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Depois de bons anos em desenvolvimento e vários adiamentos, Dying Light 2 Stay Human finalmente está entre nós! Dessa vez buscando ser algo mais do que apenas “aquele joguinho de zumbis com parkour”, esta sequência gerou bastante expectativa por diversos motivos: os desenvolvedores prometeram um jogo de mundo aberto dinâmico com escolhas que realmente têm peso, mais elementos de RPG e não 100, nem 200 horas de gameplay, mas sim 500! Isso mesmo, segundo a galera da Techland, você precisará de pelo menos 500 horas para fazer absolutamente tudo que o game proporciona e isso é um verdadeiro absurdo.

Porém, de nada adianta oferecer tanto tempo de jogatina se o jogo em si não for bom, não é mesmo? A boa notícia é que felizmente ele é bom demais! Apesar de certas promessas não terem um efeito tão impactante quanto parecia (acho que nesse caso podemos culpar nossas próprias expectativas), Dying Light 2 cumpre o que promete e é um dos melhores jogos de mundo aberto/zumbis lançados nos últimos anos.

Carregando o mundo nos ombros

O jogo se passa 20 anos após o primeiro em um novo lugar e com um novo protagonista, mas ainda na mesma desgraça: está todo mundo morto e sedento por sangue. Agora ambientado em um lugar conhecido apenas como A Cidade, onde alguns humanos montaram comunidades e facções para lutarem pela sobrevivência, entraremos na pele de Aiden, um andarilho que está à procura de sua irmã desaparecida. O problema é que, no meio da sua busca (para ser mais preciso, durante o prólogo do game) ele acaba sendo mordido, então sim, nós estamos infectados e isso será um grande problema.

Jogo novo, problemas velhos

Apesar de ser um tanto contraditório falar isso, A Cidade é um lugar muito vivo e repleto de personalidade. Assim como qualquer lugar no mundo, todo aquele território está em ruínas, com as ruas infestadas de zumbis e assassinos, mas o dinamismo aqui impressiona, assim como o level design, que é de tirar o chapéu. Aliás, apesar do jogo ter 500 horas de conteúdo, fiquem tranquilos que a campanha dura em torno de 20, então quem só quiser aproveitar a história não precisará ficar jogando até 2023.

Dying Light 2 nos introduz a um mundo aberto comum, como já estamos cansados de ver em qualquer jogo. Ele tem diversos pontos e lugares de interesse para serem explorados, eventos aleatórios e, é claro, muitas missões secundárias. Porém, mesmo que ainda tenha um grau considerável de repetição (o que é normal para um jogo do gênero), tudo aqui parece único. Você pode visitar dezenas de edifícios diferentes, nenhum deles parece igual ou sequer parecido demais com o outro. Cada missão secundária tem uma historinha mega elaborada que te deixa super imerso e não é apenas um “leve um item até tal lugar” ou “mate alguns zumbis porque sim”. Aquele mundo está vivo e você faz parte disso!

É sempre bom lembrar que precisamos temer mais os vivos do que os mortos

Nosso protagonista não é lá o personagem mais cativante do mundo, mas felizmente não fizeram um jogo com protagonista customizável e mudo. Aiden tem voz, tem personalidade e deverá tomar muitas decisões difíceis ao longo de sua jornada. Cada detalhezinho aqui conta e o mundo está sempre sendo moldado de acordo com o caminho que decidimos trilhar.

Colhendo o que planta

Um dos grandes diferenciais de Dying Light 2 é que ele prometeu ser um jogo que traria consequências realmente relevantes de acordo com as escolhas do jogador. Isso vai além daquele padrão Telltale, de que uma decisão muda algo na narrativa; o verdadeiro diferencial está na reação d’A Cidade, o ambiente em que estamos presos. Ao longo do jogo, nos depararemos com várias facções, cada uma com seus próprios objetivos, código de conduta, vantagens e desvantagens. Você poderá se unir a algumas delas, mas isso também significará virar as costas para outras. O mundo ao seu redor será moldado de acordo com as facções que você decidir se aliar, onde cada uma te ajudará de formas únicas e trará impactos diferentes.

Fazendo novos amigos e inimigos

Esse não é um conceito totalmente novo. Já até vimos em jogos consideravelmente mais antigos, como o primeiro Dishonored, que colocava mais ratos na rua caso você saísse matando todo mundo durante as missões. Porém, as mudanças em Dying Light 2 são bem mais profundas e coerentes com o contexto do jogo, então nada ali acontece por acaso e é necessário escolher bem seu lado ao longo da história. Seria mais ou menos como em um Fallout, principalmente quando levamos em consideração que estamos em uma sociedade em ruína, então nenhuma facção ali está 100% certa e todo mundo tem seus podres.

Essa é a evolução desse sistema de “escolhas-consequências” que provavelmente vai ditar o rumo de quase todo jogo mundo aberto daqui em diante. É uma forma de manter o jogador sempre imerso naquele mundinho, com a sensação de que tem o poder para alterar qualquer coisa – o que por outro lado também provoca tensão, já que sempre buscaremos ser mais cautelosos. Comigo isso funcionou muito bem e esse fator foi a grande cerejinha do bolo; é o que torna Dying Light 2 tão especial e o isola de tantos outros jogos semelhantes do gênero.

