Vindo do ano 409 do nosso senhor (sempre quis usar essa frase, devo admitir), um guerreiro bárbaro corre mil milhas e cruza as montanhas mais altas para alcançar uma espada que muitos tentaram, mas nenhum conseguiu. Chegando à espada, o bárbaro se prepara, ajeita o cabelo esvoaçante, arruma a tanga de pele de texugo que circunda suas partes baixas e puxa. Ele puxa a espada como se não houvesse amanhã. Ele puxa com toda a força do seu ser. E ela sai em suas mãos.
Com a espada em punhos, o bárbaro guerreiro prepara-se para comemorar, quando um raio atinge seu corpinho torneado. Ele se sente estranho e, subitamente, a paisagem familiar desaparece e o terreno se torna completamente diferente. Ele se vê em uma época muito à frente dos seus dias.
A GrabTheGames traz a nós o mais novo lançamento da Ritual Games, Cybarian: The Time Travelling Warrior (sim, estou me especializando em jogos com nomes gigantes), uma aventura em 2D que responde pela alcunha de uma mistura de Mega Man e Streets of Rage.
O que há de melhor na vida?
Se declarando como tal, Cybarian segue bem o modelo descrito por Mega Man, principalmente nas instâncias lançadas para o Nintendo Entertainment System, o famoso Nintendinho (ou NES). A movimentação não é necessariamente fluida, mas não chega a ser estranha e responde muito bem aos momentos de plataforma.
No caso do combate, já é outra história. O que se tem de referência é que o combate de Mega Man é algo ligeiramente travado, alguns diriam metódico, eu chamo de lento. Porém, por ser geralmente fundamentado em golpes à distância, com o buster do garotinho azul, tal combate funciona bem.
Quando você chega no mundo de Cybarian, possuindo somente a habilidade de pular e o combo de 3 ataques que te acompanhará até o fim da vida, o combate é todo feito corpo-a-corpo. No seu caso, lâmina gigante de duas mãos-a-corpo.
E é aí que fica o primeiro dos meus problemas com Cybarian: The Time Travelling Warrior (sim, adoro repetir o nome inteiro). O combate, nas duas primeiras fases, é composto somente do combo de 3 golpes apresentados no início. Isso por si só já é um problema, principalmente em um jogo beat’em-up.
Tudo bem que, após vencer o segundo chefe, você ganha a capacidade de arremessar sua espada, o que ajuda infinitamente. Mas o grande problema é que o jogo exige um ritmo muito específico para que o combo seja realizado. No frenesi de matar tudo o que se move, é bem complicado esperar alguns milissegundos a mais, deixando o combo algo não natural.
E essa é a sua única opção de ataque. Eu repito. Em um jogo beat’em-up, você só tem uma maldita opção de atacar. Para ajudar, com um ritmo completamente bizarro para os padrões da indústria. Porque não é um ritmo espaçado o suficiente para ter alguma variação de jogabilidade, nem rápido o suficiente para esmagar os botões.
Hasta la vista, baby!
Algo que deve ser admirado em Cybarian: The Time Travelling Warrior (repita isso 3 vezes em voz alta) é o trabalho visual. A equipe realmente se dedicou em fazer o produto em pixel art que fosse digno de uma obra prima. Por mais que seja possível ver alguns dos exemplos nas imagens deste post, peço a vocês que assistam o vídeo para conseguir compreender exatamente do que estou falando.
As animações do personagem principal são absolutamente fluidas. O cabelinho voando, as movimentações da espada com os golpes, são todas incríveis. Os inimigos são tão perfeitos quanto. Durante os aparecimentos, os golpes e tiros, tudo é muito bem trabalhado, mesmo com a grande quantidade de inimigos completamente diferentes entre si, o que também é admirável.
Isso sem falar nos chefes. Todos muito diferenciados, únicos, com designs especiais, modos de combate que exigem coisas diferentes, níveis de atenção e movimentação extrema do jogador. Porém, todos com o mesmo momento no qual o chefe se atrapalha e fica à mercê dos seus ataques.
Mas o que chamou minha atenção para isso foi o cuidado dado, por exemplo, aos clássicos barris com fogo, aparato indispensável aos moradores de rua no hemisfério norte do continente americano. O fogo se move independentemente, com uma leveza que me fez parar por um tempinho para admirar.
O grande ponto de incômodo deste jogo não foi nem o fato de ele poder ser finalizado em cerca de 2 horas. Isso, pelo preço, é uma experiência mais do que válida. O problema não foi o fato de que, cada vez que você morre, volta ao início da fase, por mais odioso que esse fato fosse. O mais irritante da coisa toda foi que, a cada vez que eu fechava o jogo, precisava começar tudo do início. Nada que eu fazia era salvo em lugar nenhum. MEU DEUS QUE ÓDIO!!!
Por fim, é válido ressaltar que Cybarian: The Time Travelling Warrior é um jogo muito curto, uma experiência efêmera. Por mais que eu tenha recomeçado pelo menos uma dezena de vezes, meu tempo de jogo total não passa das 4 horas. Somado a isso, o valor do jogo é plenamente compatível, não passando de 10 golpinhos (aproveite o nome maneiro enquanto é tempo) no lançamento deste review.
Avaliando todos os pontos problemáticos e agradáveis de Cybarian: The Time Travelling Warrior, o resultado final é um jogo simples, não tão fácil, divertido e que definitivamente vale uma dezena de unidades monetárias pela qualidade do que oferece.