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Revisitar franquias antigas é sempre uma ideia bem-vinda, mas não podemos ignorar o fato de que nem todo jogo merece uma segunda chance. Endless Ocean nasceu originalmente no Wii em 2007, onde recebeu dois títulos e trouxe uma experiência relativamente interessante. A proposta é assumir o papel de um mergulhador e explorar a vida marinha, sem precisar se preocupar com combates ou mecânicas super complexas.

15 anos após o lançamento do segundo jogo, a franquia acaba de se tornar uma trilogia com Endless Ocean: Luminous, sendo mais uma tentativa da Nintendo de reviver alguns dos seus jogos mais cults. Infelizmente, devo adiantar que esse é um dos casos em que nem mesmo a nostalgia consegue melhorar a experiência, sendo um título que se perde totalmente dentro de sua simplicidade.

Nadando em águas turvas

Endless Ocean: Luminous permanece muito fiel aos seus antecessores, trazendo apenas algumas novidades que, em tese, deveriam deixar o game mais diversificado. Contudo, antes de falarmos mais abertamente sobre os modos de jogo e o que tem de novo, vamos a um breve resumo de como essa trilogia funciona.

Em Endless Ocean, tudo que você faz é nadar, nadar e nadar. O game não tem objetivos, desafios ou qualquer tipo de limitação, sendo mais uma enciclopédia de vida marinha interativa do que um jogo propriamente dito. Sua única tarefa é explorar os oceanos à vontade e escanear cada peixe e criatura que encontrar, a fim de aprender mais sobre elas. Não nego que é uma fórmula relaxante e até mesmo ideal para quem quer jogar alguma coisa sem se preocupar com absolutamente nada – mas não é algo que vá lhe prender por muito tempo.

Luminous dispõe de dois modos de jogo: um tipo de Free Roam, onde é possível explorar todo o mapa como quiser, e um Modo História dividido em capítulos minúsculos. Nessa campanha, nosso mergulhador é encarregado de investigar um fenômeno que está matando a vida marinha, sendo guiado o tempo todo por uma IA que consegue nos matar de tédio. Toda missão envolve apenas nadar até um ponto, escanear algo de vez em quando e escutar esse robô falando por muito mais tempo do que deveria.

Para piorar a situação, os devs ainda tiveram a brilhante ideia de restringir certos capítulos, obrigando o jogador a cumprir requisitos como escanear alguns milhares de peixes para prosseguir. A campanha em si já não é instigante em nada e ainda existem esses impedimentos para nos incentivar a abandonar o Modo História de vez. No final, acabei passando muito mais tempo no Free Roam, que acaba sendo a experiência mais próxima dos títulos de Wii.

Temos que escanear

O mapa do jogo é relativamente grande e a variedade de criaturas presentes naquele oceano é no mínimo impressionante. São quase 600 espécies diferentes, indo desde peixinhos minúsculos até algumas monstruosidades que eu nem sabia que existiam. Todos os seres marinhos foram recriados com grande riqueza de detalhes, então muitas vezes é legal simplesmente ficar admirando aqueles peixes vivendo em seu habitat natural.

Infelizmente, o visual do jogo não acompanha o mesmo capricho visto nas criaturas. É compreensível, o Switch é um console com um hardware bastante ultrapassado, mas não tem como ignorar o fato de que isso prejudica a imersão do jogo. Se Endless Ocean: Luminous tivesse gráficos super realistas com mecânicas mais elaboradas, certamente teria um efeito bem diferente e chamaria a atenção de um público mais amplo.

Não estou dizendo que todo jogo de oceano precise ser ultrarrealista. Tomemos como exemplo Abzû, que tem gráficos levemente cartunescos, mas que não deixa de possuir um visual estonteante. A proposta é muito semelhante: apenas nadar e apreciar, porém sua campanha tem começo e fim, não toma muitas horas do seu tempo e ainda consegue proporcionar uma experiência memorável. Endless Ocean: Luminous não tem o mesmo efeito.

Fora os peixes, o mapa é completamente vazio, tornando a exploração bem monótona. Vez ou outra, nos deparamos com alguns tesouros e pequenos segredos que envolvem a resolução de enigmas e puzzles simples, mas que ainda falham em tornar aquele ambiente mais interessante. Nem mesmo as cavernas profundas e os templos escondidos conseguem nos manter entretidos após algum tempo.

A solução proposta pela Arika para quebrar essa solidão é a adição do modo online, que nos permite jogar ao lado de até 30 mergulhadores. Se você tiver algum amigo para jogar e bater papo, até vale a pena, mas isso não é o suficiente para tornar esse título melhor. Quando jogamos com um grupo grande, cada jogador vai para um lado e nem sequer existe alguma interatividade que justifique optar por esse modo.

Quanto mais se explora, mais moedas ganhamos e assim podemos personalizar nosso mergulhador com itens cosméticos – que no geral, mudam apenas a cor de alguns elementos da roupa. Depois de passar algumas horas naquele oceano, cheguei à conclusão de que não existia nenhum incentivo forte o suficiente para me manter jogando ou interessado em continuar a exploração no dia seguinte.

Dito isso, tenha em mente que Endless Ocean: Luminous acaba sendo um título direcionado para um nicho extremamente específico: pessoas que se interessam pela vida marinha. Não existe nenhum outro motivo que torne esse jogo interessante para outros públicos, nem mesmo para jogatinas casuais. No final, vale muito mais a pena investir seu tempo em Abzû, que além de mais legal, ainda é vendido por um preço MUITO mais camarada na plataforma.

60 %


Prós:

🔺 Relaxante e simples de jogar
🔺 Quase 600 espécies de criaturas marinhas para descobrir
🔺 Todos as criaturas são belíssimas e ricas em detalhes

Contras:

🔻 Exploração monótona e pouco instigante
🔻 Modo História fraco e com restrições absurdas
🔻 Gameplay extremamente repetitivo
🔻 Multiplayer cru e com pouca interatividade entre jogadores

Ficha Técnica:

Lançamento: 02/05/2024
Desenvolvedora: Arika
Distribuidora: Nintendo
Plataformas: Switch