Dormir é para os fracos

Dying Light 2 nos coloca em dois tipos de situações que nos forçará a criar uma rotina dentro do jogo, tudo se resumindo a uma mecânica bem simples: dia e noite. A luz do sol machuca os zumbis, então de dia a maioria deles se escondem dentro de prédios e em lugares escuros, ficando apenas alguns nas ruas (mas em compensação, tem mais humanos psicopatas zanzando por aí). De noite é a hora que eles saem para fazer a festa e é praticamente suicídio andar nos níveis inferiores, pois isso vai chamar a atenção de uma horda e você morrerá em questão de segundos. Nessas horas somos obrigados a explorar somente pelos telhados ou simplesmente dormir até o amanhecer, mas o jogo recompensa quem for corajoso o bastante de sobreviver durante a noite.

Os zumbis são sensíveis à luz UV, então abuse do neon na cara deles!

A parte legal é que o jogo nos incentiva a explorar tanto de dia quanto de noite, pois existem atividades diferentes para se fazer. Um exemplo: como os zumbis ocupam o interior dos prédios de dia, o melhor momento para explorá-los é de noite, quando eles estão do lado de fora. Em alguns deles existem itens valiosos para serem pilhados e você tem a liberdade de encará-los de dia, se quiser, mas vai ter que lidar com um monte de mortos-vivos famintos.

Outro fator que deixa as coisas mais desafiadoras é o fato de Aiden estar infectado. Durante o dia estamos seguros quando expostos à luz do sol, mas em ambientes escuros nossa imunidade começa a cair e temos cerca de cinco minutos para encontrar luz antes que nosso personagem se transforme. É bastante desesperador, especialmente à noite, quando não tem luz em praticamente lugar nenhum e você precisa rodar a cidade atrás de um lugar seguro (ou tomar pílulas para retardar a transformação).

Se tem Rosario Dawson no fim do mundo, para mim está ótimo

O mapa não é tão extenso quanto outros jogos que já vimos por aí, mas é grande o bastante para nos manter interessados e explorando o tempo inteiro. Os gráficos estão dignos da nova geração, tanto do ambiente quanto dos personagens, que possuem rostos detalhados e uma ótima expressão facial. O mais maluco é que, mesmo em uma cidade destruída, o jogo consegue ser bonito! Ele tem um contraste muito interessante onde embaixo tudo é meio desértico e rústico, enquanto os telhados são tomados por mato e vegetação. É como se fosse uma alusão de que em cima tem vida enquanto embaixo só tem morte, o que faz todo o sentido.

Mais parkour, mais zumbis, mais sangue

Já se tratando do gameplay, quem jogou o primeiro já estará bastante familiarizado com o esquema de parkour em primeira pessoa com matança desenfreada, mas tudo aqui se encontra completamente renovado e mais satisfatório. Aiden tem dezenas de movimentos de parkour para explorar A Cidade, mas nem tudo são flores e você terá que lutar bastante para conquistar a maioria deles.

No começo tudo é muito limitado e difícil, justamente porque Aiden não é tão ágil e contamos com poucos movimentos na manga. É necessário realizar missões e objetivos paralelos para ir ganhando XP e desbloqueando novos truques em sua árvore de habilidades. É um processo lento e até exagerado, pois muitos desses movimentos poderiam já estar desbloqueados desde o início. Acho que isso pode prejudicar um pouco a experiência inicial de algumas pessoas (ainda mais pelo fato do personagem ter pouquíssimo vigor no início), mas os mais pacientes terão a oportunidade de experimentar um jogo ainda mais divertido.

Sim, dá para pular de paraquedas e é incrível

Já o combate segue o mesmo estilo do anterior, onde devemos empunhar uma grande diversidade de armas brancas para esmagar e mutilar nossos oponentes. Aqui não temos armas de fogo e as únicas armas de longo alcance, como arcos, são bem limitadas, então tudo vai ter que ser resolvido no mano a mano. Particularmente, é a parte que menos gosto do jogo, então sempre que possível eu fugia dos combates e tentava resolver tudo na furtividade, o que também não é nada fácil.

Nosso personagem pode ser completamente equipado com diferentes peças de roupa e armaduras, o que melhora seus atributos e também o deixa mais estiloso (pena que a gente não vê ele). Aqui já entra a parte mais focada em loot, já que estaremos sempre dropando e encontrando armas e armaduras para equipar, cada uma com seus próprios atributos e vantagens. É aquele bom e velho elemento de RPG mesclado com a imprevisibilidade da sorte, já que loot sempre é aleatório (e isso não é necessariamente algo bom).

Sem mais, Dying Light 2 Stay Human definitivamente é um excelente jogo mundo aberto e um baita jogo de zumbis. Para os curiosos que não jogaram o primeiro, mas têm interesse neste aqui, pode ir direto sem medo porque não existe nada relevante do enredo anterior que precisamos saber aqui. Já para quem jogou o anterior e não via a hora de jogar este, vai fundo porque sua espera valeu a pena. Agora, se me dão licença, eu ainda tenho mais umas 450 horas para gastar neste jogo.