Se você já passou horas naqueles espaços com fliperamas em shoppings, você com certeza já se divertiu bastante com algum jogo da franquia Cruis’n. A série sempre foi caracterizada pelos jogos de corrida mais excêntricos, com carros bizarros disputando juntos e muitas piruetas automobilísticas. Apesar desse clássico ter se consagrado principalmente nos arcades, a série já marcava presença nos consoles da Big N desde o Nintendo 64. Com seu último jogo lançado em 2008 para o Wii, a franquia retorna à casa com Cruis’n Blast, antes exclusivo nos arcades e agora disponível no Nintendo Switch.
Trazer um jogo de fliperama para um console pode ser um grande desafio. Isso se dá pela tarefa de trazer toda a imersão presente na área de jogos de um shopping para um ambiente um pouco mais tranquilo, dentro de casa. Para entender se Cruis’n Blast deu conta do recado, vamos explorar todos os detalhes pertinentes do jogo da Raw Thrills e te ajudar a decidir se vale o investimento ou não.
Corrida insana
Como de costume, Cruis’n Blast entrega um jogo caótico de corrida, o que pode agradar tanto os jogadores acostumados com a franquia como surpreender muitos novatos graças a seu ritmo acelerado e cheio de adrenalina. O game possui um acervo de carros bem distintos: vão desde Corvette e Cadillac até triceratops e nave alienígena, todos com um gameplay semelhante, mas com uma muita customização disponível, permitindo alterar a cor, adicionar neon, motores e adesivar os veículos.
O jogo possui controles muito fáceis de se aprender. Afinal, são apenas 3 botões e o direcional, com um gameplay intuitivo e acessível a qualquer jogador. Em muitos casos, a jogabilidade simplória pode ser vista como algo negativo, mas aqui ela faz sentido com a experiência. O foco das partidas está nas manobras, como os drifts, as piruetas que servem para ultrapassar os outros concorrentes e os turbos, que devem ser usados para garantir o primeiro lugar da corrida.
Carros, motos, dinossauros e até aliens
A dinâmica de desbloqueio de carros e pistas é bem rápida. Em poucas horas já é possível desbloquear grande parte do que o jogo tem a oferecer. Cruis’n Blast dá dois tipos de recompensa: o dinheiro, utilizado para fazer upgrades nos carros, e as chaves, que estão distribuídas nas pistas e é necessário prestar atenção no cenário para coletar todas. Essa dinâmica acaba oferecendo um segundo objetivo, que é achar todas as chaves escondidas. Com elas, é possível desbloquear os veículos que são exclusivos dessa “moeda”, como é o caso dos unicórnios.
Ao total, são 29 pistas para correr. Entretanto, elas são variações de 5 pistas: Vale da Morte (Califórnia), Madagascar, Londres, Rio de Janeiro e Singapura. No início isso pode acabar passando despercebido, mas fica um pouco repetitivo com o passar das corridas. Como de costume na franquia, os cenários são carregados de referências de cada local, onde características geográficas são tratadas de forma cômica e frenética. Apesar de sustentar alguns estereótipos, como a pista do Rio com Carnaval e a da África com leões e girafas na pista, o jogo representa todas essas localidades como se fosse uma homenagem à esses locais. Não há uma conotação negativa e sim uma exaltação da exuberância dessas localidades.
Cruis’n dando sua derrapada
Nos jogos mais antigos da franquia, era muito comum jogadores bons segurarem a primeira posição por bastante tempo, mas existia um sistema de “handcap” que favorecia os que ficavam para trás, gerando competitividade mas com um toque de sorte. Já em Cruisin’ Blast, o sistema de balanceamento é diferente. As pistas possuem um roteiro, com coisas acontecendo a todo momento e alterando o percurso. Estas transições nas pistas, que ocorrem com muita destruição, são interessantes graficamente mas acabam influenciando no gameplay. É possível notar isso caso o jogador utilize o turbo no início da partida ou em momentos de transição, causando pouco efeito já que o jogo quer que você alcance a primeira posição apenas nos momentos finais.
O game conta com multiplayer local de até 4 jogadores, mas não possui um modo online, o que pode gerar um pouco de frustração aos que jogam sozinho, uma vez que o jogo é relativamente curto. Cruis’n Blast também falha na superficialidade dos 4 modos presentes: não há diferença entre eles, apenas uma forma de organizar o número de partidas que o jogador quer fazer de uma vez só.
A performance do game no Nintendo Switch impressiona, tanto no modo docked (1080p) quanto no modo portátil (720p), com gráficos bons para o console. O jogo roda a 60 fps com poucas quedas de frame e entrega aquela experiência divertida que se espera de um Cruis’n. Claro, não é a mesma experiência do fliperama, que tem volante e mais qualidades no geral, mas este é um port muito bem trabalhado. Única coisa que poderiam ter melhorado na versão de console é a poluição sonora, proposital mas que constantemente ofusca a trilha sonora.
Cruis’n Blast renova a franquia com muita adrenalina e velocidade, mas peca pela simplicidade dos modos, gameplay engessado e a falta de um modo online. São pontos importantes que Hot Wheels Unleashed não erra, oferecendo uma jogatina mais completa. Mas caso você tenha simpatia pela loucura automobilistica de Cruis’n e prefira o multiplayer local, esse game com certeza vai te surpreender.