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Evil Genome é um daqueles jogos que você encontra aleatoriamente na Steam e pensa “mas o que diabos é isso?”. O jogo foi produzido por um estúdio independente chinês chamado Crystal Dephts, então é de se esperar que pouca gente o conheça. Ainda mais pelo fato de ser o primeiro jogo da desenvolvedora.

O game é um metroidvania que mistura tantas coisas que fica difícil de atribuir alguma característica única que remeta ao título na sua mente. Ele é ambientado em um deserto e mistura um clima futurístico e meio cyberpunk com terras desérticas e pós-apocalípticas. A protagonista é uma moça chamada Lachesis, que é acompanhada de uma espécie de guia robótico muito semelhante aos Fantasmas de Destiny, e ambos são um total mistério para o jogador desde o começo do jogo.

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O que exatamente estamos fazendo aqui?

O enredo de Evil Genome não é algo definido desde o começo; ele não vai se construindo conforme se joga e não possui personagens marcantes. Tudo que nos é mostrado no início é que a nave de Lachesis foi atacada e que ela caiu em um planeta desértico. Passando a explorar o local, ela descobre uma espécie de comunidade de mineradores e sobreviventes vivendo no deserto e nas cavernas da região. Já tomamos controle da personagem após a queda da nave e nada à respeito da história nos é informado. Você vai descobrindo mais sobre aquele universo conversando com NPCs e encontrando documentos durante a exploração dos ambientes.

O mistério em torno do enredo e objetivos da protagonista até consegue deixar o jogador intrigado e curioso para descobrir mais. Ao mesmo tempo, ele consegue tirar o interesse do jogador logo nos primeiros 15 minutos de jogatina. Com base nisso, talvez o que motive o jogador a seguir em frente seria sua paixão pelo estilo metroidvania, o progresso, as descobertas, as recompensas e tudo mais.

Evil Genome possui elementos de RPG, então conforme se explora, vamos nos deparando com muitos inimigos e missões secundárias, ganhando XP conforme fazemos tudo e upando de level paulatinamente. Ele também conta com uma vasta árvore de skills e uma série de equipamentos diferentes que podem melhorar os atributos de Lachesis. Esses equipamentos não se limitam apenas a modificar os atributos, mas alguns também influenciam na estética da personagem, podendo alterar o seu visual, e disponibilizando diversas skins para a protagonista. E seguindo a tradição dos jogos asiáticos, o que não falta são roupas provocantes.

Alguns looks até combinam bem com o clima desértico.

O paradoxo do metroidvania “linear”

O combate do jogo provavelmente é a parte mais falha do conjunto. Os inimigos aparecem com abundância, mas tudo é lento demais, tanto os seus golpes como o dos oponentes são muito limitados e tudo que você faz é dar um combo de 3 hits, desviar e repetir o processo. Os inimigos se limitam apenas a atacar uma vez, esperar e atacar de novo, sempre no mesmo ritmo, o que torna as lutas fáceis demais e muito entediantes. Nem mesmo os chefes conseguem se salvar, pois os ataques deles não se diferenciam muito dos inimigos comuns, alterando apenas a força de cada um e sua velocidade.

Os combates seguem aquela clássica tradição de esmagar o mesmo botão infinitas vezes.

Se ainda assim você quiser testar Evil Genome por paixão ao gênero metroidvania, sinto-lhe dizer que até nisso o jogo falha. Os mapas não são muito desenvolvidos, muitos são becos sem saída, e o game não oferece muitos caminhos alternativos para te obrigar a voltar mais tarde quando tiver habilidades novas. A falta de variedade também não ajuda, com mapas que seguem sempre uma rotina de caverna, deserto, deserto e caverna. A sensação de déjà vu é inevitável e a vontade de continuar jogando só diminui. Mas nem tudo está perdido: em compensação, a trilha sonora realmente consegue empolgar e te emergir no ambiente, tanto nos momentos de exploração como nos combates.

No geral, Evil Genome não é um jogo ruim. Ele cumpre o que promete, mas definitivamente não tem nada de especial. Ele não se destaca nos combates, no universo e nem mesmo na carisma da protagonista, que é quase zero. Se você é um aficionado por metroidvanias, ele pode conseguir te entreter por algumas horas, mas não passa de uma experiência mediana que fica atrás de muitos outros jogos do gênero.