Qual a grande diferença entre bons quebra-cabeças e um que seja realmente muito difícil de ser resolvido? A resposta é simples: o nível de investimento de tempo comparado à frustração que aumenta com as tentativas. Energy Cycle Edge parece se perder entre esses conceitos e tenta compensar tudo com um apanhado de desafios mascarados por um visual descolado e uma trilha sonora leve.
O trabalho da Sometimes You parece superficial demais apostando em quantidade, pecando por qualidade e confiando demais na boa vontade dos gamers em continuar insistindo no jogo. Diferente de um quebra-cabeça com 3 mil peças de uma paisagem árida, esse indie vai fazer você chorar desde o primeiro nível.
Fácil é diferente de ruim
Ao ligar o jogo você já começa com o que poderia muito bem ser um jogo mobile, com uma interface bem simples e direta: jogue e não perca tempo tentando fazer nenhuma escolha. A partir de então você terá 44 desafios divididos em quatro níveis diferentes: 180, 90 e 45 graus, além do totalmente 3D. Os puzzles são células dispostas em grids angulares para você acionar cada uma delas e trocar suas cores para fazer com que todos se tornem verde, vermelho ou azul. Ou seja, todas as células de todas as fileiras em uma única cor. Você fará isso clicando em cada uma até combinar corretamente todas elas.
Para isso acontecer, desde o primeiro nível, você não contará com nenhum tutorial e desde o começo vai demorar além do normal para conseguir entender a mecânica ou como fazer a sequência de cliques corretas para concluir apenas o primeiro nível. Os desenvolvedores confundiram dificuldade com o prazer de jogar, fazendo com que Energy Cycle Edge fosse simplesmente um apanhado de quebra-cabeças demorados e frustrantes.
O desafio proposto acaba se perdendo pela simplicidade no gameplay. Quem nunca se pegou tentando resolver aqueles brinquedos de madeira que parecem não ter lógica alguma? Parecem simples, minimalistas e infernais. O mesmo acontece por aqui. Sem nenhum apoio visual ou até mesmo com guias, a curva de aprendizado é praticamente inexistente. Em nada justifica a não existência de uma progressão lógica para você se acostumar e aprender como chegar nas resoluções.
Seguindo esse raciocínio, o número de células para controlar e a diversidade de ângulos para girar o cubo faz com que o desafio do primeiro nível seja proporcional ao último. Então, por que percorrer 44 níveis?
Simples até demais
Por fim, o que parece é que os desenvolvedores pensaram em apenas um público, inclusive adicionando um modo clássico para quem jogou o título anterior e que adiciona a aleatoriedade das cores, dificultando ainda mais o jogo. Para quem é novo nessa franquia, assim como eu, dificilmente sentirá atraído pelo jogo após uma hora no mesmo nível.
Quando temos opções mais atrativas no mercado, inclusive com desafios ainda mais complexos como, por exemplo, The Witness, tudo se torna mais agradável e interessante. Tudo pela questão em ter o sentimento de progressão e aprendizado, resultando em um sentimento completamente diferente da frustração que Energy Cycle Edge acaba criando em quem se arrisca.
Isso sem contar as oportunidades desperdiçadas ao ignorar a tela de toque do Nintendo Switch, versão que testei, apostando apenas nos direcionais. Seja lá qual for o seu interesse no jogo, confesso que um cubo de Rubik pode ser muito mais interessante. Até porque, no fim, o Cubo Mágico não vai gravar o seu tempo e mostrar o quão incompetente você foi depois de mais de uma hora.