Sou fã de esportes e, mesmo não sendo um expert no assunto, também sei apreciar o automobilismo na medida certa. Contudo, sempre tive problemas com jogos de corrida baseados nas principais ligas da categoria, pois praticamente todos eles tentam trazer uma experiência de simulação exageradamente fiel à vida real, com mecânicas realistas e uma complexidade fora da curva.
É óbvio que isso é ótimo para quem é fã de longa data e joga todas as entradas anuais dos seus esportes preferidos, mas para quem só quer curtir umas corridinhas aqui e ali, não é nem um pouco prático. Diante desse cenário pouco acessível, EA Sports WRC se destaca com uma experiência bastante hibrida, apostando alto na acessibilidade sem abrir mão de toda a complexidade que os simuladores de corrida tanto gostam.
De casa nova
EA Sports WRC traz uma série de mudanças para uma franquia de jogos de rally bastante consagrada. Tudo começou lá em 1998, com o lançamento do primeiro Colin McRae Rally – título que carregava o nome de uma das maiores lendas do esporte. Com o tempo, a série mudou de identidade e passou a ser chamada de Dirty Rally, tendo seu último título lançado em 2019.
Em 2020, a Codemasters (estúdio responsável pela franquia) foi adquirida pela EA, então este é o primeiro título que temos sob nova direção. Não menos importante, esta edição está marcando um novo rebranding da série, novamente se tornando um jogo licenciado pela World Rally Championship. A última vez que isso aconteceu foi em 2002, quando ainda se chamava Colin McRae Rally.
Não parando por aí, esse é o primeiro título da franquia totalmente feito dentro da Unreal Engine, ou seja: temos tecnologia nova no pedaço. Esse upgrade foi positivo em diversos aspectos, mas deixou a desejar em algumas questões técnicas, como veremos melhor adiante.
Para todos os gostos
Se você é um novato dentro dos jogos de rally ou simplesmente carece das habilidades (e paciência) necessárias para encarar um simulador, pode ficar tranquilo. EA Sports WRC é bem convidativo e oferece um batalhão de configurações específicas, buscando deixar o jogo o mais fácil possível para quem quer apenas dirigir em estradas de terra. Em compensação, também existe a possibilidade de transformá-lo em um grande simulador à moda antiga, com toda aquela complexidade de sempre.
O modo carreira é bem profundo e disponibiliza três níveis de dificuldade, do mais fácil até o mais impossível. Diferente de outros jogos do gênero, em que devemos apenas nos preocupar em vencer corridas e se tornar o maioral, aqui devemos fazer absolutamente tudo que você puder imaginar: contratar uma equipe, montar carros, planejar bem o orçamento para adquirir veículos melhores, conseguir patrocínio e por aí vai.
Quem quiser uma experiência mais branda pode desligar o dano causado aos veículos durante as corridas, um dos fatores que mais dificultam nossa trajetória. Consertar os carros custa muita grana e certamente vai te atrapalhar na hora de adquirir outros melhores – mas em compensação, deixa tudo bem mais realista. É óbvio que quem sabe montar os veículos nos mínimos detalhes consegue tirar o melhor desempenho em cada pista, mas pilotar apenas os automóveis pré-definidos também funciona muito bem.
Além do modo carreira, temos os clássicos Championship, Time Trial, Builder e Customization, mas o destaque vai para o Moments, que revive algumas corridas icônicas que já aconteceram na vida real. Esse tipo de modo anda bem popular em jogos de esportes e a graça desse aqui é que continuará sendo atualizado conforme novos momentos épicos aconteçam na temporada atual.
Alta quilometragem
Quanto às demais novidades do pacote, acredito que a principal fica com a extensão das pistas, que neste jogo estão muito maiores. Agora temos percursos que atingem até 30 km de puro dinamismo, envolvendo mudanças climáticas e passagem natural do tempo. O desafio não é apenas alcançar a primeira posição, mas se manter nela dentro de todas essas circunstâncias! Quem for jogar no modo simulação com certeza vai ter bastante trabalho pela frente.
Outro ponto bem interessante da acessibilidade são as orientações que recebemos do nosso copiloto. Quem optar por algo mais realista terá uma série de termos muito específicos, que somente os viciados no esporte conseguirão entender. É possível deixar essas dicas mais acessíveis e objetivas, obtendo um direcionamento mais adequado para quem não está familiarizado com essas expressões. O problema é que está tudo em inglês, então quem não é bom de ouvido vai sofrer um pouco para dirigir e se atentar ao que ele fala simultaneamente.
EA Sports WRC infelizmente veio acompanhado de uma série de problemas técnicos que não existiam na época do Dirty, mas acredito ser uma consequência da mudança de engine. A maioria se concentra em detalhes gráficos: bugs nas texturas das pistas, detalhes pouco realistas, quedas de framerate e um certo estranhamento visual durante corridas com chuva ou à noite – tudo isso é bem comum. Essas questões podem ser corrigidas com o tempo, mas certamente ainda existe um grande espaço para evolução dentro da Unreal.
EA Sports WRC é um excelente jogo de rally, honrando suas raízes e dando continuidade – com muito estilo – a 25 anos de tradição do esporte nos games. Não é perfeito, mas traz muito mais novidades do que estamos acostumados em títulos esportivos, além de ser totalmente acessível para novatos e jogadores mais casuais, que querem apenas apreciar o esporte em paz. O fato de não ser uma franquia anual deixa tudo ainda melhor, pois sabemos bem que sua sequência provavelmente terá um impacto igual ou até superior a este.
Prós:
🔺 Muito acessível para novatos, mas não abre mão da sua complexidade
🔺 Modo Carreira é bastante profundo e imersivo
🔺 Pistas maiores e com clima/tempo dinâmico
🔺 Grande variedade de veículos e percursos
Contras:
🔻 Diversos bugs visuais e problemas técnicos
🔻 Falta de localização em português prejudicará a experiência de alguns
Ficha Técnica:
Lançamento: 31/10/23
Desenvolvedora: Codemasters
Distribuidora: EA
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Testado no: PS5