A Square Enix, ao longo dos anos, criou uma imensa gama de variantes de sua franquia principal. Entre jogos táticos, de luta, Mystery Dungeons e afins, no GameCube surgiu a oportunidade de trazer uma proposta diferente, nascendo como Final Fantasy Crystal Chronicles. Até então inédita, ela trouxe vários elementos bacanas e marcou história no console da Nintendo.
Aqui estamos, 17 anos depois e após cinco sequências, com a empresa decidindo remasterizar o início dessa jornada. Com direito a funcionalidades inéditas, ele prometia um retorno aos bons tempos do co-op enquanto se aventura no universo dos cristais. Porém, nem tudo são flores e o que está ali supostamente para auxiliar os jogadores, também se mostra uma de suas maiores falhas.
Juntos pelos cristais
Começando de forma bem curta e grossa, você pode enxergar Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition como um jogo no estilo Diablo. No início do jogo você escolhe a classe do personagem e segue uma aventura em sua caravana por todo o mapa, visitando diversos lugares e enfrentando monstros clássicos da franquia.
Espalhadas por um grande cenário, essas criaturas estão separadas por alguns puzzles que são desvendados através das magias que obtém no caminho ou de pequenos desafios que surgem no decorrer da ação. No final de cada uma tem um chefão, representado por criaturas como o Marlboro e que são figurinhas garantidas em todos os games da série.
Já no mapa principal, você tem liberdade para escolher seu caminho conforme estiver nas áreas liberadas. Algumas vezes, de forma aleatória, surgem eventos especiais que lhe dão um contexto maior da história, mas que servem mais para revelar pequenos detalhes do que vai encarar futuramente em sua aventura. Parte da equipe de produção veio diretamente da franquia SaGa, de onde dá para ver várias inspirações nesse tipo de exploração.
Porém, jogar Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered sozinho é uma parada triste demais. Veja bem, o jogo não é ruim, tudo nele funciona onde devia, inclusive a dificuldade dos combates e a movimentação. Mas ele não foi criado para ser um jogo onde você segue solo. Sem amigos para estarem juntos nessa aventura, ouso dizer que ela perde metade do sentido.
Para diminuir essa distância, a Square Enix promoveu uma versão Lite, que é gratuita e funciona como uma demonstração que dá acesso a três dungeons. Caso você jogue com alguém que tenha o jogo completo, no entanto, você terá acesso a todas as treze disponíveis que estiverem jogando. É uma baita cartada e que com certeza aumentará ainda mais a base de fãs, já que com um jogo só poderão jogar quatro pessoas online.
Outra funcionalidade excelente é o cross-play entre as plataformas. Para acessar os servidores dos seus amigos, independente da plataforma, você gera um código e ele pode ser completamente acessado pelos demais para o encontrarem e viajarem juntos. Isso facilita muito para todos e vai ser um ótimo elemento para toda a comunidade.
Mas ainda há um imenso problema com o co-op local de Final Fantasy Crystal Chronicles. Na era GameCube, para todos jogarem era preciso ter um adaptador e conectar o Game Boy Advanced para funcionar o multiplayer e é óbvio que muita gente nunca conseguiu essa proeza. Quando chega na atual geração, ao invés de matar isso de vez, o que a Square faz? Elimina o fator local. Você só consegue jogar online com os amigos.
Para quem acompanha meus textos já se deparou comigo, vez ou outra, reclamando de que em plena época de pandemia as produtoras começaram a investir em apenas co-op local, sendo que o online seria o ideal para reunir a galera. Agora fizeram justamente isso, mas qual a dificuldade de manter os dois? Ninguém reclamaria das duas opções nos títulos, seria até bacana. Não ter cooperativo de sofá, de um jogo remasterizado do GameCube, foi um susto que tomei e qual não consegui compreender bem a decisão.
Do GameCube à nova geração
Como informei acima, Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition é muito legal e o seu intuito principal é cumprido, que é divertir o jogador. Mesmo assim, o detalhe de estar solo ou com os amigos é apenas um no meio de algumas funções que podiam ter sido melhoradas. Manter os personagens centrados no cálice é uma delas. Para se movimentar, ou você ou seu Moogle precisa carregar o recipiente. Caso saia da área que ele cobre, você perde HP.
Além disso, como joguei de Mago, devo reclamar o quanto é demorado para carregar algumas das habilidades durante o game. Quando você enfrenta até dois inimigos, você consegue trabalhar bem o conflito e o ritmo. Três ou mais, não tem magia que segure a sua situação. Mesmo acertando o timing, um dos monstros vai te atacar ou voar para cima de você enquanto carrega e será obrigado a recuar.
Mas se tem algo que o game original acerta e a remasterização de Final Fantasy Crystal Chronicles aprimora é na trilha-sonora. As músicas, efeitos de ataques, vozes e tudo mais te transportam exatamente para os anos 2000 e te fazem crer que está vivendo naquele mundo fantástico e cheio de mágica. Outro grande acerto são os cenários, que apesar de datados, tem ilustrações lindíssimas e que conquistarão a todos pelo design.
É um título relativamente curto, separado em cinco arcos e contando com uma variedade grande de oponentes. O que garante a diversão nele é o imenso fator replay, já que você pode criar e jogar com outros personagens, conquistar alguma dungeon sozinho ou com os seus amigos, combinar magias e sets diferentes para compor a sua jornada e tudo mais que todos os bons RPGs têm direito.
Outro fator interessante é o fator que, além do cross-play, também existe o cross-save no título. Você pode fazer o upload dos seus dados e passar para as outras plataformas e jogar onde preferir. Ou seja, dá para jogar no seu PlayStation 4, realizar o procedimento, baixar no seu Switch e sair em viagem jogando o seu game onde quer que vá. Obviamente, terá de comprá-lo nas demais plataformas para isso, mas é apenas um detalhe.
Se você sente saudades do título e tem bons amigos para jogar contigo, vale muito a pena adquirir Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered. Sozinho não é uma opção assim tão viável, apesar do jogo manter o nível de enredo dos demais e ter personagens bem carismáticos. Porém, mesmo com algumas falhas que vieram do original de GameCube, ainda é uma grande adição na sua biblioteca com a magia e carinho que toda a franquia carrega.