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Aguardei ansiosamente por Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes desde que foi anunciado em 2021. Com a minha prévia com o game, as expectativas aumentaram ainda mais em somente 7 horas de teste. Com a versão final, já adianto que o game entrega o que fãs dos primeiros Suikoden e JRPGs clássicos esperam, mas não se destaca em relação ao que temos hoje disponível nesse gênero.

Se olharmos para o jogo como um JRPG atual, ele ficaria aquém das evoluções de franquias antigas, como Final Fantasy e Tales Of, entre outras. Mas sempre ficou claro que a intenção do estúdio Rabbit & Bear Studios seria homenagear o formato clássico do gênero, mesmo atualizando alguns elementos que detalharei mais adiante.

Um mundo em guerra

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes tem uma história que retrata conflitos políticos e consequente guerras (parece até as tensões que vivemos atualmente no mundo real). Depois de ingressar na pequena Patrulha, Nowa segue sua nova jornada, depois de sair da sua vila, e se envolve em um conflito entre nações. Depois de algumas missões, ele passa a liderar seu grupo e chega a comandar um grupo bem maior para lutar contra o inimigo: o Império.

São dois lados. Além do Império, que quer causar a discórdia através do duque Aldric, ignorando a vontade do imperador, existe também a Liga das Nações, que são países que se aliaram e permanecem juntos contra as intenções do Império. Com o conflito iminente e inevitável, Nowa começa a liderança da Aliança, um grupo que reúne diferentes forças contra o lado opressor, chegando a tomar o tamanho de um reino e ter grande força militar.

Dá para ver o dedo de Yoshitaka Murayama na história de Hundred Heroes.

Essa é a premissa de Hundred Heroes. Nowa, o protagonista, precisa reunir pessoas para que a Aliança seja forte o suficiente para encarar o Império junto da Liga das Nações. Por isso existem “100 heróis”, personagens que você recrutará durante sua jornada. Cada um tem seu papel, alguns lutam, outros cuidam de estabelecimentos em sua cidade, entre outras atribuições.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes

A história é boa, dá para ver que tem o dedo de Yoshitaka Murayama, que infelizmente veio a falecer antes do lançamento do game. É uma narrativa que ele criou com os dois primeiros Suikoden e segue um caminho quase idêntico. Mesmo assim, faltou aquele momento “tchan”, sabe? Como tem nos jogos da Konami em que Murayama trabalhou. Momentos que surpreendem o jogador e, talvez, faça seus olhos encherem de lágrimas.

Hundred Heroes tem diferentes formas de combate

Não só nessa parte Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é parecido com Suikoden. A semelhança também está nos combates, estilo artístico, mini games, entre outros elementos. Em relação ao combate, ele funciona da mesma forma como nos títulos clássicos da franquia da Konami. É possível levar até seis lutadores, cada um tem suas habilidades e magias, além de ataques em conjunto dependendo dos personagens.

Mas o jogo do estúdio Rabbit & Bear vai além. Ele permite carregar personagens de apoio, que oferecem diferentes atributos em campo e em batalha. Além disso, os personagens obrigatórios da vez não precisam necessariamente estarem no grupo de combate, já que existem slots extras para levá-los em sua jornada até o objetivo em questão. Isso é de grande ajuda.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes

O game conta com o que é equivalente as runas de Suikoden. As lentes rúnicas oferecem os diferentes elementos e atributos e podem ser equipados nos personagens. Elas também são objeto de desejo do vilão principal, que quer usá-las de forma errada para subjugar todas as nações.

Durante os combates, você escolhe cada ação dos lutadores e termina seu turno, aí então aquela rodada se inicia. Ou se preferir deixar por conta da IA, é possível deixar a luta no modo automático. Caso no goste do comportamento dos personagens, é possível personalizar com várias opções de ações diferentes.

Hundred Heroes conta com personagens carismáticos e diálogos divertidos.

Como você recruta uma gigantesca quantidade de personagens diferentes, você se verá em momentos que terá que substituir aquele personagem amado por um novo que acabou de recrutar, já que ele é mais forte e mais promissor. Isso acontece durante todo o jogo.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes

Além do combate tradicional, existe o um contra um, onde é necessário prestar atenção na fala dos personagens para saber qual ação usar, e os combates de guerras, comandando pelotões diferentes contra o inimigo. Isso já existia em Suikoden, mas é consideravelmente mais evoluído neste jogo.

