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Espaço, a fronteira final. Chorus traz as viagens da nave Forsaken, em sua missão de defender os humanos que vivem no Enclave do temido Círculo e seu líder, O Grande Profeta. Audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve. Não pense que a citação retirada diretamente de Star Trek e adaptada para a trama do novo título da Deep Silver fica apenas na metáfora, com a exploração e descobertas sendo os principais fatores de uma aventura daquelas na geração atual de videogames.

Obviamente você usará a sua máquina para atirar e guerrear, mas isso é apenas um dos fatores que tem um equilíbrio durante a jornada. A heroína Nara vai ainda além e traz uma trama envolvente, muitas vezes esquecida ou deixada em segundo plano nos jogos do gênero. Vou ser sincero e dizer que minhas expectativas não estavam lá muito altas: esperava que fosse só bombardear e derrubar outras naves, quando ele se mostrou algo superior.

Por mais que ele não brilhe tanto neste fim de ano como outros games, igual Marvel’s Guardians of the Galaxy, Call of Duty: Vanguard e alguns outros, eu recomendo que pare e preste atenção em Chorus. Mesmo que a Forsaken sofra algumas turbulências durante a jornada, você vai encontrar um combustível que te faça seguir em frente para confrontar o grande mal daquela galáxia.

Imagem do review de Chorus
Nara é a protagonista desta aventura, levando um passado tenso

Em uma galáxia muito, muito distante

Em Chorus você comanda a história de Nara, uma mulher que foi criada pelo próprio vilão da história e era sua carrasca. Após destruir um planeta inteiro e ver alguns amigos serem mortos na missão, ela abandona o único que sobreviveu e foge do Círculo. Conseguindo escapar, ela também dá adeus à sua nave e se junta ao Enclave para se camuflar entre os refugiados. Porém, um ataque dos vilões ao local faz ela buscar a Forsaken novamente, mas desta vez para defender os habitantes.

Apesar da protagonista ter um longo arco dentro do jogo, vamos ser sinceros, a maior parte do tempo você estará focado no desempenho da sua nave. A máquina é completa em todos os sentidos, com três níveis de velocidade, formas diferentes de locomoção, armas distintas e até a possibilidade de equipar itens para desenvolver melhor a performance de Forsaken. Isso dá um grande prazer ao jogar, pois cada combate e até mesmo nas perseguições isso te oferece um controle como jamais vi anteriormente.

Além disso, Forsaken não fica preso apenas aos combates, se comunicando diretamente com Nara de acordo com a história e tentando entender o que levou a sua humana a abandoná-lo. A relação de ambos em Chorus é bem construída e acredito que é uma parceria que raramente vemos no mundo dos jogos eletrônicos. Melhor do que a interação de amigos, explorar um relacionamento quebrado entre ex-amigos torna os diálogos e compreensão entre eles bem mais interessante.

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Prepare os propulsores para esta longa viagem

Outro aspecto interessante é a mistura de tudo que expliquei com os quebra-cabeças espaciais. As missões vão desde encontrar objetos ou naves inteiras dentro de uma infinidade de meteoros até o uso da nave para acertar certos pontos de construções em alta velocidade para desbloquear o caminho dos templos. Ou seja, você não precisa ser apenas certeiro no alvo, mas bom de dedução e de agilidade nos controles. Para a sua sorte, Nara tem uns truques que facilitam a vida, mas diria que 60% do trabalho é você que tem de correr atrás.

Falando em missões secundárias, elas vão surgindo conforme avança na aventura e estão espalhadas em vários pontos distintos. No início são tarefas comuns do Enclave, depois que acontecem algumas reviravoltas na história que elas mudam de escala e mostram as consequências dos seus atos. Por exemplo, você começa a aventura enfrentando piratas, até um momento onde a guerra começa contra o Círculo e uma nave deles aparece pedindo socorro. Salvá-los ou não? Sua decisão vai impactar diretamente outros fatores e, apesar de não fazer uma diferença absurda no fim da história de Chorus, no gameplay elas influenciam sim.

