Quando você já enfrentou todos os possíveis adversários pelo Universo e até em algumas outras dimensões, a vida tende a ficar consideravelmente tediosa. Lutar com os mesmos personagens secundários, percorrer os mesmos caminhos voando pelos ares, pescar nos mesmos lagos e suportar os mesmos velhos com sérios distúrbios sexuais acaba cansando. Até que surge um ser além dos limites que estamos habituados.
Em Dragon Ball Z: Kakarot – A New Power Awakens – Part 1, os maiores heróis (não terráqueos) da Terra são levados para um outro plano a fim de enfrentarem Bills, o Deus da Destruição. Assim, mais uma vez, Goku e Vegeta são arrastados além de seus limites em busca de se tornarem o maior guerreiro do Universo.
Uma deusa, uma louca, uma feiticeira
Seguindo a linha criada pelo jogo base, Dragon Ball Z: Kakarot – A New Power Awakens – Part 1 oferece uma nova parte do mapa, aberta porém limitada, assim como o restante. Todavia, por se tratar de um plano divino, o cenário é ainda mais vazio. Somente contando com Bills – o Deus da Destruição, Whis – seu auxiliar, o Peixe-Oráculo – vendedor do local, um local de descanso e o ponto de aprimoramento de movimentos. E é só isso. De relevante.
Por todo o restante deste mapa, somente paisagens vazias, sem nada de interessante. Nem sequer batalhas aleatórias, segredos, curiosidades, nada. Somente colinas, lagos e os malditos orbes para adquirir melhorias na árvore de habilidades. Este consegue, acredito eu, ser o cenário mais decepcionante de Dragon Ball Z: Kakarot, e olha que a briga é acirrada.
A sensação de vazio do mapa é complementada pela maneira estranha que se acessa a expansão. Não é visitando nenhuma parte nova do mapa, entrando em contato com novos NPCs, realizando missões diferenciadas, nem nada de divertido. É por meio de uma opção no menu. É, tal qual o gerenciamento de personagens, temos a opção de acessar essa entrada e somos transportados para o novo plano de existência.
Tal qual um bom arco de filler de Dragon Ball, A New Power Awakens – Part 1 tem um arco narrativo com a profundidade de uma poça d’água. Whis transporta Goku e Vegeta para um outro plano de existência pois Bills deseja adversários que sejam dignos de desafiá-lo. O seu papel nisso tudo é ser uma cobaia de laboratório para um deus egoísta. A parte boa é que podemos escolher jogar como Vegeta ou Goku a qualquer momento.
Claro que como todo episódio de Dragon Ball não é simplesmente ter um novo adversário apresentado e, surpreendentemente, como Goku é o maior guerreiro do Universo, ele acabar vencendo na primeira oportunidade. Para poder sequer enfrentar Bills precisamos passar por um árduo treinamento com Whis – e por árduo eu quero dizer repetitivo e cansativo.
Afinal de contas, precisamos de muito esforço e a ajuda dos amigos que fizemos no caminho para alcançar mais um estágio de poder, o Deus Super Saiyajin. Eu devo admitir que já perdi as contas de quantos tipos de transformações diferentes Goku já passou por todos estes anos nesta indústria vital.
Hora do videoclipe de treinamento
O treinamento consiste de duas partes: uma delas na qual aprendemos coisas absolutamente inovadores – como o Kaioken e as transformações Saiyajin 1, 2 e 3 – antes de chegar ao Deus Super Saiyajin, e a outra na qual enfrentamos Whis repetidas vezes em busca de Águas Sacras, itens que aprimoram a experiência do personagem, aproximando-o do nível apropriado para enfrentar Bills.
A luta com Bills sim traz um desafio e tanto. Primeiramente por ser um adversário de um nível absurdamente mais alto do que qualquer outro que você tenha enfrentado ao longo de sua jornada. Segundo porque ele exige um estilo de luta diferente do que o jogo pede até ali. E, terceiro, porque é a primeira batalha que nos proíbe de usar itens de recuperação de vida. Esse ponto sim faz com que essa seja a batalha mais desafiadora, de longe, de Dragon Ball Z: Kakarot – A New Power Awakens – Part 1.
Segurem minha mão e vamos parar para considerar um fator: eu terminei Dragon Ball Z: Kakarot platinando o jogo e, mesmo assim, Gohan, meu personagem mais forte estava no nível 90. Bills está no nível 250. Agora façam as contas de quanto grinding é necessário fazer por repetidas vezes enfrentando Whis para alcançar este ponto. Então a possibilidade de acessar a expansão em qualquer ponto do jogo não me parece tão útil, a não ser que você queira avançar alguns passos e distorcer a linha do tempo original.
Gastei mais 10 horas fazendo esse grinding maravilhoso para levar somente Goku ao nível 250, isso mal tocando em Vegeta. Mas honestamente, a expansão possui, no máximo, uma hora de conteúdo. E isso sendo muito benéfico e contando com as cutscenes longas, repetitivas e vazias de conteúdo. Considerando o preço do pacote com todas as DLCs, visto que não é possível adquirir essa parte separadamente, a não ser que as outras sejam incríveis, não recomendo.