Um mundo com muitas atividades

Os personagens são bastante carismáticos, todos dublados em japonês e inglês (eu joguei em japonês, porque prefiro) e as atuações são muito boas em mostrar a personalidade de cada um, coisa que não existia há 25-30 anos atrás. Mesmo com tantos personagens, não existe um Flik e Viktor, por exemplo, o que é uma pena (fãs de Suikoden saberão).

O mundo de Hundred Heroes é grande. Existem várias cidades e dungeons variadas, cada uma com seus inimigos e puzzles para progredir. Existem também os campos abertos, que é o equivalente a mundo aberto nos JRPGs clássicos. Mas esses trechos você percorrerá enquanto não tem a viagem rápida, ou quando vai a um novo lugar pela primeira vez, já que depois do fast travel habilitado com uma personagem específica, não existe motivo para ficar perambulando.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes

Toda ambientação é em 3D com movimentação da câmera livre nos campos abertos, e nas cidades e dungeons de forma controlada, mas dinâmica. Os ambientes são bem feitos, cheios de detalhes, as cidades contam com seus NPCs para deixá-las mais vivas. Tudo bem feito nesse sentido.

Recrutando os personagens certos, você terá a sua disposição uma quantidade boa de mini games: corridas em cima de criaturas, pescas, jogo de cartas, uma espécie de “Beyblade” (jogo com peões), campeonato culinário e mais. Nesse sentido, Hundred Heroes oferece uma boa evolução sobre Suikoden.

A trilha sonora embala tudo pontualmente: consegue ser épica, alegre, triste, tensa. Ou seja, cada um desses momentos terá uma composição que eleverá as sensações na hora certa. Não sei se é a nostalgia falando, mas ela não conseguiu ser tão épica quanto a de Suikoden 2, embora seja decente.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes

Apesar de não ser autêntico, é marcante

Hundred Heroes tem alguns probleminhas, como erros de escrita na legenda, que está muito bem localizada para o nosso jeito de falar; cutscenes que congelam e demoram para voltar; alguns artefatos visuais nos campos abertos; comandos de ataque de heróis desligados quando deveriam funcionar normalmente; e a forma como o dano é mostrado, que confunde bem. Sobre este último, cada ataque de um combo gera um número diferente, por isso dá a impressão de que os números estão sendo somados, quando na verdade ele só está crescendo. Acho que poderia ser mais claro.

O game é uma experiência obrigatória para fãs de JRPG clássico!

Confesso que foi (tem sido, na verdade) uma experiência bem emocionante, já que sou grande fã de JRPGs clássicos. O jogo é muito grande, vai durar mais de 50 horas facilmente e pode passar ainda mais se decidir pegar todas as conquistas do jogo.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes não consegue ser original comparado com o que temos atualmente, mas certamente é uma bela homenagem aos JRPGs clássicos, especialmente os dois primeiros Suikoden, que estão entre meus títulos favoritos. É uma grande pena não ter o criador vendo o resultado final nas mãos dos jogadores, ele certamente ficaria orgulhoso. Arrisco a dizer que, assim como Sea of Stars se destacou fazendo a mesma coisa em 2023, Hundred Heroes terá o mesmo impacto nesse sentido. Um jogo obrigatório para fãs do gênero e da franquia da Konami.

90 %


Prós:

🔺 Realmente uma homenagem aos JRPGs clássicos
🔺 Um prato cheio para fãs de Suikoden
🔺 Grande quantidade de conteúdo
🔺 É muito divertido recrutar os personagens

Contras:

🔻 Não é inovador
🔻 Alguns probleminhas pontuais de fácil resolução
🔻 Faltou momentos emocionantes na história, mesmo sendo boa

Ficha Técnica:

Lançamento: 23/04/2024
Desenvolvedora: Rabbit & Bear Studios
Distribuidora: 505 Games
Plataformas: PC, PS5, PS4, Xbox Series X|S, Xbox One e Switch
Testado no: PC

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