no tão esperado final, SEM SPOILERS, não conheço um fã da franquia ou jogador comum que se sentirá satisfeito com o encerramento de Final Fantasy VII Rebirth – e isso vai além do evento que é adaptado por ele. Definiria o que vi como confuso, incoerente, enrolado, desorganizado e que me fez questionar se eu devo criar expectativas para o terceiro título ou entregar tudo nas mãos de Jenova.

Final Fantasy VII Rebirth

Agradou, mas com fortes ressalvas

Já em questão de gráficos e performance, não experimentei grandes problemas com Final Fantasy VII Rebirth e acredito que seja um daqueles seletos títulos que realmente usa o potencial do PlayStation 5 ao seu favor. Os gloriosos cenários e personagens impressionam e o uso dos recursos do DualSense também satisfaz.

Os poucos bugs que presenciei acredito que serão facilmente resolvidos via atualização próximo ao seu lançamento e posteriormente. O que não dá para resolver é a contínua falha na iluminação e a falta dela nos cenários. No momento em que o jogador entra em uma caverna ou local fechado, tudo fica extremamente escuro e, por mais que dure apenas alguns segundos, será outro incômodo que deve adicionar à conta.

Não conheço um fã da franquia ou jogador comum que se sentirá satisfeito com o encerramento de Final Fantasy VII Rebirth

Ainda assim, sendo honesto, eu gostei de Final Fantasy VII Rebirth como jogo. Combates, exploração, trazer aquele universo do PS1 à vida na atual geração de videogames me soou bem proveitoso e fez a espera de quatro anos valer a pena. De verdade, mesmo com o combo de reclamações que citei acima.

Também há muitos aprimoramentos e homenagens. As summons, por exemplo, agora contam com um “sistema de dificuldade” que permite obter sua Materia de forma menos dolorosa e a mudança da árvore de habilidades para os pontos obtidos em XP de grupo podem agradar uma boa parte dos fãs.

Final Fantasy VII Rebirth

Já em relação às homenagens, como podemos ver na imagem acima, trazem diversas referências ao design e ao jogo original. Em Gold Saucer e no minigame Fort Condor, por exemplo, temos o retorno de Cloud e seu grupo no formato poligonal – o que é bem divertido e se mostra uma grata surpresa.

O grande problema da experiência da Square Enix foi querer ampliar a história e acabar mexendo em mais do que deveria. Isto é um pecado mortal em um RPG, principalmente um que se apoia tanto neste fator. Seu ritmo também vai gerar bastante impacto negativo.

Eu escrevo este texto sabendo que Final Fantasy VII Rebirth conseguirá unir a comunidade pelas má decisões tomadas em seu caminho – por mais que o jogo, enquanto meio interativo de entretenimento, seja impecável. Se no futuro teremos ou não uma expansão que corrigirá isto e trará algumas “respostas”, isso eu não sei. Mas agora posso afirmar que essa sequência não deixará os fãs satisfeitos.

85 %


Prós:

🔺 Diversos minigames, ativididades e mapa extenso para explorar
🔺 Gráficos impressionantes, que colocam o PS5 pra trabalhar
🔺 As batalhas são muito fluídas e a Sinergia expande as opções
🔺 Faz parecer que FF7 Remake foi apenas uma demonstração
🔺 Como jogo, Final Fantasy VII Rebirth é excelente…

Contras:

🔻 … mas deixa muito a desejar na história, confusa e cheia de buracos
🔻 O ritmo é inconstante e vai incomodar muito durante o seu progresso
🔻 Problemas com a iluminação ao entrar e sair de locais fechados
🔻 Acredite, o fim NÃO te agradará

Ficha Técnica:

Lançamento: 29/02/2024
Desenvolvedora: Creative Business Unit I
Distribuidora: Square Enix
Plataforma: PS5