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Prepare-se para enfrentar as consequências do que faz

O grande vazio em Chorus

Mesmo sendo uma experiência muito divertida e com um controle impressionante sobre a ação, o título tem algumas falhas que incomodam bastante e farão as pessoas pensarem duas vezes se iniciam a aventura ou não. Uma delas é o tamanho impressionante do mapa. Apesar de ter gráficos belíssimos no PlayStation 5 e vários elementos na tela que permitem interação, tudo isso só guarda grandes espaços vazios que só servem para você passar de 1 a 3 minutos olhando para a sua nave viajando de um lado para o outro.

Sim, caros leitores, terão vários momentos onde você ficará só olhando aquela imensidão e apenas querendo chegar logo no lugar, sem muito sucesso. O único alívio disso foi em um dos pontos, onde você pode apostar uma corrida com outra nave e isso foi legal demais. De resto, essas viagens incomodam e mesmo na velocidade máxima isso vai te abalar em Chorus. Se para você não é um problema, tudo bem, mas se acabar entediado não diga que eu não lhe avisei.

Considerando que entre um ponto e outro, Nara relembra de algumas subtramas e contextualiza a história, até que não torna a coisa de assim todo pior. Pena não poder falar o mesmo dos travamentos que sofri no decorrer da análise. Estava tudo lindo e maravilhoso até a última atualização disponibilizada pela desenvolvedora, que fez questão de travar duas vezes no mesmo trecho em uma sequência longa de batalhas que me fez largar ele de mão por um dia. Não sei vocês, mas sinto que perdi um tempo da minha vida sendo jogado fora e isso não é nada legal.

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É um longo caminho sem nada entre os pontos A e B

Em relação a bugs e glitches, se existiram dentro de Chorus, foram imperceptíveis. Acredito que neste ponto o pessoal da Deep Silver Fishlabs fez um excelente trabalho e entregou um serviço de qualidade. Apenas os travamentos na versão de PS5 que bateram forte em momentos decisivos e desgastaram. Vou ser sincero, tem batalhas que são difíceis de vencer sem um armamento poderoso em seu arsenal, aí quando você está conseguindo a vitória sem isso e com uma performance respeitável o jogo sofre um crash? Poxa, assim quebra qualquer elogio que estava reservado para esta crítica.

Nara não é uma das personagens mais agradáveis e carismáticas que já vi em algum game, porém seu passado trágico e o controle religioso que sofreu desde sua infância justificam o seu sofrimento e apatia. Os personagens secundários e Forsaken conseguem equilibrar isso e tornar a experiência de estar na pele dela em algo mais favorável. Vamos combinar, destruir um planeta com bilhões de vidas e depois refletir sobre isso deve gerar uns traumas que não devem cair bem dentro de qualquer mente.

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O gameplay é excelente, mas falta algo nesse imenso vazio

A trilha-sonora de Chorus é boa, mesmo não sendo algo memorável ou impactante. Tanto os sons da nave, explosões e dos lugares que visita quanto a dublagem estão impecáveis. Isso ajuda bastante a dar um ar vivo à colossal extensão do mapa. Não pessoal, nem ousem colocar aqui nos comentários que não há sonorização no vazio do espaço. Como diz o meme, “sujeito à paulada”.

Mesmo que estes poucos problemas tenham impactado a minha experiência, acredito que durante o lançamento e após a sua chegada possam vir atualizações que corrijam eles e ajustem as coisas. Se incluírem mais coisas para se fazer durante a jornada e resolverem o travamento, acredito que todos poderão aproveitar 100% do que está sendo oferecido em Chorus sem a menor dor de cabeça possível. Ainda que não, se você curte muito o gênero eu te recomendo. Vai encontrar uma abordagem diferente e que vai te surpreender positivamente em vários aspectos.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024