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Se você nasceu nos anos 80 ou antes, este jogo é para você. Caso tenha nascido depois, nos anos 90 adiante, não tem problema. A expansão Blood Dragon presta tantas homenagens e dispara tantas piadas que, mesmo que você não entenda as referências, irá rir muito mesmo assim. Trata-se de um jogo propositalmente retrô, brega, cheio de clichês e totalmente neon. E tudo isso acompanhado por uma trilha regada a sintetizadores, criada pela banda Power Glove.

O jogo pode ser adquirido digitalmente pela XBLA (1200 MS Points), PSN ($ 10) ou Steam (R$ 30). Você não precisar ter o Far Cry 3 para jogar, até porque Blood Dragon não possui ligação com a aventura de Jason Brody. A expansão apenas empresta os cenários paradisíacos e os transformam em locações noturnas e coloridas. Aliás, tudo é neon neste game: você, suas armas, seus inimigos, as fortificações, veículos, etc.

A trama se passa em 2007 (fazendo piada com o que seria o futuro pós anos 80), em um planeta Terra devastado pela guerra nuclear. A abertura do jogo é apresentada em cenas animadas no melhor estilo 8-bit, com poucos frames e toda a simplicidade dos consoles da época. Um charme que se repete para narrar a trama nos momentos mais importantes da campanha solo. E só pra constar, não há modo co-op ou multiplayer em Blood Dragon.

Far Cry 3: Blood Dragon

Você encarna o super soldado cibernético Rex (dublado por Michael Biehn, o Kyle Reese de “O Exterminador do Futuro”), acompanhado por outro soldado chamado Spider. Ambos invadem uma ilha desconhecida para investir o coronel Sloan, um agente de elite que está desaparecido. Após fuzilar tudo de um helicóptero, Rex desce em terra firme e logo de cara rola uma das melhores piadas do jogo: o tutorial. Ainda há games que insistem em ensinar o óbvio aos jogadores, e Blood Dragon faz isso da forma mais irritante e engraçada possível. A primeira frase é “Aperte A para demonstrar que você sabe ler”, seguido de “Aperte A para pular”, “Aperte B para agachar”, entre outras dicas do tipo. Não dá para pular, e o tutorial em si é uma peça pregada por Spider no protagonista, ao ativar o programa de tutorial na HUD de Rex – que profere palavrões durante todo o treinamento. Há frases de efeito em todos os lugares, e boa parte delas são ditas por Rex durante o combate.

O visual possui a mesma qualidade gráfica de Far Cry 3, sem grandes novidades. A jogabilidade também é a mesma, tanto na interface como nas habilidades do protagonista. A diferença aqui é que logo no início você pode realizar os takedowns, passando a faca nos inimigos furtivamente. Os upgrades são automáticos e você continua tendo acesso ao radar, podendo marcar seus inimigos, bem como armas semelhantes ao game original, como um arco e flecha neon. Você pode, inclusive, carregar várias armas durante a aventura. A novidade fica por conta do braço cibernético de Rex, que ao longo do game ganha uma habilidade chamada Killstar, que permite disparar um raio laser destruidor.

Os animais também continuam presentes, porém em versões modificadas. O leopardo, por exemplo, foi transformado em um cyber-leopardo-pratiado. Os veículos também continuam disponíveis, como o jipe e a asa delta. Os inimigos andam de um lugar a outro da mesma forma que os “piratas” de Far Cry 3. Porém a diferença não é apenas no visual: eles conversam entre si com vozes robóticas e atacam de formas diferentes. Há também os Blood Dragons, criaturas que rodeiam a ilha e atiram laser pelos olhos. Seu sangue é precioso e usado para transformar humanos em zumbis.

Far Cry 3: Blood Dragon

As missões, principais e secundárias, são várias: invadir bases e laboratórios, salvar cientistas, caçar animais e seguir o rastro do vilão. Neste processo você conhece a Dra. Elizabeth, cientista que trabalhava para Sloan mas resolveu renegar seu cargo e ajudar Rex. Não há como negar que as missões são bem divertidas, seja jogando de modo furtivo ou no modo Rambo mesmo. E arrancar corações cibernéticos dos inimigos e depois utilizar como distração para os Blood Dragons que, assim como os outros animais, também atacam os soldados de Sloan, é mais que satisfatório.

O jogo dura entre 4 a 5 horas se você jogar descompromissadamente. Mas se você for atrás dos itens colecionáveis (fitas VHS, por exemplo), aí a aventura rende mais. É só uma pena que o final não acontece com uma batalha épica, mas sim através de uma animação 8-bit. Pelo menos o trajeto até Sloan lhe rende um momento muito especial em que você monta um Blood Dragon modificado, como se você fosse o He-Man e o veículo fosse o Gato Guerreiro. Portanto sim, este game vale cada centavo que você possui nesta carteira do Gremlins.

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024